Foi de rosa branca -- que simbolizava “a paz e a ordem” -- que André Ventura, líder do Chega, chegou esta segunda-feira à Rua do Benformoso, junto ao Martim Moniz. Na semana passada, no mesmo local, uma operação policial causou polémica pelo aparato, com vários imigrantes encostados à parede pela PSP..À chegada, o líder do Chega justificou a ação como sendo “em apoio à polícia” e para “contactar com os moradores”. Reiterando que “quem está ilegal tem de sair do país”, André Ventura afirmou que, no que depender do seu partido, aquela zona “vai cumprir regras” e que, “quem não o fizer, terá de arcar com as consequências do Estado de Direito”. Este tipo de ações, disse, devia “acontecer mais vezes”..Caminhando pela rua, Ventura foi ouvindo alguns moradores, e, quando imigrantes lhe tentavam dar rosas vermelhas, recusava, dizendo que “vermelho não. Branco, pela paz e pela ordem”..Mas nem só de oferendas se fez o percurso pela Rua do Benformoso. Houve também quem contestasse a presença de políticos quer esta segunda-feira, quer na semana passada, quando Pedro Nuno Santos, líder do PS, ali esteve. “Isto agora é a rua do populismo”, gritava um morador, ao que o líder do Chega respondeu não ser contra a presença de imigrantes no local, mas ser, sim, contra quem está ilegal. Antes, um casal já chamara “mentiroso” e “aldrabão” a André Ventura, entoando gritos de “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”. A resposta? Gritos de apoio ao Chega, feitos por apoiantes e simpatizantes que acompanhavam a marcha. E houve, ainda, quem dissesse, em direção à comitiva, que “já chega, já chega”..No final, Ventura voltou ao ataque, dizendo que “o problema não é A, B, C ou D, mas sim este microcosmos que se criou aqui. Para a polícia ter feito o que fez, é porque tinha números que indicavam a necessidade de intervenção. Bairros como este só funcionarão com mais polícia”..OSI diz que intervenção cumpriu boas-práticas.O Observatório da Segurança Interna (OSI) considerou que a operação policial nada teve de mal ou desproporcional. “Até ao momento não há indícios de qualquer ilegalidade no seu desenvolvimento”, referiu o OSI, considerando que a estratégia, “fecho da rua e revista de pessoas”, constitui “uma ação comum em diversos pontos do país, incluindo o Martim Moniz”. .O observatório realça ainda que “o cidadão comum não tem a obrigação de conhecer ou compreender os procedimentos operacionais das forças de segurança”, mas “este desconhecimento, por vezes, gera críticas baseadas em interpretações subjetivas dos factos ou, em alguns casos, influenciadas por motivações políticas ou ideológicas”..Já o ministro da Coesão, Manuel Castro Almeida, questionado sobre os eventuais exageros por parte da PSP, afirmou que “há serviços de fiscalização próprios” para fazer a análise e, se for caso disso, agir em conformidade..E sobre a carta assinada por 21 personalidades que acusam o Governo de “ataque ao Estado social e de direito”, o ministro recordou que o Parlamento “pode sempre chamar quem quiser para avaliar” a atuação das forças de segurança. .“Não sou um especialista de segurança para saber se houve exageros ou não. Às vezes há ondas, há modas, e nós temos de ter um caminho certo e um rumo certo. O Governo tem um programa para cumprir e o programa fala expressamente que é preciso reforçar a segurança do país e é isso que nós temos de fazer.”