Cientistas identificam o pior ano da História
Uma equipa internacional de cientistas identificou o pior ano em que se viveu na História da humanidade. A descoberta foi possível através da análise a um glaciar suíço.
O grupo de historiadores e de arqueólogos determinou que o pior ano da História foi o ano 536. O professor Michael McCormick, historiador medieval da Universidade de Harvard, disse mesmo à Euronews que "Teria sido assustador estar vivo em 536."
Este foi o ano que deu início a uma terrível sequência de eventos para a humanidade. "Imagine que do nada, na primavera, quando as coisas estão a aquecer de repente o sol ficou encoberto e o seu calor quase desaparceu. Foi o começo de um dos piores períodos para estar vivo", explicou ainda o professor.
Neste ano, uma enorme nuvem cobriu grande parte do mundo e fez as temperaturas caírem durante vários meses.
O trabalho da equipa de McCormick foi publicado na revista científica Antiguidade e teve por base a análise de um núcleo de gelo extraído do Glaciar Colle, nos Alpes Suíços, tendo os pesquisadores conseguido identificar os poluentes em minúsculas partículas vulcânicas e estabelecer que o seu perfil químico era o mesmo que se esperaria de um vulcão na Islândia.
Em 536, uma enorme erupção vulcânica na Islândia expeliu cinzas no hemisfério norte, disse McCormick. "As temperaturas caíram abruptamente o que resultou numa mudança climática que forçou as pessoas a fazerem alguns grandes ajustes no setor da agricultura, nomeadamente a descobrir como teriam de passar a cultivar os alimentos".
Estudos anteriores já tinham detetado um período de escuridão no ano de 536, mas uma técnica de laser permitiu agora fazer uma datação mais precisa.
Christopher Loveluck, professor de Arqueologia na Universidade de Nottingham, outro dos cientistas que liderou o estudo, disse que o ano de 536 resultou de em um "horrendo conjunto de circunstâncias", incluindo fome, baixas temperaturas e surto de peste, forçando as pessoas a mudar a forma como administravam seus recursos.
"O ano de 536 teve um enorme impacto durante grande parte do século VI", referiu.
Por seu lado, McCormick disse que há muito a aprender sobre a história humana dos glaciares. "Aprendemos com o gelo antigo mesmo no coração da Europa", disse o professor.
"Na Groenlândia, pode receber-se um sinal do hemisfério norte. Estamos apenas no começo de nossas descobertas, porque ninguém ainda tinha operado com esta tecnologia a laser."