Vítor Ananias, coordenador de investigação criminal da PJ
Vítor Ananias, coordenador de investigação criminal da PJLusa

Rede criminosa gastava três mil euros por dia em compras na Avenida da Liberdade

Dois cidadãos estrangeiros foram detidos pela PJ no Parque das Nações, onde residiam. Está por desvendar uma relação criminosa entre ambos. Um dedicava-se a gerir uma organização internacional de tráfico de droga; o outro era procurado por homicídio. Foram apreendidos carros topos de gama e diversos bens de luxo.
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A PJ desmantelou uma rede criminosa que operava nos Países Baixos e em Portugal durante uma operação de combate ao tráfico de droga internacional por via marítima que culminou com a detenção de duas pessoas, indicou esta quarta-feira,3, aquela polícia.

"Isto decorre na sequência de um pedido das autoridade neerlandesas para identificarmos e controlarmos um indivíduo aqui, em Portugal, com vista à sua detenção e execução dos mandados de busca", explica ao DN Vítor Ananias, coordenador de investigação criminal da PJ.

Em comunicado, a Polícia Judiciária dá conta que a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes daquela polícia realizou, nos últimos dias, uma operação de combate ao tráfico internacional de droga por via marítima, que visou a desarticulação de uma rede criminosa estruturada que operava nos Países Baixos e em Portugal, tendo terminado com duas detenções.

Segundo a PJ, esta operação, denominada 'Labirinto', foi realizada simultaneamente nos dois países e permitiu desmantelar a infraestrutura do grupo de crime organizado indiciado por tráfico de droga, participação em organização criminosa, rapto, tomada de reféns e sequestro.

"Este pedido foi feito pelas autoridades neerlandesas há uns meses. Decorrendo das diligências de investigação indentificámos o local onde o homem residia e procedemos, de terça para quarta, à execução dos mandados de busca e à sua detenção".

Só que este cidadão com dupla nacionalidade, brasileiro e neerlandês, não estava sozinho. As autoridades chegaram ainda ao paradeiro de outro cidadão, um albanês. "Na sequência dessa detenção e das diligências que executámos, viemos a identificar outro indivíduo que o acompanhava e que estava a residir próximo dele, que também tinha um mandado de captura internacional, por homicídio". Os dois putativos criminosos residiam na zona do Parque das Nações, em Lisboa. A PJ ainda não conseguiu "esclarecer se havia uma ligação criminosa entre os dois, mas a verdade é que estavam juntos".

A Polícia Judiciária realizou duas buscas no âmbito da operação, que resultaram na apreensão "de elevadas quantidades de dinheiro, vários veículos topo de gama, bens de luxo, sistemas de comunicações e diverso equipamento informático".

Ao DN, Vítor Ananias clarifica: "Além das viaturas apreendidas, que eram topo de gama, eram indivíduos que comprava muitos bens de luxo. Chegavam a gastar três mil euros por dia em compras, nas lojas de luxo da Avenida da Liberdade". Por isso, além dos automóveis, a PJ apreendeu "essencialmente roupa, relógios e jóias".

O coordenador de investigação da PJ explica: "Este homem, brasileiro-neerlandês, estava em Portugal recuado. Ou seja, ele fazia algumas ações nos Países Baixos e, depois de praticadas essas ações, regressava a Portugal onde se sentia mais confortável". Isto porque, "ele cá estava mais resguardado, até porque já tinham existido algumas ações diretas, nos Países Baixos, contra este grupo, em que já tinham sido detidas várias pessoas. Ele mantinha-se cá, fora do centro das atenções".

Vítor Ananias refere ainda que "a atividade do grupo centrava-se nos Países Baixos e na Bélgica". No entanto, não está descartada a entrada de droga pelos portos portugueses, através desta organização criminosa. "Não temos elementos que possam indiciar isso mas vamos continuar a investigar", avança o coordenador de investigação criminal da PJ.

De acordo com a PJ, a organização praticou vários crimes violentos que visaram tomar posse da droga através do uso da força e com recurso a armas de guerra. Vítor Ananias, ao DN, esclarece que "eles além da atividade normal da importação de contentores e de entrada de droga também roubavam, através do uso de violência, com armas de fogo, outros traficantes. Sequestravam e raptavam. Mas isso era tudo nos Países Baixos, aqui em Portugal não faziam nada".

"Dado o grande potencial económico da organização, os seus membros dispunham de fortes medidas de segurança e autoproteção, nomeadamente de meios avançados de transmissão de informação, tanto a nível individual como o utilizado no uso de contra medidas policiais", refere a PJ, frisando que as investigações vão continuar.

Um dos detidos vai ser presente ainda hoje, quarta-feira, 3 a juíz; o outro irá amanhã, quinta-feira, 4. Ambos ficarão a conhecer as medidas de coação - que deverá ser a prisão preventiva - "e depois irá proceder-se à extradição. No caso do indivíduo indiciado por homicídio, um dos mandados é de Itália e o outro da Albânia. Poderá ser extraditado para Itália porque é um dos sítios onde ele cometeu o homicídio", finaliza Vítor Ananias. 

Com LUSA

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