Sanções do Reino Unido a Abramovich não se aplicam em Portugal

Oligarca russo dono do Chelsea, que tem cidadania portuguesa desde abril de 2021, não vai perder a nacionalidade nem ser alvo das sanções decretadas pelo Reino Unido em Portugal.
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As sanções aplicadas nesta quinta-feira pelo governo britânico ao oligarca russo Roman Abramovich, dono do Chelsea que é cidadão português desde o ano passado, não se aplicam fora do Reino Unido e não irão levar Portugal a cancelar a cidadania concedida ao empresário russo - as sanções contra oligarcas russos aplicadas pela UE não incluem a perda de nacionalidade.

A garantia foi dada ontem à agência Reuters pelo Ministério da Justiça português, numa posição justificada pelo facto de o Reino Unido ter saído da União Europeia e por as sanções contra oligarcas russos aplicadas pela UE não incluirem a perda de nacionalidade.

O governo britânico anunciou esta quinta-feira novas sanções contra sete oligarcas russos, incluindo o dono do Chelsea, Roman Abramovich, e o antigo sócio, Oleg Deripaska, com o congelamento de bens e proibição de viagens. No total, indicou o Governo britânico, os sete possuem um património líquido coletivo de cerca de 15.000 milhões de libras (18.000 milhões de euros).

Além do congelamento de bens e da proibição de viagens para o Reino Unido, nenhum cidadão ou empresa britânica pode fazer negócios com eles. "As sanções de hoje são o último passo no apoio inabalável do Reino Unido ao povo ucraniano. Seremos implacáveis na perseguição daqueles que permitem a morte de civis, a destruição de hospitais e a ocupação ilegal de aliados soberanos", afirmou o primeiro-ministro, Boris Johnson.

Estas sanções interferem diretamente com o Chelsea, que está assim impedido de vender bilhetes para jogos, negociar jogadores e viu ainda o processo de venda do clube suspenso na sequência das sanções anunciadas a Abramovich.

Abramovich tinha anunciado no início do mês que iria vender o clube, "devido à atual situação" em que a Rússia invadiu a Ucrânia, prometendo reverter os lucros para as vítimas do conflito.

O Chelsea, entretanto, solicitou ao governo britânico a intenção de poder continuar a "operar o mais normal possível", na sequência das sanções aplicada ao proprietário do clube.

"Queremos debater com o governo do Reino Unido os contornos dessa licença. Isso incluirá um pedido para que a licença permita que o clube continue a operar o mais normal possível. Hoje [ontem], o Chelsea vai cumprir os seus jogos com o Norwich e o West Ham, da equipa masculina e feminina, respetivamente. O clube fará uma atualização desta situação quando for apropriado", lê-se na nota publicada no site oficial dos londrinos.

Abramovich naturalizou-se português em abril de 2021 ao abrigo da Lei da Nacionalidade como descendente de judeus sefarditas expulsos de Portugal no século XV. Milhares de pessoas usaram o mesmo programa desde a entrada em vigor da lei, em 2015. A concessão da nacionalidade portuguesa ao empresário russo foi entretanto alvo de uma investigação do Ministério Público.

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