Variante Ómicron já representa quase 50% dos novos casos

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge indica que a variante Ómicron regista um "crescimento exponencial". Representava 46,9% dos novos casos de covid-19 na segunda-feira, segundo o relatório sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2.
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A variante Ómicron representava na segunda-feira 46,9% dos novos casos de covid-19 em Portugal, indica relatório sobre a diversidade genética do novo coronavírus SARS-CoV-2 do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), divulgado hoje.

É referido no documento que, desde o dia 6 de dezembro, tem sido identificado "um crescimento exponencial na proporção de casos prováveis, tendo atingido uma proporção estimada de 46,9% no dia 20 de dezembro".

Estima-se que esta semana a variante Ómicron seja a dominante no país. "Os dados obtidos desde o dia 15 de dezembro consolidam a perspetiva de que a variante Ómicron será dominante (maior do que 50%) em Portugal na presente semana (20 a 26 de dezembro), em paralelismo com o cenário observado em outros países como, por exemplo, a Dinamarca e o Reino Unido", lê-se no relatório do INSA.

Na sexta-feira, a ministra da Saúde avançava que a variante representava 20% das novas infeções por SARS-CoV-2. Marta Temido informou ainda que as estimativas indicavam uma prevalência da Ómicron de 50% nesta semana do Natal, valor que aumentava para 80% na semana do final do ano.

O mais recente relatório do INSA sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 refere que, com base nas amostragens aleatórias semanais de âmbito nacional sujeitas a sequenciação do genoma viral, esta variante registou na semana 48 (29 de novembro a 5 de dezembro; análise concluída) e na semana 49 (6 a 12 de dezembro; dados em apuramento) frequências relativas de 1,6% e 2,5%, respetivamente.

"Este resultado sugere uma baixa circulação da variante Ómicron no final de novembro/início de dezembro, em forte contraste com o aumento abrupto de circulação desta variante estimado para os dias seguintes, com base na estratégia de monitorização em tempo real da 'falha' na deteção do gene S", adianta. Segundo o INSA, "o recurso a este critério tem permitido identificar, desde o dia 6 de dezembro, um crescimento exponencial na proporção de casos prováveis, tendo atingido uma proporção estimada de 46,9% no dia 20 de dezembro".

Entretanto, na Madeira, o secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, admitiu que o número de infetados com a variante Ómicron no qrquipélago é indeterminado.

"Em relação àquela situação de termos só um caso, provavelmente não temos só um caso, até porque 30% dos passageiros que chegaram à Madeira desde 1 de julho de 2020, cerca de 200.000, são provenientes do Reino Unido, onde esta variante tem já uma prevalência muito elevada", disse.

E reforçou: "Naturalmente, não será só um caso que possa existir na Madeira porque é uma variante de grande transmissibilidade".

O governante falava após uma reunião com um grupo de empresários do setor da restauração e diversão noturna, no Funchal, na qual participaram também o secretário regional da Economia, Rui Barreto, e representantes da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF).

Pedro Ramos explicou que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge já não tem capacidade para analisar todas as amostras que a região envia, fazendo-o de forma aleatória, pelo que admite a possibilidade de variante Ómicron estar a alastrar-se no arquipélago.

Em 16 de dezembro, autoridades da Madeira reportaram a primeira infeção com a variante Ómicron, um caso importado do Reino Unido, tendo Pedro Ramos afirmado na altura que a situação era "perfeitamente expectável".

Em relação à reunião com os empresários, o secretário da Saúde sublinhou o "reforço do compromisso" no cumprimento das medidas de contenção determinadas pelo Governo Regional, que entraram em vigor em 20 de novembro e obrigam à apresentação de certificado de vacinação e teste negativo antigénio para acesso à maior parte dos recintos públicos e privados.

Pedro Ramos disse que o objetivo é "reforçar a segurança sanitária e continuar a promover e a estimular a economia da Região Autónoma da Madeira", alertando para o facto de o Governo da República se preparar para anunciar novas restrições no período de Natal e fim de ano.

O secretário da Economia, Rui Barreto, afirmou, por seu lado, que a Europa está a enfrentar uma "fase crítica" da pandemia, com vários países a avançar para medidas mais restritivas.

"Nós não queremos isso aqui, nós queremos manter a nossa economia em funcionamento", disse, apelando à "responsabilidade" e ao "compromisso" da população e dos empresários dos estabelecimentos de diversão noturna, onde a "perigosidade" e o "risco de propagação" [do vírus] é maior.

E alertou: "Se tivermos de tomar medidas gravosas, não há mais meios financeiros para acudir [os empresários] da forma que fizemos até há bem pouco tempo".

Rui Barreto indicou que as autoridades vão reforçar a fiscalização no período que decorre até ao fim do ano e manifestou-se satisfeito com o compromisso dos empresários de exigir aos clientes certificado de vacinação e teste negativo, situação quem tem sido descurada pela maioria dos estabelecimentos.

De acordo com os dados mais recentes da Direção Regional de Saúde, o arquipélago da Madeira, com cerca de 250 000 habitantes, regista 1353 casos ativos de covid-19, com 44 doentes hospitalizados, num total de 16 184 confirmados desde o início da pandemia.

A região autónoma sinaliza também 123 óbitos associados à doença.

Com Lusa

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