Quando os animais também recebem presentes de Natal
Há quatro anos e meio que Kiara faz parte da família e, como tal, também tem direito a prendas de Natal. Ontem foi ao "cabeleireiro": tomou banho, escovaram-lhe o pelo, fizeram-lhe a "paticure" e até teve direito a perfume e um lacinho vermelho no final. "Já faz parte do ritual de Natal", diz o dono, Pedro Martins. Mas há mais. Na noite de consoada, a melhor amiga de quatro patas vai ainda receber umas "guloseimas" e uma cama nova.
"É um membro da família", diz Pedro Martins. No Natal, costuma ser surpreendida com ossos, brinquedos ou biscoitos. "São colocados debaixo da árvore e, no momento da distribuição das prendas, ela é chamada." Não rasga o papel, portanto há sempre alguém que a ajude nessa missão. Dias antes, é obrigatória a passagem pela Charm Pet, em Ílhavo, onde se põe bonita para as festas. E comporta-se exemplarmente.
Carla Alegrete, proprietária do consultório veterinário, conta ao DN que o mês de dezembro é um dos mais concorridos: "Pedem-se muitos banhos e tosquias." Cada vez se nota mais o cuidado de ter os animais "limpos e cheirosos", porque estes "fazem parte da família". A cadela que adotou, Susy, também foi ontem à Charm Pet "tomar uma banhoca." E no dia de Natal será surpreendida com bife enrolado num osso de cartilagem.
Além da parte estética, também há uma elevada procura por brinquedos e ossos de cartilagem na quadra natalícia. E também se vende "um ou outro casaco". No final, Carla faz questão de embrulhar os presentes. Esse cuidado está também presente na Cãovivio, em Coimbra. "Há muita procura de acessórios e outros produtos para oferecer no Natal. Este mês é um dos mais movimentados nas petshops", adianta a gerente, Sónia Costa. Na sua opinião, "é um sinal que os animais fazem mesmo parte das famílias". Aos seus dois "arraçados de podengo" vai oferecer biscoitos e, na loja, todos os seus colegas levam prendas para os amigos de quatro patas.
Há quem compre coleiras especiais, transportadoras, chapas para a coleira, camas, escovas, arranhadores - no caso dos gatos -, casacos, gorros, brinquedos natalícios. Marta Dutra opta por uma comida especial. "O que a minha cadelinha mais gosta é de comer. Como só lhe dou ração de dieta, penso que a melhor prenda que pode receber são umas latas de comida especial", conta ao DN. Já Marisa Marques compra presentes para os três gatos - "além de todos os que recebem ao longo do ano" - e para a cadela de uma amiga.
O cão eufórico com as prendas
À meia-noite, na hora de os miúdos abrirem os presentes, Jack Daniel - "que ainda é uma criança" - fica "eufórico, doido com as prendas dele". Sofia Inês Creoulo, a dona, conta que "o Pai Natal deixa sempre a botinha dele, seja na casa da mamã, dos tios ou do avô". Sofia faz a introdução: "Jack, amor, olha o que o pai Natal trouxe para ti!" O weimaraner, de quatro anos, "pega no embrulho, rasga e não descansa enquanto não abre a prendinha dele".
Jack adora peluches. E o Pai Natal sabe. "É um momento mágico quando abre as prendas", recorda. "Os miúdos fazem magia no Natal. São eles que nos acarinham quando nos sentimos mais em baixo, nos fazem rir pelas coisas mais simples, que nos lambem por serem gratos de os tratarmos como pessoas. Não falam, mas estão sempre lá", afirma Sofia. É um cão, "mas é tratado como um filho".
"Nunca foi animal de estimação"
Desde que foi adotado, "Tender passou a ser um membro da família e nunca um animal de estimação". Por isso, Marco Pinto, 36 anos, costuma presentear o seu labrador no Natal. Já recebeu uma trela, uma manta e uma cama. "Este ano por acaso não comprei nada. Mas devia", lamenta. No primeiro ano, quando recebeu a trela, Marco embrulhou-a para o cão desfazer o embrulho. "Foi o primeiro a receber os meus presentes." A cama nunca foi usada e a manta foi desfeita no mesmo dia. "Estava na altura da rebeldia." No Natal, Tender também recebe uma pequena guloseima, tal como no dia de aniversário, a 13 de janeiro. "E também tem direito a presente e a que lhe cantem os parabéns."
Impulso leva a oferecer animais
Muito se tem falado sobre oferecer animais de estimação como presentes de Natal. Sónia Costa, gerente da Cãovivio de Coimbra, nota que, por vezes, são decisões tomadas por impulso. Quando alguém vai à procura de um animal para oferecer, tem o cuidado de explicar que o bicho vai crescer e que precisa de cuidados. "Costumo mostrar como vai ficar em adulto, que peso e que tamanho pode atingir", sublinha. Ainda recentemente foi confrontada com uma dessas situações, sendo que a cliente acabou por desistir da ideia. Contudo, lamenta, "há muitas compras por impulso, o que depois leva a que os animais sejam abandonados passados alguns meses". Além dos cães e dos gatos, também há quem procure kits de coelhos e de hamsters.