Costa: "Só não há incêndios se a mãozinha humana não provocar incêndios"

O primeiro-ministro apelou à população para ter uma atitude preventiva nos próximos dias, de forma a evitar incêndios numa altura em que o país está em situação de contingência.
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O primeiro-ministro António Costa salientou esta segunda-feira que o país vai viver condições meteorológicas extremas nos próximos dias e apelou a uma atitude preventiva da parte da população para evitar incêndios.

"Só não há incêndios se a mãozinha humana não provocar incêndios", disse antes de uma visita à sala de operações e comando da Unidade de Emergência de Proteção de Socorro (UEPS) da Guarda Nacional Republicana (GNR).

"Hoje, o país está mais preparado do ponto de vista estrutural [para combater incêndios], mas isso em nada diminui a responsabilidade de cada um. O país pode ter todos os meios do mundo, agora, com estas condições meteorológicas, com temperaturas extremas, com ano de seca extrema, com combustível volumoso e ótimas condições para arder, qualquer descuido desencadeia imediatamente um enorme incêndio", disse António Costa.

António Costa garantiu que os portugueses podem contar com um sistema "bem preparado" para combater os incêndios, mas realçou que "temos de ter em conta que os incêndios não nascem por reação espontânea". "Nascem sempre da ação humana", seja ela deliberada ou não, defendeu.

"Temos hoje uma estrutura mais robusta, temos hoje mais meios aéreos, mas isso não previne os incêndios. Esses são os meios para combater os incêndios. Os incêndios só ocorrem se uma mão humana, voluntariamente ou por distração, os tiver provocado. [...] Somos nós cidadãos comuns e somos nós que temos que fazer este trabalho fundamental para evitar incêndios e evitar que estes homens e mulheres tenham que atuar", vincou.

Apesar da confiança que o país pode ter e tem "naqueles que sabem que darão tudo para o proteger", o primeiro-ministro realçou que isso "não pode significar, em momento algum", que se possa "relaxar nos cuidados" a ter.

O chefe de Governo lembrou aquilo que foi pedido à população durante a pandemia - usar máscaras e manter distanciamento social - para dizer que agora é necessária a mesma atitude de prevenção: não fazer lume ou usar máquinas agrícolas.

Costa defendeu que "todos os dias são críticos", mas realçou que "a partir de amanhã ainda mais".

Questionado sobre os meios aéreos disponíveis para o combate aos incêndios, António Costa vincou que "não é pela existência de meios aéreos que não há incêndios".

"Só não há incêndios se a mãozinha humana não provocar incêndios. Portanto, aquilo que temos que fazer é mesmo evitar o incêndio. Cada um de nós tem que ter o cuidado necessário, como tivemos na pandemia, temos que ter agora para não provocar os incêndios que depois atingem todos", reiterou.

Devido ao risco de incêndios, António Costa cancelou, no sábado, a viagem oficial a Moçambique, onde estava previsto que participasse na V Cimeira Luso-Moçambicana, e que iria realizar-se entre segunda e terça-feira. Em vez disso, desloca-se a Coimbra, Lousã e Viseu para "verificar no terreno a operação e dar visibilidade a todos os recursos e meios para o combate aos incêndios".

Entretanto, a Comissão Europeia disse esta segunda-feira estar a acompanhar com "particular preocupação" a situação em Portugal pelas temperaturas elevadas que aumentam o risco de incêndio, indicando estar disponível para ajuda adicional, além dos mapas satélite e dos meios aéreos já mobilizados.

"Temos estado a acompanhar a situação em Portugal com particular preocupação, nomeadamente no nosso centro de gestão de crises aqui na Comissão. Temos estado em contacto estreito com as autoridades portuguesas", disse o porta-voz da instituição para a área da gestão de crises, Balazs Ujvari.

Falando na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas, Balazs Ujvari referiu que Bruxelas já mobilizou o Programa de Observação da Terra da União Europeia, o sistema satélite Copernicus, para permitir às autoridades portuguesas avaliar melhor a situação no terreno e verificar a dimensão das áreas afetadas, bem como o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, que permite facultar apoio no combate às chamas, como meios aéreos.

"Continuaremos em contacto com as autoridades portuguesas e caso seja necessária ajuda adicional, não hesitaremos em mobilizá-la o mais rapidamente possível", adiantou o responsável.

No domingo, a Comissão europeia mobilizou dois aviões espanhóis para combater os incêndios em Portugal, que acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, anunciou o executivo comunitário.

Portugal e Espanha têm sido afetados por temperaturas elevadas que aumentaram o risco de incêndio, situação que se deverá agravar nos próximos dias.

O Mecanismo Europeu de Proteção Civil envolve todos os Estados-Membros da UE e Islândia, Macedónia do Norte, Montenegro, Noruega, Sérvia e Turquia.

O sistema permite à Comissão Europeia coordenar os pedidos de assistência em situações de emergência em que as capacidades do país estejam sobrecarregadas.

Para a época de incêndios florestais deste ano, a Comissão Europeia financia a disponibilidade de uma frota de combate a incêndios para responder a potenciais deficiências na resposta a incêndios florestais.

Desde a sua criação em 2001, o mecanismo já foi ativado mais de 600 vezes dentro e fora da UE.

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