Um filme a acertar o passo com um sentido de performance não narrativa. Mas Gabriel Mascaro quer peripécia, quer intriga e dá-nos pathos.
Em terras de vaquejadas, no interior nordestino, um "vaqueiro" que trata dos bois dos "rodeos", sonha uma existência paralela: ser estilista. É óbvio que o que Mascaro trabalha é a desconstrução dos códigos da masculinidade do cowboy brasileiro. Um trabalho que "documenta" a ficção através de um realismo que vai arrancar leituras ao seu anterior filme, Ventos de Agosto (estreia-se em breve em Portugal).
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Boi Neon é todo ele uma enormíssima alegoria sobre a tensão (tesão...) sexual deste Brasil de hoje, onde os géneros e os papéis são fintados. Um filme pingado e suado de desejo, onde se projeta um maneirismo sensual que encadeia bestas e homens. O que não precisa é de um excesso de "hype" que pode jogar contra si, sobretudo depois da vitória na secção Horizzonti em Veneza e da famosa sessão esgotada no IndieLisbo. Ficamos apenas é com a sensação de que se trata de um objeto à procura do seu processo artístico...
Classificação: ***