A tradição da tecelagem manual combina com o luxo
Esta é uma mala que nasceu a partir das memórias e que mostra toda a mestria e saber de Fernando Rei na arte da tecelagem. O artesão, que há três anos criou uma mala para Christian Louboutin, desenvolveu agora uma outra mala em parceria com a marca portuguesa de luxo Ownever. Pequena, mas de grande valor, ou não fosse o espelho da tradição da tecelagem manual.
Chama-se Gunta e é feita de bioleather (pele com curtimento vegetal e biodegradável) e lã natural. Uma mala que alia a tradição com o luxo. "A tecelagem faz parte da nossa cultura portuguesa, faz parte daquilo em que acredito, no savoir-faire português. Se queremos ter algo para sempre temos de trabalhar com as técnicas e com quem já o faz também desde sempre. A tecelagem manual portuguesa é um excelente exemplo", comenta Eliana Barros, fundadora da Ownever, marca de acessórios, ética e sustentável, feita à mão em Portugal.
"Para mim, sempre foi muito importante valorizar o saber fazer local, e como tal criar todos os produtos localmente", diz. "Todos os nossos fornecedores são portugueses, assim como a matéria prima utilizada é de origem portuguesa. Esse é um cuidado sempre presente quando procuro novos parceiros", acrescenta.
Já conhecia o trabalho de Fernando Rei, um dos últimos a criar tecelagem manual apesar de só se ter tornado artesão ainda nem fez 10 anos. "Passo a vida a cruzar fios baseado no conhecimento que tenho sobre os tecidos, sobre o modo de produzir a indumentária do povo, que consiste na produção de tecidos artesanais, feitos em teares, de forma manual", apresenta-se o tecelão num vídeo de promoção desta mala.
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Claro que o facto de Fernando já ter colaborado com Christian Louboutin "confere um selo de excelência" ao trabalho do artesão, mas, garante a fundadora da Ownever, "não foi esse o principal motivo" para o contratar para desenvolver a mala. "O Fernando é apaixonado pelo que faz e isso reflete-se no seu trabalho e na forma como o materializa", elogia Eliana.
O padrão da mala inspira-se na obra de Gunta Stölzl, "uma das grandes impulsionadoras da arte da tecelagem na escola de Bauhaus, onde antes da sua visão, esta era desvalorizada", explica a criadora.
O resultado é Gunta, uma mala já à venda no site da Ownever por 870 euros, "que nasceu das nossas memórias mais queridas" e que nos remete para uma "época em que o tempo era lento e cada fio era preciosamente tecido durante dias". Uma criação que dá nova vida à tecelagem, que, para Fernando, é "uma arte que se encontra em extinção".