Sons pela Cidade levam música a igrejas, templos e palácios de Lisboa
Foto: David Rodrigues

Sons pela Cidade levam música a igrejas, templos e palácios de Lisboa

Este ciclo de oito concertos, com um programa integralmente interpretado pelos músicos da Metropolitana, é pensado para todos os apreciadores de música erudita mas também para quem quer estrear-se neste género musical.
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Aos 19 anos, Franz Schubert iniciou um Trio de Cordas, que nunca completou. Também em jovem Ludwig van Beethoven interessou-se por este formato e compôs os seus três trios Op.9. São estas as notas que se vão ouvir no concerto inaugural da 10.ª edição do festival Sons pela Cidade, que arranca hoje em Lisboa e que se prolonga até 16 de novembro. Com interpretação da orquestra Metropolitana de Lisboa, estes concertos acontecem em oito freguesias da capital, sobretudo em igrejas, mas também num palácio, num templo e até numa biblioteca. Sempre com entrada livre.

Um mês depois de coro e Orquestra Gulbenkian terem levado milhares ao Vale do Silêncio para ouvir música erudita, temos agora uma iniciativa que privilegia espaços de menor dimensão que permitirão a realização de concertos mais intimistas pela Orquestra Metropolitana de Lisboa. O primeiro acontece hoje, às 18h00, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Alcântara. Do programa fazem parte os trios de cordas – violino, viola e violoncelo - Op.9/2 e Op. 9/3 de Beethoven, em que já se “revela um jovem que procura assimilar o estilo das mais importantes referências da época no domínio da música instrumental”, e o D. 471 de Shubert, que “já permitia vislumbrar a irreverência e a inquietude que distinguiam a sua personalidade”.

De Alcântara, o festival salta no dia seguinte até à freguesia do Areeiro para um concerto na Igreja São João de Deus, às 21h00. Aqui, os solistas da Metropolitana interpretarão o terceiro Quarteto de Cordas do Op. 76 de Joseph Haydn e o segundo de Dmitri Schostakovich. 

Igreja São João de Deus, no Arreiro. FOTO Rui Coutinho

“São 55 minutos com muitos bons argumentos”, promete a Orquestra. “A melodia que se ouve repetidamente no segundo andamento do quarteto de Haydn é hoje o Hino Nacional da Alemanha”, realça como curiosidade, esclarecendo que a melodia foi composta com o objetivo de exaltar o poder de Francisco José I, o Imperador da Áustria, durante as guerras napoleónicas.

Alvalade e Benfica são as anfitriãs dos concertos que se seguem nesta primeira parte do Sons pela Cidade. Na Igreja dos Santos Reis Magos, no Campo Grande, vai ouvir-se, no dia 12, às 21h00, o Quarteto N.º 3 de Beethoven, que foi o primeiro dos dezasseis que compôs, e que é alegre e bem humorado. Mas, em contraste, os solistas da Metropolitana, também vão tocar o Quarteto N.º 10 de Schostakovich, conhecido como Quarteto de Dresden por reportar à destruição dos bombardeamentos da Segunda Grande Guerra e que é dedicado às vítimas do fascismo e da guerra.

O contraste entre o violino e o contrabaixo é pretexto para os Solistas da Metropolitana reinventarem os Quadros de uma Exposição, de Modest Mussorgsky, no Salão Nobre do Palácio Baldaya, em Benfica. A atuação está marcada para as 16h00 de dia13 e inclui também cinco das oito peças de uma suíte que Reinhold Glière, compositor natural de Kiev, compôs em 1909. 

Após uma pausa, o festival regressará, desta feita ao Templo Radha Krishna, no Lumiar, no dia 10 de novembro, com um concerto que junta os alunos da Escola Profissional Metropolitana numa orquestra clássica para interpretar criações musicais de Arthur Honegger, André Grétry, Gustav Holst e Beethoven inspiradas pelos sons da natureza.

O Templo Radha Krishna recebe um concerto no auditório. FOTO: Vasco Neves

Nos 30 anos da morte de Fernando Lopes Graça, na Casa do Jardim da Estrela vão ouvir-se, a 14 de novembro, Mornas Caboverdianas, Quatro Peças em Suíte, Geórgicas e Sete Apotegmas.

Fernando Lopes Graça vai continuar a ouvir-se no dia seguinte, na biblioteca de Marvila, já quase na reta final do Sons pela Cidade, mais precisamente o seu Canto de Amor e Morte, num concerto que também levará ao auditório Joly Braga Santos e Armando José Fernandes.

Igreja Madre de Deus, no Museu do Azulejo. FOTO DR

Finalmente, a encerrar o Sons pela Cidade, no dia 16 de novembro, na Igreja da Madre de Deus (Museu do Azulejo) vão ouvir-se obras compostas por Lopes Graça e Schostakovich em 1964, o Quarteto de Cordas N.º1 e o Quarteto de Cordas N.º 10, respetivamente.

A entrada em cada um destes concertos é gratuita, mas está limitada à lotação dos espaços.

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