A América da década de 1950 está de volta ao cinema de Todd Haynes, eterno discípulo de Douglas Sirk, com o mesmo requinte de Longe do Paraíso (2002). No rasto do romance de Patricia Highsmith, originalmente publicado com o título O Preço do Sal, em 1952, sob o pseudónimo Claire Morgan, Carol é um portentoso retrato de uma relação amorosa entre duas mulheres, de idades e condições socias distintas.
Explorando os cada vez mais difíceis caminhos da "reconstituição de época" - sem que esta se apresente artificial - Haynes não descura nenhum pormenor, antes de mais, começando por filmar em 16mm, para restituir o grão à realidade fílmica. Tudo se concentra, assim, na robustez da visualidade, no modo como o melodrama se converte em algo esteticamente comovente.
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A beleza dos sentimentos, essa, intensifica-se pelo caráter subversivo, dentro do singular contexto social dos fifties. Somos seduzidos, com a mesma energia voluptuosa que existe entre Carol (Cate Blanchett) e a jovem Therese (Ronney Mara). As atrizes, nomeadas para os Óscares, dão a última e essencial camada nesta magnífica pintura.
Classificação *****