Um italiano de inspiração transalpina com toque português
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Um italiano de inspiração transalpina com toque português

Tem um nome dinamarquês, mas o Sult, que abriu recentemente em Cascais, promete que a comida está no centro de tudo. Num ambiente informal e minimalista.
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É dinamarquesa a palavra que dá nome a um novo restaurante de Cascais, mas esta, em comparação com outras, é fácil de pronunciar: Sult, que se traduz por fome, algo que quem faz uma visita não terá certamente à saída. Trata-se de um espaço de comida italiana de inspiração transalpina com toque português, uma mistura que o chef executivo Nelson Soares, um brasileiro de 52 anos, quer que seja uma viagem gastronómica descomplexada.

“Acho curioso misturar elementos rústicos, industriais, com elementos de conforto, como uma mesa branca, loiça Vista Alegre e bons copos”, comenta. “Olhando de cima, as cores sobressaem, a comida e o vinho são os protagonistas”, justifica.

Foi em Copenhaga, mais precisamente no Mangia, e no minimalismo nórdico que se inspirou para criar o seu primeiro restaurante, experiência que arrancou no Rio de Janeiro, já lá vão quatro anos. Autodidata – trabalhava em análises clínicas - e apaixonado pela cozinha – tinha uma fazenda com criação de carneiros e cozinhava para amigos -, fez do Sult Botafogo um sucesso, vencedor de vários prémios. “Tem fila à porta com hora e meia, duas horas de espera”, afiança, realçando que a fama se fez graças à publicidade boca a boca.

O plano era expandir o negócio e abrir noutras cidades brasileiras mas a vinda do sócio para Portugal mudou tudo. E após três anos a analisar o mercado e a estudar localizações, o Sult abriu portas, afinal, em Cascais, bem no centro, na Rua das Flores, há cerca de um mês. “Como todos os brasileiros, tenho família de origem portuguesa, mas nunca tinha vindo a Portugal. Era uma falha no meu currículo”, assume Nelson Soares. Mas, mal cá veio pela primeira vez rendeu-se. “Sou completamente apaixonado por Cascais. Não quero sair mais”, diz.

Percebeu que não havia na região uma grande oferta de restaurantes italianos genuínos, algo que, garante, se encontra no Sult. “No Brasil, a comunidade italiana abraçou-nos, o consulado italiano adotou-nos”, conta para garantir que em Cascais será igual. “Acredito na pureza da culinária italiana”, afirma. “Aqui pode experimentar uma interpretação contemporânea da rica herança culinária italiana, sem desprezar a relação com os produtos locais”, acrescenta o chef, que se rodeou de uma “equipa de excelência” que lhe permite já não ir para a cozinha. “Dos pratos tradicionais aos mais criativos, como um arancini de alheira [feito com queijo de Azeitão], o que aqui procuro é que o cliente embarque numa viagem gastronómica de forma descomplexada, com aposta principalmente na qualidade e no fator surpresa”, acrescenta.

No Brasil, mistura as cozinhas italiana e brasileira. Em Portugal, dá um toque português, sempre tentando com que cada prato tenha no máximo 5 ingredientes base, para um sabor mais autêntico, com uma “apresentação não rebuscada mas pensada”. E com atenção aos molhos, que “são elementos diferenciadores”. “Não temos preguiça na cozinha”, afiança.

E assim temos na ementa propostas como Lulinhas à gremolata (20€), Spaghetti com Lingueirão (do Sado) e Bottarga (28€), Pappardelle ao Ragu de Porco Preto (24€) ou Arrosto Caprino (28€). Nas sobremesas, há por exemplo Tiramisú al pistacchio (12€) e Torta al limone e basílico (8€).

O projecto e design de interiores é responsabilidade do estúdio de arquitectura de Sidney Quintela, e contempla, por exemplo, uma mesa do chef com 5 lugares e de formato triangular. Com capacidade para 48 lugres, mais 25 na esplanada, e a funcionar, para já, apenas aos jantares, de terça-feira a sábado, o restaurante promete apostar numa carta de vinhos alargada, com cerca de 100 referências, com enfoque nos vinhos naturais e bio-dinâmicos, mas também nos clássicos, bem como nos champanhes. Nesta área a consultoria é da sommelier italiana Julieta Carrizzo, radicada em Portugal.

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