"Um alívio que pode valer muito" a 25 concelhos
É um alívio. E representa muito para um concelho que vive sobretudo do turismo." É assim que o presidente da Câmara de Manteigas vê a inclusão do município na escassa lista dos 25 que neste fim de semana escapam ao recolher obrigatório em Portugal. No norte, no sul ou no interior, a maioria são pequenos municípios, com pouca população residente, mas onde floresceu o turismo e o alojamento local nos últimos anos. E, por isso, o facto de fazerem parte deste "oásis" das medidas restritivas permite garantir não só uma apetecida liberdade de movimentos, como alguma sustentabilidade económica.
No coração da serra da Estrela, o concelho de Manteigas saboreia por estes dias a possibilidade de manter aberta a restauração, o que se reveste de particular importância nesta altura do ano - tal como disse ao DN Esmeraldo Carvalhinho, presidente da autarquia. Ontem 19 casos ativos, num concelho de 3400 habitantes.
"Com a serra cheia de neve, é naturalmente vantajoso para nós que as pessoas possam vir, que a hotelaria e a restauração possam funcionar, uma vez que atingimos este baixo nível de risco", sustenta o autarca, que também conhece o outro lado. "Já estivemos num patamar elevado", recorda, aludindo ao acumulado de 200 casos e sabendo que o concelho já registou perto de 80 casos ativos em simultâneo
Carvalhinho sublinha, no entanto, o papel das entidades locais no controlo destes casos. "Até agora não houve surtos, registaram-se apenas quatro casos num lar. Rapidamente foram isolados e impediu-se que houvesse contágio aos restantes residentes", adianta o autarca, convicto de que tanto a câmara como a autoridade local de saúde têm tido um papel importante. "Tomámos a iniciativa de testar boa parte da população, sobretudo os grupos de risco, na primeira e na segunda vagas. A autoridade de saúde teve a preocupação de isolar os casos positivos, identificar os acompanhantes e conviventes, colocando-os de quarentena ou isolamento profilático, e assim travar as cadeias de contágio".
Esse parece ser, afinal, o segredo, na maioria destes concelhos que agora se apresentam com risco moderado. Mesmo que a exceção deste fim de semana seja encarada com "alguma alegria contida", como disse ao DN o presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo. "Ainda hoje fizemos vários testes num lar de idosos. Estarão todos negativos, mas nunca se sabe", acrescenta o autarca, que ontem contava com 11 casos ativos, numa população que ronda os 7800 habitantes. Também manifesta regozijo pelo facto de ver a restauração e as unidades de alojamento local abertas, "já tão prejudicadas nesta pandemia".
No interior do Algarve, Monchique, com seis mil habitantes, é um dos vários concelhos a sul que escapam ao recolher obrigatório deste fim de semana. Mas o autarca Rui André sabe que o facto de estar vedada a circulação entre concelhos não dá grande margem para satisfação. "Acabamos sempre por ser atingidos indiretamente, pois os nossos concelhos vizinhos estão no rol dos mais atingidos." Desde o início da pandemia, Monchique tem-se mantido praticamente a salvo. À hora em que o DN falou com o presidente, os quatro casos ativos no concelho estavam prestes a ter alta. Rui André frisa que, até hoje, "os poucos casos que tivemos são de pessoas que se deslocaram a unidades hospitalares para consultas ou exames e voltaram de lá infetadas". Para mais, acredita que o ambiente rural e a vivência da população "propicia alguma imunidade".
A lista dos 25 concelhos com risco moderado integra Alcoutim, Aljezur, Almeida, Arronches, Barrancos, Carrazeda de Ansiães, Castanheira de Pera, Castelo de Vide, Coruche, Ferreira do Alentejo, Freixo de Espada à Cinta, Lagoa, Manteigas, Monchique, Odemira, Pampilhosa da Serra, Proença-a-Nova, Resende, Santiago do Cacém, Sardoal, Sernancelhe, Sines, Torre de Moncorvo, Vila de Rei e Vila do Bispo.