Sem carne de vaca nem plástico. U. Coimbra quer liderar a luta contra o carbono

Há alguns meses que a terceira maior universidade do país adotou a compromisso de fazer tudo o que está ao seu alcance para vir a tornar-se "a primeira universidade portuguesa neutra em carbono até 2030". A partir de janeiro, já não será servida carne de vaca nas cantinas.
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Todos os novos estudantes que este ano se matricularam na Universidade de Coimbra receberam um kit de boas vindas diferente do habitual: todo o plástico foi substituído por materiais recicláveis. Esta é uma das várias transformações que a instituição de ensino superior está a implementar no sentido de diminuir a sua pegada ecológica e tornar-se "a primeira universidade portuguesa neutra em carbono até 2030", explica o reitor, Amílcar Falcão, em entrevista ao DN. Das cantinas às salas de aulas, passando pelas residências da universidade, tudo está a mudar.

A mudança já começou há alguns meses, com a promoção de uma construção mais sustentável. "Todos os novos edifícios que estamos a construir são classe A, ou seja, ambientalmente eficientes", explica o representante da instituição. Além disso, já está a ser preparada a instalação de painéis fotovoltaicos e, "progressivamente", toda a iluminação antiga está a ser substituída por leds.

Mas a transformação mais recente foi anunciada esta terça-feira, na mesma semana em que vários novos alunos são recebidos pela primeira vez nas instalações da Universidade de Coimbra. A partir de janeiro de 2020, já não será servida carne de vaca nas refeições das 14 unidades alimentares da instituição, onde todos os anos são consumidas cerca de 20 toneladas deste tipo de proteína. A carne de vaca será substituída "por outros nutrientes que irão ser estudados, mas que será também uma forma de diminuir aquela que é a fonte de maior produção de CO2 que existe ao nível da produção de carne animal".

Até nas próprias residências universitárias do polo as mudanças já começaram a ser sentidas, onde há diretrizes claras para que os alunos procurem um estilo de vida mais amigo do ambiente. "Temos uma política própria nas nossas residências ao nível da promoção da reciclagem (com a colocação de ecopontos) e da sensibilização para os desperdícios alimentares", explica Amílcar Falcão.

Entre as medidas ambientalistas que estão a ser aplicadas está a abolição do plástico, substituído "maioritariamente por materiais de metal", da conservação dos alimentos nas cantinas às ferramentas utilizadas nas salas de aula e gabinetes.

Não só de cortes se faz esta mudança. O reitor da universidade conta que todos os estudantes estão também convidados a aderir ao programa "UC Plantas", através do qual podem "cuidar de uma árvore durante um tempo, num vaso, enquanto tiver uma dimensão compatível com o ambiente doméstico" e depois reflorestá-la em espaços verdes da região.

Amílcar Falcão explica que é um objetivo da universidade "cumprir com aquilo que também é o objetivo da agenda 2020/2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)". "Se até lá não conseguirmos deter a degradação ambiental, dificilmente conseguiremos fazê-lo no futuro. O nosso pensamento é que temos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para que as futuras gerações não venham a sofrer pelos comportamentos negativos que as gerações que as antecederam tiveram. Portanto, como universidade, entendemos que temos de dar o exemplo aos nossos estudantes, que são jovens atentos a esta realidade, e enviar sinais à comunidade em geral", disse, em entrevista ao DN.

O representante da instituição revela ainda que estão a ser estudadas "alternativas ao acesso aos polos da universidade", para reduzir a poluição automóvel circundante.

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