Video-Cimeira. Restrições de "viagens não-essenciais" deverão ser prolongadas

COVID-19 e as relações com a Rússia e com a Turquia dominam o primeiro dia de debates.

Os 27 voltam esta quinta-feira para a frente dos ecrãs para uma videocimeira, que contará com a participação do presidente norte-americano, Joe Biden, também ele sentado ao computador, do outro lado do Atlântico, a partir de Washington.

O debate atravessará vários temas internacionais, assim como a agenda económica e digital. Mas o encontro será invariavelmente ocupado pela pandemia.

"Intensificar a produção" de vacinas, e "aumentar a disponibilidade" de doses no espaço europeu é a preocupação dominante entre os 27 e vão apelar às empresas que façam chegar mais lotes de vacinas aos países, esperando "mais transparência e previsibilidade de entregas" da parte das farmacêuticas.

De acordo com um documento de trabalho consultado pelo DN, os governos europeus estão de acordo em prolongar "restrições às viagens não essenciais", perante o aumento dos contágios e a descoberta de variantes do coronavírus, em alguns países europeus, incluindo na Bélgica. O país que deveria de acolher a cimeira entra em novo confinamento parcial a partir da próxima semana, com escolas e comércios encerrados.

Na véspera da cimeira, a comissária da Saúde, Stella Kyriakides alertou para a atual situação, com "19 países a relatarem um número crescente de casos, 15 que reportaram um aumento no número de hospitalizações e internamentos em UCI, e oito Estados-Membros com um aumento no número de mortes".

O aumento da taxa de transmissibilidade, que em vários países se encontra "ligeiramente acima" do 1, revela uma "situação preocupante", principalmente com "o aumento do número de variantes nas últimas semanas", apontou a comissária.

Por essa razão, o encontro de líderes decorre em formato de video-imeira coordenada a partir de Bruxelas pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

"A pandemia de covid-19 veio evidenciar ainda mais a razão de ser da nossa transição digital e tornou mais premente a necessidade de uma indústria europeia resiliente", destacou o belga, na carta convite com que habitualmente convoca os representantes nacionais.

"Queremos reforçar a nossa ambição" no âmbito em matéria de comércio digital, com "o objetivo de encontrar o justo equilíbrio entre construir a nossa soberania digital e manter uma economia aberta, assegurando simultaneamente que ninguém fique para trás".

Charles Michel convidou o presidente Norte-Americano para o encontro virtual com os 27. Joe Biden fará uma apresentação dos pontos de vista da nova administração em Washington sobre a futura cooperação com o bloco europeu.

Mais tarde, Michel fará uma breve comunicação sobre os "contactos mais recentes com o presidente Vladimir Putin". A discussão sobre a Rússia ficará agendada para uma próxima cimeira presencial, em que se prevê um "debate estratégico" sobre o relacionamento com Moscovo.

Os 27 vão também discutir a relação com a Turquia, devendo abrir espaço para um nível de cooperação em áreas de interesse comum, como "saúde pública, clima, combate ao terrorismo, e as questões regionais", de acordo com um documento de trabalho consultado pelo DN.

O encontro arranca às 13h00 (12h00 em Lisboa), com a tradicional troca de pontos de vista com o presidente do Parlamento Europeu. De seguida, o primeiro-ministro António Costa dará conta dos trabalhos no âmbito da presidência portuguesa.

Na sexta-feira, está previsto que a videocimeira tenha início às 9h30, refere Charles Michel na sua carta-convite, dando conta de "um debate sobre a agenda económica e digital". Seguir-se-á uma videocimeira do Euro em formato inclusivo - a 27 -, com a presença dos presidentes do BCE e do Eurogrupo "para debater o papel internacional do euro".

Os 27 deverão apontar a necessidade de uma recuperação sustentável, assente na resiliência da economia, como formas de a moeda única continuar a "desempenhar um papel forte a nível internacional". O Mecanismo de Recuperação e Resiliência surge como "essencial", para impulsionar reformas e investimentos na UE, nomeadamente nas áreas prioritárias, como clima e digital.

Os líderes deverão também insistir na necessidade da conclusão da União Bancária, como forma de capacitar a UE para responder "autonomamente" a futuras crises, assegurando "liquidez", "estabilidade" e "resiliência" em matéria financeira.

Da cimeira do Euro sairá ainda a defesa de um setor financeiro digital "mais sólido e inovador", com um pedido para que sejam realizados "trabalhos exploratórios" sobre uma possível introdução do euro em formato digital.

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