Uma garrafa com design de Siza Vieira para promover a água da torneira

Água da rede "é de excelente qualidade e muito mais barata", diz o ministro do Ambiente, que reconhece existir dificuldades em passar essa mensagem. Lembra que em 20 anos foram investidos dez mil milhões de euros no setor
Publicado a
Atualizado a

Chama-se Garrafa Siza - Lisbon Soul e é hoje apresentada pela EPAL. É a nova garrafa de água de Lisboa, virada para os turistas e também para os portugueses. O objetivo é afirmar a excelência da qualidade da água da cidade de Lisboa, oferecendo um objeto com um design exclusivo concebido pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira. É o caminho certo, disse ao DN o ministro do Ambiente que apela aos municípios e empresas para apostarem mais na venda de garrafas para transportar água da rede pública.

"A portabilidade é a grande vantagem da água engarrafada. É importante que as empresas e as autarquias que vendem água da torneira tenham a capacidade de fazer garrafas como esta da EPAL, que já não é a primeira. São necessárias estas experiências de design. Serve os portugueses e os que vierem a Portugal podem beber água da torneira e até levar uma garrafa, uma belíssima peça de design projetada por Siza Vieira", explicou ao DN Matos Fernandes, que hoje estará presente no lançamento deste produto da EPAL - que custará 50 euros e estará à venda nos hotéis e na EPAL - empresa que já tinha lançado em 2014 a garrafa Fill Forever e tem realizado várias iniciativas de promoção da água da torneira.

O ministro aponta que a qualidade é indiscutível. "Nos últimos 20 anos foram investidos dez mil milhões de euros no ciclo urbano da água, que engloba a captação, abastecimento e o tratamento. Temos hoje milhões de análises feitas ao longo dos anos que mostram que a qualidade da água é excelente em 99% dos casos. Não é boa ou razoável, é excelente", refere o governante que tutela a pasta do Ambiente.

"A água da torneira é mesmo feita para ser bebida", realça Matos Fernandes, com o exemplo do preço a ser mais um fator a ser levado em conta. "Um litro de água engarrafada custa o mesmo que beber um ano inteiro da torneira. Uma garrafa de litro pode custar no mínimo 11 cêntimos, enquanto 1000 litros da EPAL custam 32 cêntimos." O objetivo não é apelar "ao consumo desenfreado de água", mas, diz o ministro, "sabemos que não é a água que se bebe que irá perturbar o equilíbrio do sistema".

Apesar das campanhas já se sucederem há alguns anos, Matos Fernandes concorda que muitos portugueses ainda não estão conscientes da excelência da qualidade da água. "O comum das pessoas não tem conhecimento da qualidade da água que tem na torneira. Falta informação às pessoas. É preciso criar uma relação de cliente. As empresas que fornecem água são obrigadas a publicar nos jornais anúncios com as análises à qualidade da água mas ainda publicam anúncios muito institucionais e enfadonhos", aponta.

Portugal tem atualmente 95% do país com água canalizada, "o que cumpre muito bem os objetivos", diz Matos Fernandes, com a taxa de tratamento de esgotos a ser mais baixa, 80%, o que significa ser uma área em que há ainda trabalho a fazer. Tal com na gestão da água entre municípios para se evitar que haja desperdício, a chamada água não faturada. "Estão a ser investidos 460 milhões de euros em duas vertentes; uma na área do tratamento, outra na redução da percentagem de água não faturada. É simplista pensar que é apenas por haver canos rotos e condutas velhas. Existem de facto mas o maior desperdício resulta da gestão. A solução passa pela agregação de municípios, sobretudo os mais pequenos."

Num ano em que a seca é preocupante, Matos Fernandes admite que o "problema é grave", embora não ponha em causa o abastecimento de água para consumo humano. "As barragens estão com menos água do que em anos anteriores. A bacia do Sado é a zona mais preocupante. O Alqueva tem muita água para dar mas há ainda ligações por fazer. Na Beira Interior também há preocupação." O ministro garante que a situação está a ser acompanhada ao pormenor e nos próximos dias irá ser definido quais as restrições que poderão avançar, sobretudo a nível agrícola em alguma zonas do país. "Ainda estamos a um mês de a seca poder atingir o expoente máximo", alerta.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt