Querem provar que podem mudar o mundo através do seu laboratório, erradicar uma doença autoimune, olhar o cérebro como até aqui a física nunca se atreveu, regenerar partes do corpo humano e descobrir como é que os habitantes do mar estão a responder às alterações climáticas. Joana Cabral, Patrícia Costa Reis, Joana Caldeira e Diana Madeira sonharam com a vida de cientista desde pequenas e têm agora lugar em vários centros de investigação espalhados pelo país - e até pelo mundo. Nesta quarta-feira, são premiadas como as melhores cientistas de 2019 em Portugal na 15.ª edição das Medalhas de Honra L'Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência..Há anos que vários estudos centrados na desigualdade de género apontam as diferenças entre homens e mulheres como uma realidade na maioria dos países europeus. Elas continuam a ser as que mais seguem para o ensino superior, mas, ainda assim, não têm tantas oportunidades de progressão de carreira quanto o sexo oposto para o mesmo tipo de trabalho..Aliás, segundo um estudo da Deloitte, relativo a 2017, só 13% dos cargos de direção das empresas são ocupados por mulheres e Portugal é mesmo um dos piores exemplos, com a menor representação de executivos femininos..Na ciência, a história é um pouco diferente. Portugal está no topo da lista dos países com mais mulheres formadas nesta área, de acordo com um estudo da OCDE de 2018. Números que contrastam com as estatísticas mundiais: em termos globais, a quantidade de mulheres cientistas continua abaixo dos 30%, com apenas 11% destas em cargos académicos superiores e 3% a quem foram atribuídos prémios Nobel de ciência. Foi para contrariar as estatísticas que a atribuição do Prémio Mulheres na Ciência foi criado, em 1998..Desde a primeira edição, subiram ao palco 49 jovens portuguesas entre as 3100 cientistas vencedoras de 117 países diferente. Entre elas estão Elizabeth H. Blackburn e Ada Yonath, ambas galardoadas com o Prémio Nobel da Medicina e da Química em 2009..Agora, é a vez destas quatro investigadoras portuguesas, já doutoradas. Selecionadas entre 70 candidatas, cada uma delas é nesta semana reconhecida com um prémio de 15 mil euros para apoio à investigação com a qual se candidataram..Todas acreditam que a medalha personifica uma inspiração para muitas mulheres em vários países onde a ciência ainda raramente se fala no feminino..A cura para uma das maiores causas de incapacidade em Portugal.Tudo começaria nos dias sentada em frente à televisão a ver a série Era Uma Vez o Corpo Humano, na qual personagens animadas davam lições de biologia aos mais novos que os ouviam do outro lado do pequeno ecrã..Era das poucas vias que Joana Caldeira encontrava para ter resposta a tantos "porquês" semeados na sua cabeça ainda de criança. Nunca lhe faltou a curiosidade pelo mundo ao seu redor, "característica muito importante na ciência", mas principalmente pelo funcionamento do organismo humano..Mas a ciência já circulava no sangue da família há décadas. O seu bisavô, Domingos José Fernandes Júnior, embora não cientista, arrecadara dois prémios em Bruxelas, nos anos 60. O primeiro, em 1963, pela criação de um tecido para marinheiros, idealizado para os proteger da chuva e com poder flutuante. Já o segundo, em 1964, pelo desenvolvimento de um têxtil, apresentado como um sobretudo de duas faces, para a chuva e para o frio. Invenções muito à frente do seu tempo. Inspirada pelo historial familiar e pela curiosidade inata pelos mistérios do corpo humano, o que Joana faria com o seu futuro não poderia ter sido uma escolha mais natural..Na hora de decidir o percurso académico, a cientista de 36 anos surpreendeu a família ao entrar numa universidade privada, a Católica, em Engenharia Genética, mesmo tendo "média tanto para uma instituição pública como para o curso de Medicina", conta. Joana estava decidida a seguir esta área e "o único curso no Porto deste género era ali"..Medicina não era opção - "sempre me deixou nervosa ver pessoas em sofrimento" -, mas ainda assim queria fazer algo com impacto na saúde das pessoas, mesmo que indiretamente. Terminada a licenciatura, seguiu para um projeto de investigação em Sevilha, Espanha, como bolseira; mais tarde aceitou uma outra proposta para doutoramento na mesma cidade, mas acabou por regressar ao Porto quatro anos depois de ter pisado o país vizinho..Foi durante o doutoramento em Biomedicina, já em 2011, que nasceriam as bases para a investigação com a qual concorreu para este prémio. Durante dois anos, dedicou-se à identificação de novos genes associados ao cancro gástrico e, assim que integrou a equipa do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), no i3S, decidiu aplicar os conhecimentos adquiridos para estudar a regeneração dos discos intervertebrais - cuja danificação afeta 70% da população portuguesa e se tornou uma das principais causas de incapacidade em Portugal, segundo a cientista..Seja pelo processo natural de envelhecimento, traumas diversos ou até mesmo predisposição genética, todos podemos sofrer de dor lombar uma vez na vida, "causada frequentemente pela doença degenerativa do disco intervertebral". A investigadora salienta que é uma das condições com maior impacto socioeconómico, não só pelos "milhões de euros gastos para pagar as baixas" como pela falta de produtividade destes doentes, provocada pela incapacidade física, podendo até mesmo resultar no absentismo laboral..Os tratamentos existentes ainda passam essencialmente por medicamentos para controlar a dor ou mesmo fisioterapia. Em casos mais graves, podem usar-se terapias invasivas, como a eliminação de tecido para aliviar a compressão dos nervos. "Mas nenhuma destas terapias é eficaz a longo prazo", explica Joana. Na verdade, só "resolvem por um curto período"..Mesmo a intervenção que recorre a células estaminais não é capaz de curar a doença, pois estas "não conseguem sobreviver no ambiente hostil que é o disco degenerado". Mas a cientista decidiu olhar o problema para além das células. "Como no doutoramento estudei esta parte envolvente das células, quis testar a reconstituição deste ambiente, para que elas consigam sobreviver com um clima mais favorável a que desempenhem a sua função." Isto através da tecnologia de edição genética, a qual designou de CRISPR. E que pode mesmo curar esta doença tão portuguesa..O prémio que Joana recebe nesta quarta-feira e que a coloca entre as quatro melhores cientistas portuguesas de 2019 caiu como uma surpresa, mas não foi a primeira vez que se candidatou. E aqui não resiste em comparar a nomeação tardia com o que a vida como cientista lhe ensinou: "A resiliência que a ciência nos ensina também tem um papel importante. É preciso não desistir para alguma vez conseguir.".Mas confessa que estar nesta profissão e gerir uma vida familiar "é um desafio". E talvez seja a maior diferença entre homens e mulheres nesta área, bem como o principal entrave a que o sexo feminino progrida tanto na carreira como o masculino, acredita. "Sinto que a diferença não reside nas oportunidades que nos são dadas, mas na gestão familiar. Porque a sociedade continua a passar a mensagem de que a responsabilidade familiar maior é da mulher. E, apesar de eu sentir que estamos a mudar e que as tarefas começam a ser partilhadas, a mulher fica sempre mais sobrecarregada", lamenta. Joana, que é mãe de duas crianças, diz saber bem do que fala..Feitas as contas e olhando à sua volta, parece-lhe que há mesmo "mais mulheres do que homens na ciência, neste nível de investigação", mas, "se formos olhar para os quadros hierarquicamente superiores", as mulheres estão em clara desvantagem..A médica que escolheu ser cientista.Patrícia quis ser professora, mas também médica e até cientista. Acabou por ser as três. Há quatro anos juntou-lhes a tarefa de ser mãe de Rodrigo, de 4 anos, e mais tarde, também de Bernardo, com 10 meses..Ao contrário das outras três investigadoras premiadas, Patrícia Costa Reis, 36 anos, não é cientista a tempo inteiro. Na verdade, a ciência é a sua terceira profissão. Não quis ficar pela medicina sem aprender como tudo nasce nos seus doentes. Escolheu ser médica mais do que para passar receitas. Por isso, quando ingressou no internato de pediatria, aceitou a oportunidade de fazer um programa de formação médica avançada da Fundação Calouste Gulbenkian - criado para fazer face à falta de médicos-cientistas que existe em Portugal.."Sempre achei que isto de ser médica implica muitas coisas e uma delas é também participar na produção de conhecimento. Um médico tem de perceber o doente, fazer o diagnóstico, tem de os tratar, mas temos também de saber mais - então, mas esta doença, por que é que existe? E como é que nós a podemos controlar? Quando temos doentes, temos perguntas. Se temos perguntas, temos de passar para o outro lado, utilizando todos os meios à minha disposição na ciência para tentar perceber por que é que as doenças existem e o que posso fazer para as controlar", explica a médica pediátrica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa..Mas ingressar na ciência quando a ocupação principal é a medicina requer muita determinação. "Passamos muitas horas a trabalhar e a sobrecarga tira tempo e vontade para a ciência", explica a investigadora. Por isso é que há "cada vez menos médicos envolvidos na ciência" e "isto é um problema não só nacional, mas mundial"..Recorda as primeiras lições na formação na qual ingressou, onde aprendeu as bases, desde biologia molecular avançada até biofísica e engenharia biocomputacional. Tudo ali era novo. Seis meses de aprendizagem volvidos, seguiu para os Estados Unidos da América para um doutoramento, durante três anos, no Children's Hospital of Philadelphia, um dos hospitais mais antigos do país e o maior centro de investigação de pediatria do mundo. Fez daquele edifício palco para o estudo que valeu o Prémio Mulheres na Ciência 2019, recebido nesta quarta-feira.."Aquilo que eu decidi investigar foi a forma como é controlada a inflamação e a proliferação das células nos rins que são atingidos por uma doença autoimune, o lúpus - em que o nosso sistema imunitário, que é suposto ajudar-nos a defendermo-nos das infeções, ataca o próprio corpo", começa por explicar. Assim, Patrícia dedicou-se a perceber a origem da doença. Durante a investigação, encontrou "uma nova via que leva à proliferação das células nos rins que gera a danificação dos mesmos". "E o que é engraçado é que essa via levou-me à identificação de uma proteína, que sai na urina. Medindo essa proteína na urina, percebemos que conseguimos averiguar se os doentes têm a doença mais ou menos ativa, sem ser necessário recorrer a biópsias", conta..Até à data, era desconhecida a implicação desta proteína no lúpus. A única certeza é que a mesma poderia ser encontrada em doentes com cancro da mama. A conclusão seguinte chegaria naturalmente: "Como para este cancro já existe um medicamento exatamente contra esta proteína, agora a ideia é usar este medicamento para tratar o lúpus." O melhor mesmo é que o produto farmacêutico já é comercializado "e os efeitos adversos são muito melhores do que aqueles provenientes na medicação já utilizada para tratar o lúpus". O que Patrícia quer agora descobrir é o quão eficaz pode ser esta solução, que pode significar uma nova forma de tratamento para estes doentes..Foi do outro lado do oceano que nasceu a ideia, mas é aqui, em Portugal, que Patrícia Costa Reis recebe agora o prémio da L'Oreal para a ciência. E foi por este país, que escolheu para ser aquele onde criaria os filhos, que deixou a oportunidade de uma carreira como cientista nos EUA. Atualmente, divide o tempo entre o trabalho na ala pediátrica do Santa Maria, onde integra a equipa de nefrologia e reumatologia pediátrica, aulas na Universidade de Medicina de Lisboa e a ciência, "feita num tempo desprotegido" e pelo qual não é remunerada.."Em Portugal, não há carreira de médico-cientista, por isso os médicos que querem fazer ciência fazem-na no tempo livre. E o tempo livre de um médico é escasso", lamenta. Durante o doutoramento, Patrícia levantava-se às 04.00 e escrevia a tese de investigação até às 07.00, hora em que seguia para o trabalho. "E nem sempre corre bem, nem sempre a ciência traz resultados, por isso é preciso ser muito resiliente", explica..Mas a sobrecarga laboral de um médico não só faz que muitos nem pensem na ciência como um caminho a fazer como torna os que a escolhem bem menos competitivos face aos colegas de outros países. A cientista premiada recorda o quotidiano da equipa de norte-americanos com quem trabalhou como exemplo disso mesmo. "Têm um dia por semana de clínica, em que observam doentes daquela doença que estudam e o resto do tempo estão no laboratório, a investigar a doença, a enviar candidaturas a bolsas, a fazer experiências, tudo com muita tranquilidade. Quando digo como é que é o meu dia-a-dia, eles mal acreditam", conta..Ainda assim, acredita que o esforço deve valer a pena e lamenta que não haja mais espaço nas carreiras médicas para investigação. "Numa equipa com biólogos, físicos e químicos, somos uma mais-valia. Todos juntos conseguimos pensar nas doenças de forma diferente e um médico, com experiência, que conhece muito bem os doentes e a evolução da doença, consegue direcionar a investigação de uma forma diferente", sublinha..Acima da vida como médica, cientista e professora está a família, da qual garante não abdicar nem por um segundo, mesmo nos dias mais caóticos. Mas confessa que o tempo para cuidar de si deixou de existir há muito tempo. "Já não sei o que é ver televisão e, apesar de gostar imenso de ler, consigo ler apenas um livro por ano. Mas a família é uma prioridade. Tenho consciência de que eles têm orgulho na minha profissão e que apoiam o que faço. E os meus filhos até já perguntam por aquilo que faço, como estão os meninos que eu trato", ri-se..O segredo de tudo, garante, está na motivação: "Continuo a ir para o trabalho muito feliz.".De Oxford para Braga, para estudar um dos maiores mistérios da humanidade."O cérebro sempre me fascinou. É o desconhecido. A física dos últimos anos nunca se atreveu a descobrir." Quem o diz é Joana Cabral, uma das quatro premiadas. Aos 35 anos, guarda no currículo uma licenciatura em Engenharia Biomédica em Portugal e um doutoramento em Neurociência Teórica e Computacional em Espanha, nos quais criaria as bases para estudar a massa cinzenta, um dos maiores mistérios da humanidade..A ciência já consegue medir os sinais que provêm do cérebro, ou com a introdução de elétrodos (normalmente, utilizados em ratos) ou por ressonância magnética (onde é possível ver quais as partes deste órgão que se ativam em resposta a certas tarefas). Mas uma das maiores questões da neurociência é perceber a ligação entre os sinais que se medem com ressonância magnética tradicional e aqueles que se medem com eletroencefalografia, aparentemente muito distintos..Apesar da investigação que já existe nesta direção, ainda não há conclusões. Joana Cabral tem uma ideia: "Do mesmo cérebro, ao mesmo tempo, existem dois tipos de sinais a sair e o objetivo é encontrar a fórmula matemática que melhor descreve a relação entre uma coisa e outra." No fundo, reduzir os sinais complexos num sistema de equações..Para a investigadora, os benefícios deste estudo são claros. "Penso que é óbvio que, ao longo da história, quando se percebe como as coisas funcionam, isso nos ajuda a arranjá-las, curá-las. E, enquanto não percebermos como é que o cérebro funciona, não conseguimos curá-lo quando deixa de funcionar", sublinha.."Na terça estive em Braga, na semana passada na Universidade de Oxford [onde estudou]" - a vida desta cientista não para. Divide os dias entre apoio a alunos em várias universidades internacionais e a investigação que desenvolve atualmente no ICVS (Life and Health Sciences Research Institute), na Universidade do Minho. Mas não esconde o entusiasmo pelo que faz. Cerrando a voz, encrespada pelo entusiasmo, Joana garante que tenciona fazer ciência "até morrer". "Tenho a sorte de ser apoiada financeiramente para continuar a investigar aquilo que mais me intriga e que ultimamente poderá ter alguma utilidade", disse..Tal como Patrícia Costa Reis e Joana Caldeira, esta investigadora é mãe de duas crianças e reconhece que a conciliação do tempo familiar e profissional é um desafio, mas não uma impossibilidade. "Tento otimizar bastante o tempo enquanto estou a trabalhar. Muitas vezes, depois de deixar os miúdos na escola nem almoço, para poder ir buscá-los, dar-lhes jantar e adormecê-los. Para mim, é fundamental. Até porque a ciência é psicologicamente muito exigente. É mesmo preciso fazer um esforço para desligar e a família faz este balanço", explica..Quanto ao prémio que nesta quarta-feira lhe é concedido, Joana Cabral acredita que o significado deste reconhecimento vai além da sua carreira. "Há 30 anos, era realmente muito difícil ver uma mulher subir numa carreira em ciência e hoje pisamos sítios aonde mulheres não tiveram acesso, que durante anos só foram de homens. Em Portugal, acho que estamos a caminhar bem neste sentido, mas há países onde isto se torna mais difícil. Por isso é que eu acho estes prémios tão importantes, mesmo para estas mulheres, de outros países, se inspirarem em outros exemplos.".E, quando o tema é mulheres, recorda imediatamente uma história que viveu de perto: "Fiz um estágio de três meses na Índia, onde tinha uma colega que estava a fazer doutoramento e que a certa altura foi obrigada pelos pais a sair da ciência. Disseram-lhe que ela já não tinha idade para continuar a 'estudar', que já tinha 25 anos e tinha de se casar. Então, deixou o doutoramento e casou-se com um homem que nunca tinha visto e que vivia a 400 quilómetros. Ter mulheres na ciência ainda é muito malvisto por lá.".Salvar o mar de uma sina inevitável.O fascínio pela natureza e pelos seres vivos, aliados a uma curiosidade pelo mar, levaram Diana Madeira, filha de um marinheiro, a ingressar no curso de Biologia na Universidade de Lisboa e, no último ano de licenciatura, a especializar-se no ramo de biologia marinha. Aos 30 anos, é a mais nova das premiadas de 2019 e concorre com um projeto de investigação sobre a plasticidade transgeracional dos invertebrados marinhos às alterações climáticas.."Sempre soube que gostaria de trazer isto para a minha vida e para o meu trabalho", conta a atual investigadora da Universidade de Aveiro..Foi certa deste caminho que Diana continuou a escolher o mar como centro do seu percurso académico. Depois da licenciatura, ingressou num mestrado de Ecologia Marinha, em Lisboa, onde estudaria a tolerância térmica de várias espécies da costa portuguesa. A investigação continuaria no doutoramento em Química Sustentável, desta vez fazendo testes numa espécie específica, a dourada..Mas há perguntas que continuaram sem resposta. Consciente da importância da sustentabilidade dos oceanos para o bem-estar do planeta, Diana Madeira quer agora compreender como é que, ao longo de várias gerações, os organismos marinhos responderam às alterações climáticas que têm pressionado o equilíbrio dos oceanos e a vida nele existente. "O próximo objetivo era uma escala multigeracional: perceber se a exposição dos pais influencia a geração seguinte", explica..Quando estudamos a vulnerabilidade que os organismos marinhos têm às alterações climáticas, acrescenta, "podemos adaptar estratégias de conservação para o meio marinho e perceber quais são as espécies mais vulneráveis, as que precisam de mais proteção e investir em estratégias de conservação"..Diana Madeira revela-se apaixonada pelo que faz e garante mesmo que é um privilégio ser cientista. Pela ciência, tem adiado a possibilidade de ser mãe e, tal como as restantes investigadoras premiadas, diz-se consciente das dificuldades de levar uma vida familiar plena com uma profissional tão exigente. "Não considero que ser mãe seja propriamente um entrave, mas dificulta um pouco mais, porque a ciência não para e os indicadores de produtividade também contam", remata.