O que são sapatilhas (ou ténis) sustentáveis? A resposta é descomplicada: é um calçado que tem um baixo impacto ambiental, utiliza material reciclável e não utiliza produtos de origem animal. São "amigos" dos animais e do ambiente, portanto. Nesta tendência, há marcas internacionais que estão a ganhar preferência e a conquistar, a passos largos, um lugar à concorrência das outras marcas já estabelecidas há décadas e que ainda não avançaram neste segmento. Como é o caso da Veja (no Brasil chama-se Vert), marca francesa criada em 2005 e que hoje é mundialmente conhecida, sobretudo depois de uma foto em que Meghan Markle surgiu com uns Veja calçados..Em declarações ao DN, a responsável de comunicação da marca, Marie Gadalla, conta que o maior desafio no início foi mostrar que era possível "criar ténis com materiais ecológicos, em vez de plástico. E chegar ao mercado ao mesmo preço que as grandes marcas"..A Veja criou os primeiros ténis feitos com materiais ecológicos, como algodão orgânico ou borracha proveniente da Amazónia, e foi abrindo caminho para outras utilizarem materiais mais sustentáveis..Mas não é só em França (e Amazónia) que existem sapatilhas com materiais sustentáveis. A Zouri, marca portuguesa criada em 2018, é 100% vegan e as suas solas são feitas com plástico recolhido nas praias portuguesas. A marca utiliza para o fabrico dos seus ténis produtos naturais, como algodão orgânico, linho, cânhamo e piñatex, e, desta forma, o couro é substituído através de fibra de folhas de ananás e pele de maçã. De acordo com Nuno Abreu, porta-voz da marca, os materiais "são naturais, mas requerem mais cuidado no seu tratamento, daí ser mais desafiante trabalhar com matérias-primas sustentáveis e orgânicas". Fabricadas em Guimarães, têm como objetivo criar "impacto positivo na comunidade e no meio ambiente e que se consiga limpar o maior número de praias possível", explica Nuno Abreu..Mas há mais made in Portugal, como a portuense Wayz, fundada em 2019. Pedro Maçana, um dos fundadores, explica que os materiais provêm de locais como Ovar, Felgueiras, Lousada e Avintes. "A nossa cadeia de abastecimento está situada num raio de 70 quilómetros em torno do Porto." E os materiais são "70% de borracha. Recuperamos plástico no mar Mediterrâneo e transformamo-lo no fio que dá origem aos tecidos que usamos nas sapatilhas. Ainda usamos linho, lã, látex e fibras de madeira para fazer as palmilhas, que depois são forradas com pele de curtimenta vegetal", explica Pedro Maçana..E o preço? "Como são produzidos em Portugal, o custo de produção torna-as mais caras", refere o responsável da Zouri (com preços entre os 130 e 150 euros). Também a Wayz (com preços entre os 55 e os 140 euros) explica que os materiais usados fazem "encarecer o preço das sapatilhas". Por sua vez, a marca francesa Veja (com preços entre os 90 e 160 euros) discorda, sublinhando que os ténis chegam ao consumidor "ao mesmo preço que as grandes marcas". Estratégias e mercados à parte, será que as novas sapatilhas feitas com componentes recicláveis, vegan e pouca peugada ecológica estão a ganhar passo na vida dos portugueses? A Zouri acredita que sim. "O consumo consciente e responsável será o objetivo central para a nossa humanidade nesta década", reforça Nuno Abreu. Já a Wayz, apelando à consciencialização dos portugueses, diz que "mudar o paradigma do consumo é uma responsabilidade coletiva, de uma comunidade, e não individual"..Por sua vez, a Veja, com a sua projeção internacional, tem um objetivo muito claro, mas que demorará algum tempo, como admite: "Erradicar 100% o uso do plástico." A marca lançou há pouco tempo umas sapatilhas de corrida também com a mesma filosofia..O calçado sustentável e vegan começa a surgir em maior número nas lojas físicas e online. E as novas formas de criação de calçado, desde garrafas recicláveis, utilização de cascas de fruta, pele vegan para criar o couro, até chegar ao mais natural possível, não estão a ficar indiferentes à pegada ecológica dos portugueses e das outras marcas. Ainda recentemente a alemã Adidas lançou uma nova versão de um dos seus modelos mais vendidos, o clássico minimalista Stan Smith, composto 50% de material reciclado..dnot@dn.pt
O que são sapatilhas (ou ténis) sustentáveis? A resposta é descomplicada: é um calçado que tem um baixo impacto ambiental, utiliza material reciclável e não utiliza produtos de origem animal. São "amigos" dos animais e do ambiente, portanto. Nesta tendência, há marcas internacionais que estão a ganhar preferência e a conquistar, a passos largos, um lugar à concorrência das outras marcas já estabelecidas há décadas e que ainda não avançaram neste segmento. Como é o caso da Veja (no Brasil chama-se Vert), marca francesa criada em 2005 e que hoje é mundialmente conhecida, sobretudo depois de uma foto em que Meghan Markle surgiu com uns Veja calçados..Em declarações ao DN, a responsável de comunicação da marca, Marie Gadalla, conta que o maior desafio no início foi mostrar que era possível "criar ténis com materiais ecológicos, em vez de plástico. E chegar ao mercado ao mesmo preço que as grandes marcas"..A Veja criou os primeiros ténis feitos com materiais ecológicos, como algodão orgânico ou borracha proveniente da Amazónia, e foi abrindo caminho para outras utilizarem materiais mais sustentáveis..Mas não é só em França (e Amazónia) que existem sapatilhas com materiais sustentáveis. A Zouri, marca portuguesa criada em 2018, é 100% vegan e as suas solas são feitas com plástico recolhido nas praias portuguesas. A marca utiliza para o fabrico dos seus ténis produtos naturais, como algodão orgânico, linho, cânhamo e piñatex, e, desta forma, o couro é substituído através de fibra de folhas de ananás e pele de maçã. De acordo com Nuno Abreu, porta-voz da marca, os materiais "são naturais, mas requerem mais cuidado no seu tratamento, daí ser mais desafiante trabalhar com matérias-primas sustentáveis e orgânicas". Fabricadas em Guimarães, têm como objetivo criar "impacto positivo na comunidade e no meio ambiente e que se consiga limpar o maior número de praias possível", explica Nuno Abreu..Mas há mais made in Portugal, como a portuense Wayz, fundada em 2019. Pedro Maçana, um dos fundadores, explica que os materiais provêm de locais como Ovar, Felgueiras, Lousada e Avintes. "A nossa cadeia de abastecimento está situada num raio de 70 quilómetros em torno do Porto." E os materiais são "70% de borracha. Recuperamos plástico no mar Mediterrâneo e transformamo-lo no fio que dá origem aos tecidos que usamos nas sapatilhas. Ainda usamos linho, lã, látex e fibras de madeira para fazer as palmilhas, que depois são forradas com pele de curtimenta vegetal", explica Pedro Maçana..E o preço? "Como são produzidos em Portugal, o custo de produção torna-as mais caras", refere o responsável da Zouri (com preços entre os 130 e 150 euros). Também a Wayz (com preços entre os 55 e os 140 euros) explica que os materiais usados fazem "encarecer o preço das sapatilhas". Por sua vez, a marca francesa Veja (com preços entre os 90 e 160 euros) discorda, sublinhando que os ténis chegam ao consumidor "ao mesmo preço que as grandes marcas". Estratégias e mercados à parte, será que as novas sapatilhas feitas com componentes recicláveis, vegan e pouca peugada ecológica estão a ganhar passo na vida dos portugueses? A Zouri acredita que sim. "O consumo consciente e responsável será o objetivo central para a nossa humanidade nesta década", reforça Nuno Abreu. Já a Wayz, apelando à consciencialização dos portugueses, diz que "mudar o paradigma do consumo é uma responsabilidade coletiva, de uma comunidade, e não individual"..Por sua vez, a Veja, com a sua projeção internacional, tem um objetivo muito claro, mas que demorará algum tempo, como admite: "Erradicar 100% o uso do plástico." A marca lançou há pouco tempo umas sapatilhas de corrida também com a mesma filosofia..O calçado sustentável e vegan começa a surgir em maior número nas lojas físicas e online. E as novas formas de criação de calçado, desde garrafas recicláveis, utilização de cascas de fruta, pele vegan para criar o couro, até chegar ao mais natural possível, não estão a ficar indiferentes à pegada ecológica dos portugueses e das outras marcas. Ainda recentemente a alemã Adidas lançou uma nova versão de um dos seus modelos mais vendidos, o clássico minimalista Stan Smith, composto 50% de material reciclado..dnot@dn.pt