NASA pode ter registado o primeiro abalo sísmico em Marte

Sinais obtidos pela sonda InSight são semelhantes aos que foram registados na superfície lunar pelas missões Apollo
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A NASA pode ter registado pela primeira vez o "tremor de Marte" - ou seja, um terramoto no planeta vermelho. Numa nota emitida esta terça-feira a agência espacial norte-americana aponta como "provável" que o registo detetado por um sismógrafo se deva a movimentos internos e não à ação de elementos exteriores, à superfície, como o vento. Os cientistas estão agora a examinar os dados para apurar uma explicação definitiva. E divulgaram entretanto um audio com o som do sismo marciano.

O sinal foi registado a 6 de abril, o 128º dia marciano, por um sismógrafo transportado pela sonda InSight da NASA, que instalou aquele instrumento na superfície do planeta através de um braço robótico, a 19 de dezembro de 2018. De acordo com a nota da agência, a comparação dos sinais obtidos agora em Marte com os resultados das missões Apollo na superfície lunar apontam para a possibilidade de se tratar efetivamente de um abalo sísmico. "O tamanho e a duração correspondem ao padrão dos abalos sísmicos na Lua detetados durante as missões Apollo", afirma Lori Glaze, diretor da divisão de Ciência Planetária da NASA.

"Temos vindo a recolher os ruídos e este novo passo lança oficialmente um novo campo: a sismologia de Marte", diz, por sua vez, Bruce Banerdt, investigador principal da missão.

Para já, os dados detetados ainda são insuficientes para fornecer mais indicações sobre o interior de Marte, o grande objetivo da InSight, que procura informação que ajude a perceber a formação e evolução dos planetas rochosos do Sistema Solar.

A própria NASA explica que a superfície marciana é extremamente calma, em contraste com a da Terra, que regista vibrações constantes, resultado do barulho provocado pelos oceanos e pelos elementos climáticos. Um registo como aquele que foi obtido em Marte passaria despercebido num sismógrafo "terrestre". Mas não no planeta vermelho. "Esperámos meses por um sinal como este", diz Philippe Lognonné, geofísico do Institut de Physique du Globe de Paris (IPGP) e investigador principal da missão, que tem uma componente francesa - o sismógrafo que está em Marte foi desenvolvido pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais francês. "É muito estimulante ter finalmente provas de que Marte é sismicamente ativo", acrescentou o cientista.

Ao contrário da Terra, Marte (tal como a Lua) não tem placas tectónicas. Mas um contínuo processo de arrefecimento e contração acaba por ter o mesmo efeito nas camadas interiores do planeta, levando a uma libertação de energia que provoca então os abalos sísmicos.

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