Transmissibilidade muito elevada sem impacto na gravidade da doença
Relatório de monitorização da doença revela que o país mantém tendência decrescente em relação ao número de casos e que gravidade é baixa. Na semana de 5 a 11 de abril, foram registados 59 434 novas infeções.
A transmissibilidade do SARS-CoV-2 mantém-se muito elevada, tal como já o tinha afirmado a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, há dois dias, mas o relatório sobre a monitorização da doença, divulgado, sexta-feira ao início da noite, veio comprová-lo.
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De acordo com o relatório, a análise dos diferentes indicadores da epidemia demonstram essa transmissibilidade ao nível do número de novas infeções, embora esteja em tendência decrescente, mas não ao nível da gravidade da doença. O impacto na mortalidade geral é reduzido - não obstante a mortalidade específica de covid-19 se encontrar acima do valor de referência definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), 20 óbitos por milhão de habitante a 14 dias - e a tendência estável, sendo que mais de 90% ocorrem na faixa etária acima dos 80 anos. Dos 145 óbitos, registadas na semana de 5 a 11 de abril, 111 registaram nesta faixa, 22 na faixa dos 70 aos 79 anos e 7 na faixa entre os 60 e os 69 anos.
Quanto à mortalidade específica por covid-19, está em 28,8 óbitos em 14 dias por 1 000 000 habitantes, mantendo-se estável. A mortalidade por todas as causas encontra-se dentro dos valores esperados para a época do ano, o que indica reduzido impacto da pandemia na mortalidade, apesar do valor da mortalidade específica por covid19 se encontrar acima do limiar definido pelo ECDC.
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A mortalidade específica por covid-19 estava na semana de 5 a 11 de abril em 28,8 óbitos em 14 dias por 1 000 000 de habitantes, o que os técnicos consideram uma tendência estável. "A mortalidade por todas as causas encontra-se dentro dos valores esperados para a época do ano, o que indica reduzido impacto da pandemia na mortalidade, apesar do valor da mortalidade específica por covid se encontrar acima do limiar definido pelo ECDC", lê-se no documento.
Em relação ao número de internamentos, estes também se têm mantido estáveis, na ordem dos 1100, dos quais 60 em Unidades de Cuidados Intensivos. Segundo o relatório, o número de pessoas internadas em UCI no Continente revelou uma tendência estável em relação à semana anterior, correspondendo a 23,5% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas.
Sendo a razão entre o número de pessoas internadas e infetadas de 0,15, o que revela também uma tendência estável. Um valor que também é inferior aos observados em ondas anteriores, indicando uma menor gravidade da infeção do que a observada anteriormente. No entanto, o relatório recomenda que "deve ser mantida a vigilância da situação epidemiológica da covid-19 e a manutenção das medidas de proteção individual nos grupos de maior risco e a vacinação de reforço". O mesmo tinha sido já referido também por Graça Freitas.
A transmissibilidade é muito elevada, a tendência decrescente, o que faz com que o sistema de saúde reúna reúna capacidade para acomodar os doentes existente e até mesmo que venha "a registar-se um aumento de procura por doentes com a infeção".
O relatório divulgado refere ainda que o número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 000 habitantes, acumulado nos últimos 7 dias, foi de 577 casos, com tendência decrescente a nível nacional, menos nas regiões do Norte e dos Açores, que não apresentaram qualquer diminuição no número de casos, mantendo uma tendência estável.
No período analisado, de 5 a 11 de abril, portanto com cinco dias de atraso, o R(t) apresentava um valor inferior a 1 a nível nacional (0,94), menos nas regiões do Norte (1,00) e dos Açores (1,02). No entanto, a nível nacional a tendência é decrescente.
Recorde-se, no entanto, que os números diários disponibilizados pela DGS e analisados pela equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa revelam que o número de novas infeções aumentou esta semana em relação à semana anterior e o R(t) também. Segundo referiu Carlos Antunes ao DN, na quinta-feira, o R(t) a nível nacional já está em 1.0, considerando que "são precisos mais uns dias para se observar se este aumento do número de casos tem impacto na incidência".
Neste momento, a linhagem BA.2 da variante Ómicron é claramente dominante em Portugal, estimando-se uma frequência relativa de 94% à data de 11 de abril de 2022. As pessoas com um esquema vacinal completo tiveram um risco de internamento duas a quatro vezes inferior do que as pessoas não vacinadas, entre o total de pessoas infetadas em fevereiro de 2022. Em março de 2022, na população com 80 e mais anos, a dose de reforço reduziu o risco de morte por covid19 em três vezes em relação a quem tem o esquema vacinal primário completo.