Prolongar situação de contingência até domingo. "Mais vale prevenir do que remediar", diz Marcelo

"Tem sido notável o comportamento dos operacionais da Proteção Civil e das populações" face aos incêndios, destacou o Presidente da República, que visitou um bombeiro ferido num hospital em Lisboa. Elogiou a capacidade de resposta e pediu "um esforço suplementar" às populações para evitar comportamentos negligentes.
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Para o Presidente da República, "tem sido notável o comportamento dos operacionais da Proteção Civil e das populações" face aos incêndios que têm deflagrado no país. "Tem sido notável naqueles pontos em que têm ocorrido incêndios com uma dimensão maior", disse esta quinta-feira Marcelo Rebelo de Sousa, depois de visitar um bombeiro ferido no Hospital de São José, do Centro Hospitalar de Lisboa Central. O operacional ficou ferido no combate ao incêndio no concelho de Palmela, distrito de Setúbal.

À porta da unidade hospitalar, afirmou que "o número de ignições tem, até agora, ficado abaixo daquilo que já aconteceu em situação dramáticas, e até abaixo daquilo que poderia ser previsível, atendendo ao conjunto de fatores naturais que temos vivido". Considera que isto espelha "maturidade das populações".

"Há sempre uma margem de fogo posto", disse, no entanto, referindo que foram detidos dos suspeitos de fogo posto. Mas, sublinhou, há 70% dos incêndios que têm uma causa "evitável" - a grande maioria por "uso de fogo inadvertido, negligente" e nalguns casos por "emprego de máquinas, apesar do apelo" feito em sentido contrário.

Sobre o combate no terreno, Marcelo Rebelo de Sousa considera que a capacidade tem sido rápida. "Até agora, na grande generalidade dos incêndios, a capacidade de resposta é muito rápida", disse.

Uma capacidade de resposta que tem tido efeito, "o que limita o número de incêndios de alguma dimensão". Há cerca de uma meia dúzia por dia, às vezes menos, acrescentou.

"Hoje são notícia dois polos de preocupação, Pombal e Ponte da Barca", disse, alertando ainda que estamos a meio caminho do fim do período de contingência, previsto terminar no domingo.

Relativamente às populações, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "as pessoas têm mais cuidado com as ignições" e que "em geral, tem sido espetacular o comportamento das portuguesas e dos portugueses", o que agradeceu, mas deixou um pedido para que haja "um esforço suplementar" nos próximos dias.

Dirigindo-se especialmente "àqueles que distraidamente, facilitando, acabam por criar problemas junto das suas povoações e das suas casas", o chefe de Estado pediu "um esforço suplementar neste tempo que ainda falta" até ao fim da situação de contingência, que o Governo decidiu prolongar até domingo.

"Até agora, o civismo tem funcionado, a capacidade dos operacionais, são milhares merecem uma palavra especial porque alguns deles andam nisto há uma semana", realçou, referindo o cansaço dos que estão no terreno.

"Do que se trata agora é de agradecer, mas pedir mais um pouco desse civismo neste fim de quinta, sexta-feira, sábado e domingo", reforçou Marcelo Rebelo de Sousa, que estava acompanhado pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

Sobre se concorda com o prolongamento da situação de contingência até domingo, o Presidente da República responde que "mais vale prevenir do que remediar"

"Havendo a previsão que as condições meteorológicas poderiam ser semelhantes aquelas que se anteviam no início da semana até domingo, faz sentido ter um esquema de atuação, um quadro legal e administrativo, que permita a intervenção que tem havido até agora", defende Marcelo.

No que se refere à informação disponível sobre a situação meteorológica extrema, Marcelo declara: "há informação como nunca houve, atualizada permanentemente. Há coisas que não se pode prevenir. Previne-se dentro do possível. Há melhorias significativas em relação a anos antecedentes em termos de prevenção".

Marcelo indicou que tem "havido vigilância aérea" e que "as Forças Armadas estão sempre disponíveis" para o apoio logístico, se for necessário.

O Presidente da República destacou ainda o facto de que este ano "há uma coisa nova nos incêndios", que é "a proximidade das povoações, isso tem muito que ver com o comportamento dos cidadãos", considera o Presidente da República.

Questionado sobre se o facto de não se ter deslocado aos locais mais afetados pelos incêndios foi uma decisão pessoal, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que "sim". Disse, aliás, que foi uma "opção tomada há uns anos" quando lhe chamaram a atenção que "isso prejudicava mais do que favorecia".

O chefe de Estado mencionou que também o primeiro-ministro, António Costa, não tem ido ao terreno, "foi ver só o dispositivo que estava antes de ser utilizado" e que mesmo o ministro da Administração Interna "também não vai ao terreno acorrer a situações especificas de intervenção".

"É menos mediático, admito. Mas a lição é que tem sido bom porque havia depois uma dispersão de atenção para quem estava no combate aos incêndios", explicou.

Portugal continental encontra-se desde segunda-feira em situação de contingência devido às condições meteorológicas, com temperaturas altas, que elevam o risco de incêndio.

A situação de contingência corresponde ao segundo nível de resposta previsto na Lei de Bases da Proteção Civil e pode ser declarada "quando, face à ocorrência ou iminência de acidente grave ou catástrofe, é reconhecida a necessidade de adotar medidas preventivas e ou especiais de reação não mobilizáveis no âmbito municipal".

Notícia atualizada às 21:42

Com Lusa

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