367 euros por um quarto. As cidades mais caras para universitários
Lisboa, Porto e Coimbra não são só consideradas as três cidades tradicionalmente mais académicas do país. São também as mais caras. Na primeira, a renda média de um quarto é de 367 euros, enquanto na segunda é de 284 e na última de 197. Os dados são da plataforma online de arrendamento Uniplaces, relativamente ao trimestre que antecedeu o início do ano letivo 2018-2019.
O relatório dá ainda conta de que a grande maioria das pesquisas no site, nas três cidades, é por "um quarto privado em casa partilhada com outros estudantes". Mas em Coimbra, com a renda mais baixa entre este núcleo, a procura de propriedade completa é "superior à registada nas cidades de Lisboa e Porto".
E há zonas mais populares em cada uma, normalmente devido à proximidade das instituições de ensino superior ou de uma qualquer rede de transportes. Na capital, por exemplo, Arroios é a mais procurada, seguida da zona do Saldanha e da Alameda. Já no Porto, é em Paranhos, junto ao polo universitário, onde mais se concentram os estudantes. Depois, em Cedofeita e também Bonfim, já mais próximas de outras faculdades não pertencentes ao polo. Em Coimbra, as zonas mais procuradas são Montes Claros, Baixa e Cidral.
Ainda de acordo com os dados divulgados pela Uniplaces, no seguimento de um inquérito realizado junto de estudantes que utilizaram a plataforma, os universitários indicam a proximidade à universidade (15%), ao centro (14%) e aos transportes públicos (15%) como prioridades na hora de escolher um quarto para alugar.
Embora a maioria (86%) admita estar satisfeita com o seu apartamento, aponta como principais reclamações fatores como o preço, o tamanho e a antiguidade do local onde residem.
Segundo os resultados do inquérito feito pela plataforma, a renda ideal para um estudante seria de 300 a 350 euros, já com despesas incluídas.
Na internet, "os anúncios eram poucos", por isso, António Santos, de 18 anos, fez várias viagens de Aveiro até ao Porto ainda antes de receber a confirmação que entrou na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Correu os postes de iluminação e digitou vezes sem conta a imensidão de números de telemóvel impressos em anúncios de papel. Viu "de tudo": quartos baratos, mas em fracas condições; quartos caros com despesas à parte. Até encontrar aquele onde ficará, um T2 partilhado com outro estudante, mesmo junto à Faculdade de Medicina, por 375 euros.
Como o DN noticiou recentemente, o turismo está tirar alojamento a universitários no Porto e em Lisboa. De acordo com os dados da Uniplaces, plataforma online de arrendamento estudantil, apenas 38% dos proprietários dizem preferir alugar apenas a estudantes e 60% admitem alternar entre estudantes e turistas. "Já me tinham avisado", conta António, "ou procurava com antecedência ou quando entrasse na faculdade já não teria quartos nem bons, nem baratos, nem junto à faculdade".
"A oferta é cada vez menor" no Porto e o fenómeno "acontece há sensivelmente três ou quatro anos, depois de ter disparado o boom turístico na cidade", diz o presidente da Federação Académica do Porto (FAP). João Videira explica que as novas plataformas vieram revolucionar e facilitar o alojamento local, "mais atrativo para os senhorios" do que o aluguer a estudantes. "Conseguem fazer numa semana, com um turista, o que fazem com um estudante durante um mês", deixando sem resposta os 35% de universitários deslocados na cidade.
Na Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, os painéis de anúncios que antes eram cobertos de propostas de quartos são agora um vazio na parede. "Cada vez há menos anúncios de casas ou quartos", confirma a vice-presidente Sónia Andrade. E "os que existem oferecem preços muito elevados", acima de 400 euros. Já "os que parecem mais acessíveis não têm despesas incluídas".
No final de agosto, o Ministério do Ensino Superior anunciou mais 595 camas para este ano, de norte a sul do país, no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES). O total de camas passou, assim, de 15 370 para 15 965, com Porto (261) e Lisboa (186) como as regiões mais reforçadas. São seguidas pelo Minho e Trás-os-Montes (34), centro (52), Alentejo e Algarve (44), bem como Açores (18). Mas a oferta continua a ser "claramente insuficiente" face à procura, lamenta a presidente da Federação Académica de Lisboa, Sofia Escária.