Mulheres vivem mais do que os homens, mas com mais doenças

Em Portugal, como no Norte da Europa, as mulheres vivem muitos anos, mas a partir dos 65 as portuguesas estão mais tempo doentes do que saudáveis, ao contrário das suecas, por exemplo. Um dado a reter no dia em que se assinala o Dia Internacional da Mulher.
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As mulheres que nascem hoje têm todas as probabilidades de alcançar os 84,6 anos, a esperança média de vida à nascença em Portugal para o sexo feminino. Estamos ao nível dos países do Norte da Europa, como a Suécia. Só que neste país as mulheres conseguem atingir quase os 81 anos com uma vida saudável, quando em Portugal não chegam aos 72.

São dados da Pordata, informação divulgada neste domingo para assinalar o Dia Internacional da Mulher, comparando a situação das mulheres e dos homens no panorama europeu. Relativamente à saúde, as estatísticas demonstram que o povo tem toda a razão no ditado popular "Mulher doente, mulher para sempre".

As idosas portuguesas (mais de 65 anos) têm pela frente 15,4 anos com doenças, enquanto as suecas têm uma velhice com melhor qualidade de vida, apenas 5,7 anos em média com problemas de saúde. O que significa que as posições dos dois países se alteram no que diz respeito aos anos de vida saudável. A Suécia regista uma maior percentagem, 15,8 anos, ao contrário de Portugal, apenas 6,7.

Os homens portugueses têm ligeiramente menos problemas, espera-os 7,9 anos de vida saudável (15,4 na Suécia) e 10,4 anos com doenças (3,8 na Suécia).

Neste campo, estamos mais próximos dos Estados membros do Báltico e do Leste, com a Letónia a ter menos anos de vida saudável para os idosos. Mas, nestes países, a esperança de vida das mulheres é da ordem dos 80 anos. A Letónia têm a previsão mais baixa, 79,7 anos para o sexo feminino, menos para os homens.

Aqueles países são os que apresentam uma maior diferença na esperança de vida à nascença. Essa diferença é mais acentuada na Letónia, na Lituânia e na Estónia (9 ou mais anos) e menor nos Países Baixos e na Suécia (3 anos).

Curiosamente neste campo, os países da Europa do sul atingem idades mais elevadas, com o sexo feminino a chegar aos 86,1 anos em Espanha e 85,2 em Itália. Os homens naturais destes dois países também vivem mais, com os italianos a alcançar os 80,8 (tantos anos como os suecos) e os espanhóis, aos 80,6. Os portugueses chegam, em média, aos 79,4 anos.

A esperança de vida mais longa das portuguesas faz que estejam em maioria na população portuguesa em geral, mas não significa que nasçam menos meninos do que meninas, como tantas vezes se ouve dizer. Em 2018, nasceram mais meninos, 44 309 contra 42 711 meninas.

"Por cada 100 raparigas nascem 104 rapazes. Contudo, há mais mulheres que homens a partir do grupo etário dos 25 aos 29 anos. No total, por cada 100 mulheres existem 90 homens", sublinha a Pordata.

Em todos os países da UE, as mulheres estão em maioria na população, com exceção do Luxemburgo, de Malta e da Suécia.

Elas são mais instruídas

Em Portugal, como noutros 13 países da UE, são elas que chegam mais longe nos estudos: em 2018 representavam 54,7% dos doutoramentos e 58,4% dos diplomados no ensino superior.

Os rapazes abandonam a escola mais precocemente: 14,7% dos que têm entre os 18 e 25 anos (8,7% para as raparigas) não concluem o ensino obrigatório no país, o 12.º ano atualmente.

"Em 1992, apenas 20%, quer de homens quer de mulheres, tinham pelo menos o ensino secundário. Em 2017, esse valor sobe para 54,4% entre as mulheres e para 44,8% entre eles", sublinham os técnicos da Pordata. Ainda assim, estamos aquém dos resultados europeus, onde mais de 70% dos homens e das mulheres têm pelo menos o ensino secundário. As exceções são Malta, Espanha e Itália.

Em doutorados, a Letónia tem a maior percentagem de mulheres comparativamente com os homens (61,6%), sendo este Estado a apresentar a maior diferença entre os sexos. A Itália (51,4%) e a Espanha (50,4%) registam uma maior equiparação entre ambos os sexos no que diz respeito aos doutoramentos.

Mas as habilitações literárias não se refletem num bom salário no caso das mulheres, prova-o as estatísticas.

As mulheres têm cada vez mais maior participação no mercado de trabalho, 54,4% da população feminina tem um emprego remunerado, o que coloca o país entre aqueles que têm uma maior taxa de atividade feminina. Mas as remunerações que recebem não têm acompanhado essa evolução

As portuguesas ganham menos 14,5% do que eles, a sétima maior diferença da UE a nível da disparidade salarial, ranking que é liderado por Estónia, República Checa e Alemanha. Os menos desiguais são a Roménia, o Luxemburgo e a Itália.

A diferença salarial é maior se incluirmos subsídios, prémios e pagamentos por horas extraordinárias (ganho médio mensal), as mulheres recebem menos 17,8% do que os homens. Estas disparidades são mais acentuadas nos quadros superiores e nos profissionais altamente qualificados.

E há profissões que continuam a ser maioritariamente masculinas: polícias, professores do ensino superior e deputados. Pelo contrário, há mais educadores e docentes do básico e secundário do sexo feminino. Mas há boas notícias: na medicina, na magistratura e na advocacia, elas anularam o poderio masculino, agora estão em maioria.

As mulheres continuam a ficar em Portugal e a ver os homens partir, como acontecia nos grandes fluxos migratórios do século passado. Atualmente, emigram mais mas representam apenas um terço do total da emigração.

O mesmo não se verifica entre os imigrantes, com as mulheres a suplantar os homens nos últimos anos. Em 1980, os residentes estrangeiros eram, na sua maioria, homens (59,1%); em 2018, são elas que estão em maioria (49,5%).

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