Todos os hospitais públicos passam a avaliar a alimentação dos doentes internados

Cerca de 115 mil portugueses internados precisam de nutrição clínica. Projeto iniciado em abril e alargado a todos os hospitais esta sexta-feira pretende fazer um diagnóstico precoce destas situações com o objetivo de melhorar "a qualidade de vida dos doentes".
Publicado a
Atualizado a

Todos os hospitais públicos dispõem a partir desta sexta-feira de uma ferramenta para avaliar o risco nutricional dos doentes internados, uma medida com potencial para abranger cerca de 800 mil doentes por ano, anunciou o Ministério da Saúde.

"A avaliação do risco nutricional é um passo essencial para a implementação de uma estratégia de combate à desnutrição hospitalar, uma condição que se estima que possa estar presente em 20% a 50% dos doentes internados", sublinha o Ministério num comunicado publicado no Portal da Saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, a identificação precoce dos doentes com desnutrição ou em risco é essencial para promover o suporte nutricional adequado à sua recuperação.

"A implementação de uma identificação precoce do risco nutricional irá trazer ganhos em termos de qualidade de vida e na recuperação do estado de saúde, podendo ainda contribuir para reduzir úlceras de pressão" e reduzir custos, uma vez que a desnutrição está associada a internamentos mais longos, afetando sobretudo os mais idosos.

No despacho de 2018 que determinou as ferramentas a utilizar para a identificação do risco nutricional, o Governo afirma que "a desnutrição em doentes internados em hospitais representa um grave problema de saúde que é frequentemente encoberto por outras situações clínicas".

"Trata-se de uma situação que amplifica a necessidade de cuidados de saúde e influência marcadamente a qualidade de vida dos doentes, com elevados custos a nível pessoal, para a sociedade e para o sistema de saúde", adianta.

Também está associada a um aumento do risco de infeções e de outras complicações, e a uma necessidade acrescida de tratamentos hospitalares e de reinternamentos, a um aumento do tempo de internamento hospitalar e a uma maior morbilidade e mortalidade.

A medida arrancou em abril com duas experiências-piloto na Unidade Local de Saúde do Alto Minho e no Centro Hospitalar de Lisboa Central e esta sexta-feira foi "alargada a todas as unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em declarações à agência Lusa em abril, a diretora do Programa Nacional para Alimentação Saudável, Maria João Gregório, afirmou que "é extremamente importante" identificar precocemente estas situações para que a prestação de cuidados nutricionais seja "a mais adequada".

O que se pretende é que os doentes possam ter um plano de cuidados ajustado àquilo que são as suas necessidades e melhorar o seu estado nutricional, disse Maria João Gregório, explicando que se trata de "um procedimento simples" que pode ser aplicado por diferentes profissionais de saúde.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt