Vida em Marte? Sonda europeia pode dar resposta dentro de meses
Sem alarido, a sonda europeia ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) iniciou nesta semana medições sobre o metano em Marte, depois de ter passado os últimos meses a ajustar a sua órbita em torno do planeta. Mas nos dados que a sonda vai recolher durante os próximos meses pode estar a solução para um dos grandes mistérios que envolve o Planeta Vermelho: o da origem do metano na sua atmosfera rarefeita. Em última análise, os dados da ExoMars poderão, finalmente, ser a resposta à pergunta sobre se afinal existe - ou existiu, no passado - vida microbiana em Marte.
Quando a sonda europeia Mars Express detetou pela primeira vez em 2004 a presença de metano na atmosfera marciana, a comunidade científica ficou em êxtase, e é fácil perceber porquê. Na Terra, o metano é um gás sobretudo associado à vida presente e passada. Embora ele também esteja associado a processos geológicos, a maioria do metano na atmosfera terrestre (em cerca de 95%) é o resultado do metabolismo da vida microbiana - e não só.
Por isso, desde que a sua existência foi descoberta em Marte pela primeira sonda europeia enviada ao Planeta Vermelho, a ideia da existência de vida no passado de Marte - e quem sabe, no presente, com a eventual presença de vida microbiana no subsolo - tornou-se uma hipótese mais provável.
Dez anos depois dessa descoberta inicial, o Curiosity, um dos rovers que a NASA enviou para Marte para ali percorrer um trilho e fazer análises à superfície, confirmou também a presença daquele gás no solo do planeta. Sabe-se hoje, que existem flutuações daquele gás na atmosfera marciana, o que significa que ele estará ali a ser produzido por algum processo biológico, ou geológico. É isso que a ExoMars TGO vai agora desvendar e os cientistas da missão esperam ter já uma resposta preliminar dentro de alguns meses.
"Se encontrarmos metano associado a moléculas orgânicas mais complexas, isso será um sinal muito forte de que esse metano de Marte tem uma origem biológica e que está ali a ser produzido, ou foi produzido no passado, por organismos vivos", explica Mark McCaughrean, da ESA, citado no The Guardian. Associado a uma origem biológica, esse metano terá igualmente de conter isótopos de carbono mais leves, em relação aos que estão associados a processos geológicos. No entanto, se associado a esse metano, a ExoMars TGO detetar outros tipo de gases, como por exemplo dióxido de enxofre, então isso indicará que a sua origem é geológica. E, aí, o que segue é ir em busca do fenómeno está na sua origem. Uma coisa é certa: emoção não vai faltar.