"Portugal tem muita sorte porque tem muitos professores motivados e empenhados"

Vencedor da primeira edição do Global Teacher Prize Portugal, que se mantém entre os 50 finalistas ao "Nobel da educação", garante que não falta talento no país. Edição de 2019 do prémio lançada nesta quinta-feira, em Lisboa

Depois de uma primeira edição que superou as expectativas, com o vencedor nacional a constar, para já, da lista dos 50 finalistas ao prémio mundial, avaliado em perto de um milhão de euros, o Global Teacher Prize Portugal apresentou nesta quinta-feira a sua versão de 2019, no auditório da Secundária Camões, em Lisboa. E Jorge Teixeira, o professor de Física e Química de Chaves que ganhou o troféu em 2018 - e se mantém na corrida ao chamado "Nobel da Educação", defendeu ao DN que não deverão faltar talentos prontos a repetir o seu desempenho, ou até "a fazer melhor".

"O estado português tem muita sorte, porque há muitos professores motivados e empenhados", disse ao DN, não escondendo ainda assim alguma apreensão em relação ao futuro da profissão que escolheu: "Esperemos que isto se mantenha porque, na realidade, o que tenho verificado é que ao longo do tempo o número de alunos que querem ir para professores tem diminuído drasticamente".

Em causa, considera, não está o desprestígio da profissão - que continua a estar entre as mais respeitadas pelos portugueses - mas alguma incerteza em relação às perspetivas de futuro desta carreira.

Promover a Educação através dos bons exemplos

Para Afonso Mendonça Reis, professor assistente da Nova School of Business and Economics e presidente do júri da edição portuguesa deste prémio, o sucesso deste professor de Chaves é o antídoto perfeito para esse sentimento, demonstrando que é possível ter sucesso e ser feliz nesta profissão. E também um incentivo para que a Educação esteja na ordem do dia pelos melhores motivos.

"É um bom resultado para todos nós. Em Portugal tem um efeito positivo e faz-nos sentir que, de facto, temos bom trabalho, temos talento", considerou, acrescentando esperar que sirva também para desafiar "outros professores a candidatarem-se", admitindo que por vezes existe algum pudor em concorrer. "Há toda uma barreira, as pessoas pensam que se calhar não deviam concorrer. O que lhes dizemos é: 'Candidatem-se porque o que acontece no final é termos oportunidade de investir na vossa escola e na vossa comunidade". No fundo, resume

A participação na edição portuguesa, que lhe valeu um prémio de 30 mil euros, permitiu até agora a Jorge Teixeira reunir meios para fazer crescer o projeto de Kits de ciência, fabricados com materiais de baixo custo, que tem usado com sucesso como uma ferramenta de promoção da curiosidade científica e, por arrasto, do sucesso escolar dos seus alunos. A expectativa; à medida que vai também atraindo mais interesse, é levar a ideia a outras escolas da região e, se possível, do país ou mesmo da Europa.

Para já, as suas ideias despertaram muito mais curiosidade do que se atreveria a imaginar até há algum tempo atrás: "Recebi há pouco tempo uma mensagem de um top 10 americano, do Global Teacher Prize de 2015, que me pediu para divulgar um projeto que temos sobre regar [plantas] com humidade do ar. E ela vai levar isso para uma conferência nos Estados Unidos".

Por outro lado, acrescenta, a experiência tem-lhe também permitido confirmar a dedicação de muitos colegas portugueses, de diferentes áreas: "Ainda na semana passada estive em Lisboa, numa mostra nacional, e vi projetos fantásticos. Não ganharam nenhum prémio mas mostram centenas ou milhares de horas de trabalho do professor e dos alunos. Tudo feito de forma gratuita, com materiais extremamente baratos mas que são didaticamente muito eficientes".

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