Israel. Resgate de reféns não travou saída de Gantz.Sábado, dia 8 de junho.Uma operação militar em larga escala no coração da Faixa de Gaza, que envolveu centenas de militares e agentes do Serviço de Segurança Interna de Israel, permitiu a libertação de quatro reféns que estavam capturados pelo Hamas. O feito foi festejado em Israel e elogiado por vários líderes mundiais, mas não ficou isento de críticas, pois da operação, suportada por bombardeamentos que incidiram sobre o campo de refugiados de Nuseirat terão resultado, pelo menos, 210 mortos e 400 feridos, segundo os números avançados pelas autoridades de Gaza controladas pelo Hamas, que falam em 37 mil mortos no enclave palestiniano desde o início do conflito. No próprio sábado, o primeiro-ministro israelita aproveitou para lançar um apelo a Benny Gantz para recuar na intenção de se demitir do governo israelita, que passou a integrar (ainda que sem pasta) logo após o ataque do Hamas de 7 de outubro do ano passado que fez mais de 1200 mortos em Israel. No entanto, dias mais tarde Gantz viria a confirmar a saída, exigindo ainda a realização de eleições antecipadas. “Netanyahu está a impedir-nos de avançar para uma verdadeira vitória. É por isso que deixamos hoje o governo de emergência com o coração pesado, mas sem arrependimentos”, explicou o antigo chefe militar e líder do partido União Nacional..Almog Meir Jan, de 22 anos, foi um dos quatro reféns libertados por Israel. -- Foto: AFP PHOTO / Israeli Army.PS ganha europeias, mas não dá para grandes celebrações.Domingo, 9 de junho.O PS celebrou vitória nas eleições europeias de domingo e com este resultado conseguiu inverter um ciclo de quatro derrotas eleitorais consecutivas (duas regionais na Madeira, regionais dos Açores e legislativas). Foi também o primeiro triunfo de Pedro Nuno Santos enquanto secretário-geral socialista, numas eleições em que apostou forte tanto na escolha do cabeça de lista (Marta Temido) como na reformulação completa da lista de nomes dos candidatos ao Parlamento Europeu. Ainda assim, a vitória permite segundas leituras, que tiram algum gás à festa do partido. Na verdade, o PS acabou até por ficar com menos eurodeputados do que tinha eleito em 2019 (8 contra 9), a diferença de votos em relação à AD foi ainda mais curta (aproximadamente 40 mil votos) do que a que deu o triunfo a Montenegro nas legislativas de março e, além disso, é inquestionável que o país continua virado para a direita (em conjunto, AD, IL e Chega somaram praticamente 50% dos votos dos portugueses). Como o DN adiantou, o resultado obrigou o PS a repensar a estratégia para captar novos eleitores, apontando agora baterias ao centro, pois à esquerda o que se vê, eleição após eleição, é uma erosão continuada do eleitorado (BE, PCP e Livre juntos não chegaram sequer aos 500 mil votos). Na Europa assistiu-se, como esperado, a um crescimento da extrema-direita, mas sem volume suficiente para ameaçar a liderança dos conservadores do PPE. Em Portugal o Chega não teve o resultado esperado, superando por pouco a Iniciativa Liberal, que teve em Cotrim de Figueiredo um candidato forte, com peso político individual, em contraponto com Tânger Corrêa, que nunca conseguiu sair da sombra do líder, André Ventura..A cabeça de lista do PS, Marta Temido, foi a candidata mais votada nas europeias e permitiu a Pedro Nuno Santos a primeira vitória eleitoral como secretário-geral. -- Foto: PAULO SPRANGER/GLOBAL IMAGENS.10 de Junho e um país a duas velocidades.Segunda-feira, 10 de junho.As cerimónias oficiais do Dia de Portugal tiveram lugar, por escolha do Presidente da República, em três das localidades do interior do país que mais sofreram com os incêndios florestais de 2017 – Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Pedrógão Grande. Nesta última, no discurso do 10 de Junho, Marcelo Rebelo de Sousa pediu um “futuro mais igual e menos discriminatório para todas as terras e para todos os portugueses”. A coesão territorial (ou melhor, a falta dela) também foi destacada no discurso de Rui Rosinha, uma das vítimas graves dos grandes incêndios de 2017 nesta região, que fizeram 66 mortos, 253 feridos e destruíram floresta, casas e empresas. O bombeiro defendeu que é necessário uma “séria e verdadeira coesão territorial, social e estrutural, e não apenas medidas em papel sem concretização efetiva”, para dar à região condições que realmente ajudem a fixar mais pessoas no interior: emprego, médicos, mais oferta educativa, redes de transporte público, entre outros exemplos. Os problemas do interior são muitas vezes os mesmos do resto do país, mas na hora de implementar medidas é, quase sempre, dada prioridade aos territórios com maior população, o que, tendo até alguma lógica, vai agravando o fosso da desigualdade e dando corpo a um Portugal a duas velocidades. E esse é um problema que não se resolve com discursos..Durante as comemorações oficiais do 10 de Junho, Marcelo apontou a um país “menos discriminatório para todas as terras”. -- Foto: PAULO NOVAIS/LUSA.CR7 mostra boa forma e passa a barreira dos 900 golos.Terça-feira, 11 de junho.Portugal encerrou da melhor maneira os jogos de preparação para o Euro 2024, com uma exibição convincente frente à Irlanda, em Aveiro, e um triunfo por 3-0 que ajudou bastante a atenuar a má imagem deixada sábado, no Jamor, quando foi derrotado pela Croácia (1-2). “Crescemos juntos. Ver todos os jogadores de campo a executar a mesma ideia não é fácil, mas mostrámos foco e união de equipa, com um desempenho completo”, analisou o selecionador, Roberto Martínez, após a partida com os irlandeses. Mas o grande destaque da noite foi mesmo Cristiano Ronaldo. O capitão português regressou ao onze, fez todo o jogo e selou o resultado final com dois excelentes golos. O bis de Ronaldo permitiu ainda ao avançado ultrapassar a extraordinária barreira dos 900 golos de carreira, 130 ao serviço da seleção nacional (78 destes marcados já depois de festejar o 30.º aniversário). Aos 39 anos, CR7 prepara-se para disputar a sexta fase final de um Europeu (outro recorde) e entra na competição como titular indiscutível na equipa portuguesa, salvo alguma surpresa de última hora. A estreia de Portugal é já na próxima terça-feira (20h00), em Leipzig, frente à República Checa. Ao contrário do que aconteceu em 2016 em França, quando a seleção conquistou o Europeu, desta vez Portugal entra em prova na Alemanha integrando claramente um lote restrito de favoritos à vitória final. Mas, ainda assim, Ronaldo meteu água na fervura lembrando o básico: “Sonhar é grátis. Portugal tem de sonhar, pelo talento que tem, mas sem trabalho não adianta nada.”.Ronaldo bisou em Aveiro e deu excelentes sinais antes do arranque do Euro 2024. -- Foto: MIGUEL PEREIRA/GLOBAL IMAGENS.República Portuguesa: um logótipo em obras.Quarta-feira, 12 de junho.O dia começou com uma trapalhada do governo, que, aparentemente, teria sido fácil de evitar, numa quarta-feira que prometia ter sido agitada no departamento de informática de São Bento. Durante várias horas o logótipo oficial que encabeça a página do portal do governo esteve visível sem esfera armilar, quinas e escudo, naquela que será a sua versão iconográfica, otimizada para ecrãs mais pequenos. Estaria tudo bem não fosse o facto de esta mudança, no mínimo, contradizer tudo o que Luís Montenegro e Leitão Amaro foram dizendo sobre o assunto. A 2 de dezembro, numa iniciativa do Conselho Estratégico do PSD, o então candidato a primeiro-ministro referiu-se ao logótipo do Executivo de António Costa (que também não exibia os símbolos nacionais) desta forma: “Nós, no nosso projeto, não fazemos sucumbir as nossas referências históricas e identitárias a uma ideia de ser mais sofisticados, connosco não há disso.” Por sua vez, o ministro Leitão Amaro, na primeira conferência do governo após a tomada de posse, fez o seguinte anúncio: “Já tomámos decisões. A primeira foi alterar o logótipo que representa a República Portuguesa, repondo símbolos essenciais da nossa identidade, história e cultura.” No entanto, pouco mais de dois meses após estas declarações, lá reapareceu, em posição de destaque na página oficial do governo, um logótipo sem símbolos... A situação foi divulgada pelo DN e o certo é que, um par de horas após a publicação da notícia, o governo voltou atrás e repôs o logótipo com os símbolos, “para que não se gerasse mais mal-estar e confusão”. Pode é ter sido um pouco tarde demais..A primeira medida do governo foi recuperar os símbolos nacionais no logótipo da República. Mas durante um bom par de horas estes estiveram ausentes do portal oficial do governo. -- Foto: LEONARDO NEGRÃO/GLOBAL IMAGENS.Santo António com festa inédita em Alcântara.Quinta-feira, 13 de junho.Dia de Santo António é manhã de festa rija em Alcântara, o bairro vencedor das Marchas Populares de Lisboa. Esta foi a primeira vez que Alcântara conseguiu triunfar no concurso, no qual participaram este ano um total de 20 marchas, que, no seu conjunto, mobilizaram cerca de 1600 participantes, segundo revelou a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), responsável pela organização da iniciativa, tendo o pódio ficado completo com Marvila (2.ª) e Alfama (3.ª). A Marcha de Alcântara teve a arte da pintura como tema principal e repartiu ainda prémios de melhor coreografia, cenografia e figurino. A festa de Lisboa e o desfile voltaram a chamar largos milhares de pessoas à Baixa da cidade, num sinal de vitalidade da tradição lisboeta e num ano em que as Marchas Populares são candidatas a integrar a lista nacional de Património Cultural Imaterial. O programa festivo dura até final de junho, encerrando com dois espetáculos no Terreiro do Paço, de Tony Carreira (dia 29) e Richie Campbell (dia 30). .Alcântara (e os seus pintores) venceu pela primeira vez as Marchas Populares de Lisboa. -- Foto: CARLOS PIMENTEL/GLOBAL IMAGENS.Alunos sem aulas. “É o problema mais grave”.Sexta-feira, 14 de junho.A meta do governo é ambiciosa e passa por reduzir em 90% o número de alunos que estão sem aulas no final do primeiro período por falta de professores a algumas das disciplinas. Segundo o Ministério da Educação, em setembro, no arranque do ano letivo que está agora a terminar, mais de 324 mil alunos estavam sem aulas a pelo menos uma disciplina e mais recentemente, em maio, ainda eram 22 mil os estudantes afetados. Ontem, durante a apresentação do plano de ação do governo, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, não hesitou em considerar que este “é o problema mais grave do nosso sistema de ensino”, porque “põe em causa o percurso escolar”. A falta de professores atinge todo o território, mas com particular destaque nas zonas de Lisboa e Algarve (que estão também entre as que têm rendas mais caras no país). Já entre as disciplinas mais afetadas estão algumas tão estruturais como Português e Matemática, mas também Informática e Geografia. Como resposta, o governo diz que vai tentar convencer a ficar ou a regressar às escolas docentes que tenham atingido a idade de reforma, oferecendo remuneração adicional, bem como tentar acelerar o reconhecimento das habilitações de professores imigrantes, atrair outros que tenham deixado a profissão para trabalhar noutras áreas e permitir aos que têm redução de horário dar mais aulas extraordinárias. No papel parece tudo certo. Mas a questão que se coloca é: e os professores querem?.Ministro da Educação, Fernando Alexandre, apresentou plano para evitar que alunos fiquem sem professores a algumas disciplinas. -- Foto: TIAGO PETINGA/LUSA.pedro.sequeira@dn.pt