Anne Machado, general manager, de pernas para o ar colada ao teto de um elétrico.
Anne Machado, general manager, de pernas para o ar colada ao teto de um elétrico.Leonardo Negrão

Ilusões tão reais que até enjoam

Lisboa já tem um Museu das Ilusões, onde nada do que parece é. Aqui vai ver linhas paradas a mexer, bolas estáticas a piscar e até vai ver a flutuar objetos que, na realidade, nem sequer existem.
Publicado a
Atualizado a

Um passadiço metálico num túnel escuro com umas luzes que giram em movimentos circulares constantes é o momento alto do novo Museu das Ilusões, que abriu há dias em Lisboa. O passadiço está parado, bem suportado, mas a sensação de quem percorre aqueles escassos quatro ou cinco metros é de que este se inclina e está prestes a ruir. Graças ao efeito que aquele rodopiar tem no nosso cérebro, acreditamos que está a tombar e agarramo-nos com força ao corrimão para não cair no precipício que (sabemos bem) não existe. A experiência pode ser tão avassaladora que uns minutos depois ainda sentimos aquele enjoo vertiginoso no estômago.

Neste túnel, o efeito de luzes dá-nos a sensação bem real de que o passadiço está a cair.
Neste túnel, o efeito de luzes dá-nos a sensação bem real de que o passadiço está a cair.Leonardo Negrão

Nada que deva assustar aqueles que querem uma experiência divertida e, ao mesmo tempo, educativa, acerca do efeito que a ilusão ótica ou os truques visuais têm no nosso cérebro. Este novo espaço, situado no Chiado, leva-nos numa aventura que baralha os sentidos, que nos faz ver coisas que não existem ou que nos coloca num beco sem saída numa sala de espelhos.

Franchise de um museu que existe em várias cidades por esse mundo fora, o Museu das Ilusões de Lisboa é o 59.º com esta insígnia, nascida em 2015 em Zagreb, na Croácia. A inspiração veio de um programa de televisão, intitulado Brain Games, que mostrava como reagia o cérebro perante certos jogos e experiências. No museu, em vez de nos contarem, podemos experienciar e sentir, desde logo à entrada, quando nos deparamos com uma imagem de Fernando Pessoa - ele próprio criador de ilusões com a escrita através dos seus heterónimos - cujos olhos parecem acompanhar-nos para onde quer que vamos, tal qual a Mona Lisa. Porquê? A explicação está lá descrita, mas tem a ver com a forma côncava daquele olhar, em contraste com a forma convexa do olho normal.

Os olhos de Fernando Pessoa acompanham-nos quando nos movemos Experimente
Os olhos de Fernando Pessoa acompanham-nos quando nos movemos ExperimenteLeonardo Negrão

A viagem pelo museu, que demora cerca de uma hora, prossegue com várias ilusões óticas. “Aqui nada é o que parece”, garante Anne Machado, general manager deste espaço com 600 metros quadrados e 20 instalações interativas. O amarelo é a cor dominante, a fazer lembrar a luz de Lisboa, mas a cidade anfitriã também é recordada num momento em que podemos tirar uma fotografia em que parece que estamos de pernas para o ar, com os pés colados no teto de um elétrico.

Numa outra situação, podemos agigantar-nos perante alguém que parece minúsculo graças a um truque de perspetiva. Noutra ainda podemos ter a ilusão de estar a cair num túnel... E que tal trocar de nariz com quem o acompanha? Pode fazê-lo num jogo de espelhos.

Até ao final do percurso, onde se encontra uma loja com merchandising e brain games para venda, irá deparar-se com vários desafios que lhe vão baralhar o cérebro: vai ver linhas paradas a mexer, bolas estáticas a piscar e até vai ver a flutuar objetos que, na realidade, nem sequer existem.

Os bilhetes de entrada custam entre 12 euros (crianças entre os 4 e os 12 anos) e os 14 euros. Para famílias (dois adultos e duas crianças) custam 48 euros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt