Foi Charles Chaplin quem disse que a vida é uma peça de teatro. Conceção idêntica se aplica a mais um dos prodígios de Mizoguchi, agora em reposição: O Conto dos Crisântemos Tardios (1939).
Aqui o grande ecrã é a expressão mais genuína do palco onde as personagens espelham a sua dor, com a tragédia permanentemente colada aos corpos. Centrado no romance entre um ator de teatro Kabuki e uma empregada, que se oferece a qualquer sacrifício pelo êxito do homem a quem tem amor, este é um filme que, também pelo seu delicado labor temporal, nos envolve numa tremenda atmosfera operática.
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Mizoguchi quis sublinhar a carga teatral, estilizar o drama da realidade. Como sempre, é a nobreza humana da mulher que deixa a imagem do homem em ruína. E o facto do ator de Kabuki interpretar sempre uma figura feminina, também tem a sua leitura mizoguchiana...
Classificação: ***** (Excecional)