AstraZeneca aponta distribuição da vacina para março. E garante três mil milhões de doses
Para quando uma vacina contra a covid-19? É a questão do momento para a qual ainda não existe uma resposta exata. Nesta segunda-feira, contudo, um responsável da AstraZeneca, laboratório que está a desenvolver uma vacina em conjunto com a Universidade de Oxford, deixou uma mensagem de esperança: "Se tudo correr bem, no final de março de 2021 a vacina estará numa fase avançada de distribuição."
A afirmação é da responsabilidade de Josep Baselga, diretor da área de investigação da AstraZeneca, em declarações feitas à RAC1, portal de notícias da Catalunha. Este responsável acredita que, no início de 2021, a farmacêutica terá prontos três mil milhões de doses de vacinas e acredita que terá autorização para as comercializar.
A AstraZeneca espera mesmo que, até ao final deste ano, "uma, duas ou três" das quatro vacinas que estão em fase de teste comecem a dar resultados.
Para Josep Baselga, o grande problema e a situação mais complicada de gerir será decidir como será feita a distribuição e quais serão os primeiros grupos a receber a vacina. Daí que na sua opinião, apesar de a vacina poder ser aprovada antes, só no final do primeiro trimestre de 2021 estará em "fase avançada de distribuição".
O mesmo responsável assinalou que de momento existem cerca de 175 vacinas em todo o mundo em fases de teste, 35 delas ainda em ensaios clínicos com doentes e dez já na fase de verificação. É precisamente neste grupo que se encontra a AstraZeneca, que trabalha em colaboração com a Universidade de Oxford e que vai garantir à União Europeia pelo menos 300 milhões de doses.
As previsões desta farmacêutica indicam que a vacina seja aplicada em duas doses - a segunda 28 dias depois da primeira. Para Baselga, porém, não se deve obrigar quem não queira a vacinar-se, porque, diz, deve prevalecer "um princípio de liberdade individual".
"A vacina vai ajudar, claro, mas não é a única solução", referiu, adiantando que a AstraZeneca está ao mesmo tempo a desenvolver um tratamento com anticorpos - serão aplicados anticorpos de pessoas que tenham contraído a covid-19 a potenciais doentes. Neste momento existem 16 estudos deste tipo, um deles a dar "bons resultados".
O diretor da AstraZeneca prevê um inverno "horroroso", mas tem esperança de que o verão seja "relativamente normal". "Mas tão cedo não voltaremos à normalidade que tivemos", advertiu. Para este especialista, é absolutamente indispensável que as pessoas cumpram as regras, como a distância social, o uso de máscara e que sejam evitados ajuntamentos de pessoas.
Se assim for, caso sejam cumpridas as regras sanitárias e os testes rápidos sejam feitos em grandes quantidades, é possível que até existir vacina se possa reduzir o risco de contágio. Este mesmo responsável garantiu ainda que, em relação à imunidade, acredita que as pessoas que contraem covid-19 podem ficar imunes entre um e dois anos, e não os seis meses que têm sido noticiados.
Na última semana de outubro, o jornal Financial Times noticiou que a vacina da Universidade de Oxford em colaboração com a empresa farmacêutica AstraZeneca produz "uma resposta imune robusta" em pessoas com mais de 55 anos.
De acordo com a publicação, a vacina produz anticorpos neutralizantes, que bloqueiam partículas estranhas e linfócitos T, um tipo de glóbulo branco que destrói as células infetadas.
Em julho, um ensaio com mais de mil pessoas mostrou que também funcionava com pessoas entre 18 e 55 anos.
Os testes da AstraZeneca foram interrompidos no início de setembro, depois de um voluntário participante no estudo desenvolver um problema sério de saúde, o que exigiu a revisão dos processos de segurança.
Estas interrupções temporárias nos testes de medicamentos e vacinas, contudo, são relativamente comuns. Em pesquisas com milhares de participantes, há a probabilidade de alguns ficarem doentes.