Sindicato conclui que entrevista de José Rodrigues dos Santos a Paulo Raimundo “não cumpriu objetivo traçado”
O PCP considerou que foi alvo de “provocação” por parte do jornalista José Rodrigues dos Santos durante a entrevista da estação pública ao secretário-geral, Paulo Raimundo, sobre as Eleições Legislativas realizada a 24 de março. Cinco queixas chegaram ao Conselho Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas, que deliberou que a entrevista “não cumpriu objetivo traçado”.
Segundo comunicado do Sindicato dos jornalistas divulgado no domingo, "os cinco reclamantes questionam a forma como foi conduzida a entrevista e o facto de ter sido abordado um único tema de política internacional que tinha como designação genérica ‘Legislativas 2025’".
Durante a entrevista, Paulo Raimundo foi questionado várias vezes sobre a posição do PCP sobre a invasão da Rússia à Ucrânia, tendo sido este o tema ao longo dos cerca de dez minutos da entrevista. Para o PCP, aquilo que aconteceu “não foi uma entrevista, foi um exercício de ódio”, tendo anunciado então que iria formalizar queixas junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Comissão da Carteira profissional de Jornalista (CCPJ).
"Consideramos que o facto de ter sido abordado um único tema não contribuiu para o objetivo primeiro de esclarecer o eleitorado, sendo este o motivo que consta de todas as queixas que o CD recebeu", deliberou o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, dizendo ter visionado "repetidas vezes" a entrevista.
"O CD considera que não houve nenhuma irregularidade deontológica na entrevista, mas entende que o resultado final da mesma 'não cumpriu o objetivo traçado', como disse o Diretor de Informação da RTP na resposta que nos enviou", concluiu.
Nas respostas enviadas ao CD, segundo a nota, António José Teixeira defendeu: "Obviamente, era, e é, desejável que outros assuntos tivessem sido abordados, mesmo com tempo limitado, dado inserirem-se num jornal com a duração habitual". O diretor de Informação salientou que a Direção de Informação "respeita a liberdade jornalística, não condiciona perguntas ou limita as perguntas de quem quer que seja a quem quer que seja" e realçou que o objetivo destas entrevistas era o de serem tematicamente abrangentes e de não correrem o risco de se confundirem com debates”.
José Rodrigues dos Santos esclareceu o CD que elegeu o conflito da Ucrânia como tema principal pelos seguintes motivos, segundo o comunicado: “A entrevista em causa decorreu no quadro de uma série de entrevistas com os líderes partidários com representação parlamentar. Esta entrevista específica tinha previsto vários temas. Tendo em conta o impacto do conflito da Ucrânia na atualidade, as importantes decisões relacionadas com este assunto a tomar na próxima legislatura pelo governo e pelo Parlamento que saírem das eleições legislativas 2025, e as persistentes dúvidas sobre a posição do PCP a respeito desse conflito armado, elegi este como tema principal".