Aulas mais tarde significam notas mais altas
Cinco investigadores da Universidade de Washington, Seatle, e dois do Instituto Salk, La Jolia, analisaram o comportamento e desempenho dos estudantes do ensino secundário de Seatle. As escolas deste distrito atrasaram o início da primeira aula das 07:50 para as 08:45 ano letivo 2016/2017.
Acompanharam os alunos antes e depois da implementação do novo horário.
"Houve um aumento na duração média diária do sono dos adolescentes de 34 minutos, associado a uma subida de 4,5% na média das notas dos alunos", concluíram Gideon P. Dunster, Luciano de la Iglesia, Miriam Ben-Hamo, Claire Nave. Jason G. Fleischer, Satchidananda Panda e Horacio O. de la Iglesia. Conclusões publicadas na Science Advances.
O artigo recupera a discussão sobre o número de horas de sono dos adolescentes e como contornar o problema de que estão a dormir menos tendo perdido uma hora de sono por dia nos últimos 100 anos, estudos citados pelos cientistas. Explicam que há razões neurológicas e, também, ambientais, nomeadamente o uso das novas tecnologias.
"A maioria dos adolescentes é cronicamente privada de sono. Uma estratégia para prolongar as horas que dormem é atrasar o horário de início das aulas. Isso permitiria que os alunos acordassem mais tarde sem mudar a hora de dormir, o que é biologicamente determinado pelo ritmo circadiano [o período de 24 horas em que se completam as atividades do ciclo biológico do indivíduo e que controla nomeadamente o sono]. Até o momento, não há dados quantitativos objetivos que mostrem que uma única intervenção, como atrasar o horário de início da escola, aumenta significativamente o sono diário", explicam os cientistas.
Assim resolveram investigar as consequências da mudança de horário em Seatle
Uma das instituições que recomendou a entrada mais tarde nas aulas foi a Academia Pediátrica Americana, isto porque a maioria dos adolescentes dormem menos do que as 8 a 10 horas recomendadas para as suas idades e atividades.
As autoridades dos distrito de Seatle implementaram a medida no ano letivo 2016/2017, passando os alunos a entrar às 08:45 quando nos anos letivos anteriores entravam às 07:50.
Os cientistas acompanharam os alunos do segundo ano do Secundário de duas escolas públicas de Seatle. Mediram os ciclos de sono-vigília usando dispositivos de atividades de pulso na primavera de 2016 (horário antigo) e na primavera de 2017 (horário novo). Sempre os mesmos alunos e com a mesma aula de ciências, sendo que cada estudante usou um "relógio de atividades" e completou um ciclo diário de sono. Utilizaram, ainda, vários testes para avaliar o ritmo circadiano.
O adiamento em 55 minutos da entrada nas atividades escolares resultou em mais 34 minutos de sono diário e também numa melhoria do rendimento escolar, 4,5% em média.
Os cientistas referem que a privação do sono não é apenas prejudicial à saúde, física e mental, mas é também negativo para o desempenho escolar e na consolidação da memória. "Qualquer ação que resulte em maior duração do sono diário deve resultar em melhor desempenho académico". E salientam que o seu estudo é um contributo para estabelecer a relação entre "mais horas de sono e melhor desempenho escolar.