Costinha

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Na escola, nunca ligou muito às aulas, mas já era louco por futebol. Na estreia na primeira liga, defrontou o clube do coração, o Sporting, e foi expulso. Sagrou-se campeão europeu pelo FC Porto frente ao Mónaco, o anterior clube. Oceano e Maradona foram os seus ídolos.

Formado nas escolas do Oriental, um dos clubes de bairro de Lisboa, Costinha chegou a acumular com Pauleta o feito de ter chegado à selecção sem nunca ter passado sequer pelo segundo escalão do futebol português. Mais, imediatamente antes de se transferir para o FC Porto, era já, em França, capitão do Mónaco.

Mas foi com José Mourinho que atingiu os títulos mais importantes. Venceu a Taça UEFA em 2003, e a Liga dos Campeões e a Taça Intercontinental no ano seguinte, esta última com o técnico espanhol Victor Fernandez . A transferência para o Dínamo de Moscovo (Rússia) trouxe-lhe dissabores e a rescisão foi o passo seguinte. À data da convocatória para o Mundial não tinha clube, o que levantou alguma celeuma sobre a sua condição física. Mas o Atlético de Madrid (Espanha) apressou-se e contratou-o.

Na selecção, é o segundo capitão da equipa juntamente com Pauleta, atrás de Figo . Esteve nos dois últimos europeus mas falhou o Mundial 2002, por opção de António Oliveira.

Se a selecção nacional necessitasse de um representante nas mais altas esferas mundiais, Costinha seria o principal candidato. Alcunhado de 'ministro', Francisco José Rodrigues da Costa é o contrário do protótipo do jogador de futebol. Habitualmente "equipado" de fato e gravata, o antigo morador do bairro de Chelas recusa a ganga e só usa equipamento desportivo nos estágios porque assim é obrigado.

Costinha não teve uma infância fácil devido à zona em que cresceu. Mas tal não se veio a reflectir nos jogos pelo Oriental, o clube onde fez a formação e onde experimentou a sensação do futebol sénior. Aí, recorda João Mendes, seu antigo colega no clube lisboeta, mostrou-se pela primeira vez como um jogador "calmo", que nunca se deixava afectar pelos problemas dentro e fora do campo."Ele funcionava ao contrário da maioria das pessoas do bairro. Era discreto e evitava confusões e saídas à noite. Sempre foi muito profissional e sério, às vezes até demais. Mas já naquela altura ele se preocupava muito com a imagem. Não tinha aquela postura de vestir calças rotas". Já o roupeiro do clube, José Almeida, lembra-se de um atleta "amigo do seu amigo mas já ambicioso". Estávamos em 1995 e os grandes títulos ainda não tinham chegado.

De Marvila ao Mónaco, foi um pequeno voo com escala na Madeira (um ano no Machico e outro no Nacional), primeiro e em Valência, depois, onde lhe foi prometida a equipa...B. Só que o "Chico" do Liceu Dom Dinis não ficou satisfeito com a proposta da equipa do sul de Espanha e o empresário Jorge Mendes, que sempre o acompanhou, colocou-o no Principado. Aí, teve acesso ao estilo de vida com que sempre havia sonhado, mas que a falta de recursos económicos tinha impedido. "Ele sempre teve o sonho de chegar um dia a um grande clube. E trabalhou para isso", refere João Mendes. Da centena de contos mensais auferidos no Oriental até aos milhares de clube francês tinham passado apenas dois anos. Ali haveria de se tornar capitão da equipa e amigo pessoal do Príncipe Alberto II.

Na escola, era fanático por Maradona, mas tinha como ídolo Oceano, ou não fosse também ele um sportinguista assumido, a jogar na mesma posição, a de médio defensivo. "Ele não se preocupava muito com a escola mas sim com o futebol", conta Dora Carvalhas, uma antiga companheira de turma.

O "líder nato", como hoje é tido, acabaria por se notabilizar também pelos golos marcados de cabeça e principalmente pela inteligência demonstrada em campo. "Ele era muito novo e já mostrava qualidades diferentes das dos outros. Não era muito habilidoso mas tacticamente sempre foi um prodígio. Não tinha a capacidade técnica do Luís Carlos (antigo jogador do Benfica), que jogou com ele, mas sempre teve a percepção de onde ia cair a bola. Hoje, finalmente, as pessoas dão valor a jogadores com as características dele. Além do mais, chegou ao topo e conseguiu manter-se por lá", aponta João Mendes para explicar as razões para o sucesso do amigo Costinha.

Costinha é o contrário do protótipo do jogador de futebol. Habitualmente "equipado" de fato e gravata, recusa a ganga e só usa equipamento desportivo nos estágios.

Perfil

Costinha, Médio do Atlético de Madrid

Nasceu em 1 de Dezembro de 1974, em Lisboa

Fez a sua formação no Oriental

Chegou ao Mónaco, de França, sem nunca ter jogado sequer na segunda liga portuguesa

Campeão Europeu e Intercontinental (2004); ainda no FC Porto, venceu a Taça UEFA (2003)

Não gosta de vestir fatos de treino e só o faz nos estágios por obrigação

As confissões do humilde 'ministro' extravagante

No site da Gestifute, de Jorge Mendes, empresário de Costinha desde os tempos do Oriental, o 'ministro' revela alguns dos seus gostos pessoais. Aí confessa a sua admiração por hard rock e pelos Def Leppard, em particular, e pelos actores Robert de Niro e Halle Berry. O seu filme preferido é Braveheart, de Mel Gibson, que confessa já ter visto mais de 20 vezes e o programa de televisão predilecto, Oprah Winfrey Show. Como cidade para viver, escolhe Monte Carlo, onde esteve durante quatro anos. A paixão pelos automóveis de grande cilindrada leva-o a indicar como último luxo a aquisição de um Lamborghini Diablo SV Biturbo, depois de ter concretizado o sonho de comprar um Porsche. Além do futebol, tem como desporto favorito o basquetebol. Nas horas livres, gosta de conversar na Internet com os amigos. O seu número favorito é o 6, precisamente aquele que usa na selecção e que o acompanhou nas suas maiores conquistas a nível pessoal.

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