Primeira licenciatura em Saúde Pública. "Hoje ninguém duvida da importância desta área"

Pandemia pôs em evidência a importância da Saúde Pública, com a falta de profissionais da área. O Instituto Universitário de Ciências da Saúde promete formar especialistas capazes de definir políticas públicas em saúde.
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Arranca, em 2024, a primeira licenciatura em Saúde Pública, ministrada no Instituto Universitário de Ciências da Saúde, em Paredes. O diploma permitirá colmatar "uma necessidade reconhecida e que não estava satisfeita, de forma a prevenir a doença e promover a saúde". Quem o diz é Henrique Barros, Presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que sublinha a importância de ter pessoas capazes de fazer frente a "acontecimentos extremos de saúde", mas também de definir políticas públicas preventivas.

"A pandemia pôs a descoberto a necessidade de profissionais em Saúde Pública, mas há muito que era desejável que Portugal tivesse uma licenciatura em Saúde Pública. Havia mestrado e doutoramento na área, mas não a licenciatura", justifica. O professor recorda que a pandemia de covid-19 foi "uma prova dessa necessidade", levando a que "hoje já ninguém duvide, nem discuta, a importância desta área da saúde".

Henrique Barros explica ainda que o novo curso irá contribuir para "o redesenhar do panorama das profissões em Saúde Pública". Isto porque os novos diplomados poderão exercer várias funções, tanto no Setor Público como no privado. Contudo, alerta para o perigo da saída posterior desses novos profissionais, pois "é uma área de trabalho onde a oferta é muito maior que a procura, tanto em Portugal, como a nível internacional".

"Temos de ser cautelosos porque muita gente vai encontrar espaço no mercado português, quer em estruturas privadas, em áreas díspares, em organizações não-governamentais e temos a certeza, pela qualidade que esta licenciatura tem, que interessará a candidatos portugueses, mas também internacionais", alerta.

Almeida Dias, presidente da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), que integra o Instituto Universitário de Ciências da Saúde, onde o curso será ministrado (em parceria com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto), sublinha a importância da nova licenciatura, não só a nível nacional, mas também a nível local. "É uma licenciatura que corresponde a um conjunto de competências para a profissão, com formação de profissionais capazes de fazerem uma avaliação correta daquilo que é a saúde de uma região ou cidade, com estudo de questões de epidemiologia ou fisiopatologia das doenças. Competências que fazem com que esses novos diplomados sejam extremamente úteis num hospital, numa câmara, numa empresa ou numa escola, onde assumirão um papel importantíssimo na literacia da saúde da população local", explica.

Para Almeida Dias, não é apenas em situações de pandemia que estes profissionais são importantes. "Estamos a entrar num período de mudança grande em que 4.ª idade (pessoas com mais de 80 anos), é cada vez maior em Portugal. E estes, podem chegar a centenários. Portugal já tem cinco mil pessoas com mais de 100 anos. Estes novos licenciados estarão preparados para dar resposta a políticas de Saúde Pública para a 4.ª idade", conta, a título de exemplo. Neste contexto, Almeida Dias não tem dúvidas em afirmar: "Esta licenciatura era, de facto, essencial e tinha de acontecer."

O presidente da CESPU acredita no papel determinante dos licenciados em Saúde Pública nas autarquias, onde irão trabalhar no âmbito das especificidades da população local. "Sabemos que as populações são muito diferentes e essas pessoas no terreno serão as que podem dizer qual a resposta certa em cada zona: como melhorar a qualidade de vida e como envelhecer ativamente", conclui.

Com apenas 35 vagas, o curso de três anos, recentemente aprovado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, receberá os primeiros alunos no ano letivo 2024/2025 no Instituto Superior de Ciências, em Gandra, Paredes. O número de vagas foi definido para "começar de forma controlada e sólida".

"Mesmo que haja uma grande procura, a oferta terá de ser limitada para poder crescer de uma forma sustentada, quer na qualidade, quer na capacidade do mercado de trabalho absorver os diplomados", justifica Henrique Barros.

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