"Se for preciso começar a vacinar maiores de 65, o sistema também está preparado para o fazer"

A nova fase da vacinação começou ontem em lares do país. Da lista dos elegíveis, fazem parte os residentes de 3700 lares, independentemente da idade, e os maiores de 80 anos. O coordenador do Núcleo de Apoio à Vacinação, coronel Carlos Penha Gonçalves, diz ao ​​​​​​​DN que esta nova etapa deverá terminar em julho.
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A Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, da Direção-Geral da Saúde, recomendou a toma da quarta dose, ou segunda de reforço, para os maiores de 80 anos e o aumento de casos já fez com que esta fosse antecipada com o "objetivo de melhorar a proteção da população mais vulnerável, face ao atual aumento da incidência de casos em Portugal". Recorde-se que, inicialmente, e segundo foi anunciado pela ministra da Saúde há duas semanas, este processo de vacinação só deveria começar em finais de agosto, princípio de setembro. Mas começou hoje com várias equipas de profissionais de centros de saúde e de unidades locais de saúde a irem a lares para vacinar os residentes. E o coordenador do Núcleo de Apoio à Vacinação Contra a Covid-19, o médico militar Carlos Penha Gonçalves, só espera que a população continue a aderir a esta fase como o fez em relação às outras.

A DGS atualizou a norma da vacinação na sexta-feira para incluir esta 5.ª fase e o processo teve início ontem. De acordo com o coronel Penha Gonçalves, há cerca de 750 mil pessoas para vacinar. "Trata-se da população residente em 3700 lares, independentemente da sua idade, mas por uma questão epidemiológica, e os maiores de 80 anos que vivem na comunidade. E a estimativa é que esta fase fique concluída no fim de julho", destaca ao DN.

Em relação à população dos lares, o processo até pode ser concluído rapidamente, "daqui a três semanas, mas tudo irá depender também do número de pessoas que foram infetadas na última vaga da covid-19, em janeiro e fevereiro, e que têm de respeitar um intervalo de quatro a cinco meses para receber esta dose", sustenta. O médico militar e investigador na área da Bioética do Instituto Ciência da Gulbenkian refere que este processo terá uma fase intensa até meio de julho, que começará a atenuar a meio do mês para caminhar para a fase final.

O segundo processo de reforço da vacinação para os mais idosos começou muito antes do previsto, e numa altura em que já se debate também a administração da quarta dose aos maiores de 65 anos. Fonte da CTV confirmou ao DN não haver ainda qualquer decisão, mas que a evolução da doença está a ser acompanhada e que, como tem sido prática, a situação será tomada se se verificar que "esta faixa etária ficará mais protegida contra a doença grave provocada pela covid-19 no período do outono ou do inverno".

Por agora, tal não se coloca, a menos que, admite, a situação epidemiológica também evolua de tal forma que justifique antecipar a decisão, tal como aconteceu em relação aos maiores de 80 anos devido a nova onda provocada pela variante Ómicron.

Se houver esta necessidade, de vacinar os maiores de 65 anos, será mais de um milhão de pessoas que terão de ser vacinadas. O coronel Penha Gonçalves diz ao DN que "o sistema está preparado para o fazer", argumentando: "O sistema foi preparado com elasticidade suficiente para, no caso de haver nova solicitação, poder responder. Estou completamente convencido que há resposta se houver mais uma nova fase".

Recorde-se que, neste momento, também está a decorrer a vacinação da terceira dose dos infetados em janeiro e fevereiro. São também cerca de um milhão de pessoas. Mas Carlos Penha Gonçalves está ciente da resposta que o sistema montado tem para dar e só espera mesmo que "a população continue a responder como o fez inicialmente", colocando Portugal como um dos países do mundo com maior cobertura vacinal.

Os dados disponibilizados ao DN indicam que 92,1% do total da população já tem o esquema de vacinação completo (duas doses), que 62,4% já tem a terceira dose de reforço (84% da população elegível - também uma das percentagens mais elevadas da Europa) e que 56% da população pediátrica, dos 5 aos 11 anos, também já foi vacinada com as duas doses.

A fase do segundo reforço para os mais idosos e vulneráveis já começou nos lares, mas, durante esta semana, também "já haverá municípios que vão começar a vacinar os idosos na comunidade"´, refere Penha Gonçalves. "Há alguns que já começaram hoje a ser agendados, mas temos de dar dois a três dias para que possam responder, mas entre quinta e sexta-feira vão começar a ser vacinados".

Por agora, e segundo referiu ao DN, ainda é o Núcleo de Apoio à Vacinação Contra a Covid-19, composto maioritariamente por militares, que vai estar à frente da quinta fase da vacinação, mas, "depois, logo se vê", reforçando, de novo, que "o sistema está preparado" para continuar.

Neste momento, Portugal é dos países que já está a cumprir a recomendação feita há duas semanas pelo Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, sigla inglesa), porque, justificava a DGS em comunicado, "a evidência científica tem vindo a sugerir que a vacinação com uma segunda dose de reforço apresenta benefício na prevenção de doença grave, hospitalização e morte, em grupos populacionais com 80 ou mais anos".

De acordo com os dados sobre a evolução da doença, o aumento de casos tem vindo a ser registado em todas as faixas etárias, com maior incidência nas faixas mais novas, mas as mortes estão a ocorrer acima dos 70 anos e com maior incidência no grupo acima dos 80, cerca de 95%.

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