O diário, o casaco e outras coisas de Odette Ferreira quando descobriu o VIH tipo 2
O diário científico onde foi escrevendo todos os passos da investigação que culminou na descoberta do vírus VIH/sida tipo 2, em 1985, é uma das raridades desta exposição.
Está também exposto o casaco da farmacêutica onde transportou, de forma muito pouco convencional, a amostra de sangue que levou para o Instituto Pasteur em Paris e a partir da qual seria descoberta uma nova estirpe do vírus da sida: VIH tipo 2.
Mais convencional são o microscópio e o primeiro kit utilizado nas farmácias para o Programa Troca de Seringas, lançado em 1993 por Odette Ferreira. A cientista foi coordenadora da Comissão de Luta Contra a Sida, entre 1992 e 2000.
Estão, ainda, expostos os tubos com as estirpes das bactérias que deram origem ao seu doutoramento sobre as infeções hospitalares.
Odette Ferreira morreu em outubro, aos 93 anos, e outra das suas batalhas foi a luta contra a estigmatização das pessoas com sida. Uma situação que é recriada nesta exposição para que, logo que o visitante entre, perceba o grau de isolamento e de marginalização a que eram sujeitos os doentes seropositivos.
A exposição foi inaugurada ontem, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Contou com testemunhos de cientistas das áreas da microbiologia e imunologia, além da leitura do depoimento da Prémio Nobel de Medicina de 2008, Françoise Barré-Sinoussi, colega de investigação de Odette Ferreira no Instituto Pasteur.
A exposição está patente até 30 de junho, de 2ª feira a domingo, das 10:00 às 19 :00, com entrada livre.