SNS ajudou mais no estado da saúde e menos na ansiedade
Onde é que o SNS foi mais eficaz? Na qualidade de vida e no estado de saúde, dizem os utentes, que apontam um sucesso mais limitado quando falam da ansiedade e depressão, cuidados pessoais e mobilidade. Os dados fazem parte do estudo Índice de Saúde Sustentável 2016, apresentado ontem na conferência Abbvie/TSF/DN, que contou com a presença do ministro da Saúde. Adalberto Campos Fernandes destacou a redução do número de cuidados de saúde perdidos por causa das taxas moderadoras.
Numa escala de zero a 100, os utentes do SNS deram uma média 71 pontos à eficácia do SNS. Da lista fazem parte nove indicadores, alguns com classificação acima da média. "É o caso do contributo, e acho que isto é muito positivo, do SNS para a qualidade de vida e para o estado de saúde dos cidadãos com índices á volta dos 78, 79 pontos", destaca Pedro Simões Coelho, autor do estudo realizado pela Nova Information Managment School.
Onde o SNS terá sido menos bem sucedido, refere, foi na ansiedade e depressão. "As pessoas consideram que o contributo do SNS para reduzir a sua ansiedade e depressão terá sido de 64 pontos. Também com resultados um pouco mais modestos e abaixo deste índice médio, estão o contributo para a mobilidade, capacidade de realizar cuidados pessoais e produtividade."
Foi a redução do número de cuidados perdidos por causa das taxas moderadoras e a trajetória de sustentabilidade que mereceu destaque do ministro da saúde. "Precisamos que as boas notícias não sejam só uma perceção e que a confiança se comece a materializar em dados concretos. Este estudo mostra que em 2016 entrámos numa trajetória positiva. O estudo indica que mais portugueses acederam ao SNS, que havia o risco de barreiras com taxas moderadoras elevadas que condicionavam o acesso sobretudo dos mais pobres e que as alterações introduzidas por este governo concorreram diretamente para a melhoria do acesso", disse.
Adalberto Campos Fernandes referiu que ainda há um grupo de pessoas a quem as taxas moderadoras e custos com transportes podem ser uma barreira. Questionado sobre eventuais medidas, "estamos a atentos e, se for preciso intervir no próximo orçamento de forma mais diferenciada e qualificada, fá-lo-emos".
Maria de Belém, que participou no debate, lembrou que o SNS "foi considerado a melhor instituição do Portugal democrático". Sobre os cuidados de saúde perdidos, a ex-ministra da saúde referiu que "as incongruências do sistema devem ser resolvidas" e que "ninguém deve ser privado dos cuidados que precisa nem pode não ter acesso por razões económica".
Já Isabel Galriça Neto, deputada do CDS, salientou que gostaria de ter mais dados como a eventual diferença de barreiras no acesso aos cuidados de saúde de quem mora nas periferias ou nos centros urbanos. Sobre a possibilidade de um pacto para a saúde, pedido pelo Presidente da República, disse que "há aspetos na saúde que merecem consenso" e que acredita que estão mais próximos de se conseguir.
Mais exportações
No ano passado, Portugal exportou produtos de saúde no valor de 1411 milhões de euros, superando muitos dos setores associados à exportação nacional. O destaque foi feito pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabra, que no encerramento da conferência Sustentabilidade na Saúde 4.0, destacou o interesse que Portugal está a despertar junto de empresas multinacionais.
"Portugal vive um bom momento económico, com um crescimento acima dos 2%, e com sinais de recuperação que podem ser mais fortes este ano. As exportações subiram e a saúde também esteve presente neste processo com 1400 milhões de euros, superando muitos setores associados à exportação. Em 2008 tinham sido 600 milhões de euros e de 2015 para 2016 houve um crescimento de 16%. Um trabalho feito pelo setor e pelo Health Cluster (associação junta diversos setores da saúde), que trabalharam com as empresas e instituições do governo", disse.
O governante destacou as "muitas oportunidades de exportação com os novos medicamentos licenciados", a importância do turismo de saúde e as várias intenções de investimento estrangeiro. "É um ótimo sinal porque as empresas multinacionais estão a olhar para Portugal como uma porta de entrada para o mercado europeu, para os países de língua portuguesa, para um país com boas condições para produzir produtos sofisticados", afirmou, salientando a qualidade do sistema de saúde como um dos melhores do mundo.