Previsão do tempo nos próximos dias é "péssima" para os incêndios
Os poucos sinais de esperança para o combate aos incêndios dados pelas condições meteorológicas registadas esta terça-feira, com alguma nebulosidade e registos de chuva no litoral norte e centro até ao Cabo da Roca e no interior norte e centro acima das Serra de Montejunto e Estrela e chuva muito fraca na faixa costeira da Costa Vicentina, vão desvanecer-se já a partir de hoje, de acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
"Quarta-feira deixa de chover e ficará assim durante um bom tempo. A partir de quinta-feira vamos ter céu pouco nublado ou limpo e vamos ter mais correntes de leste, ou seja, o ar mais seco, céu limpo e calor. Temos ainda uma previsão de subida da temperatura máxima a partir de quinta-feira, em especial no litoral oeste, onde se vai sentir mais, mas em todo o país a temperatura vai aumentar", explica ao DN Alessandro Marraccini, meteorologista do IPMA.
Em temos mais concretos, a previsão para hoje indica a existência de períodos de céu muito nublado no litoral Norte e Centro até ao fim da manhã, e tornando-se gradualmente pouco nublado ou limpo a partir da manhã na região Sul, sendo que os ventos vão de fraco a moderado (até 30 km/h) de norte/noroeste, soprando moderado a forte (30 a 40 km/h), com rajadas até 65 km/h, no litoral oeste e nas terras altas, em especial durante a tarde.
No final da semana, numa altura em que o país também enfrenta uma situação de seca (ver caixa), esta tendência de tempo quente vai acentuar-se ainda mais, com o céu a apresentar-se limpo ou pouco nublado. Em relação ao vento a corrente será mais de leste, enquanto que na faixa costeira vamos continuar com os ventos típicos de verão, a chamada Nortada, que, segundo Alessandro Marraccini vai prolongar-se durante vários dias, acompanhada por uma progressiva subida das temperaturas. "Na sexta-feira, já estamos com o tempo quente a sério, com temperaturas máximas a rondar os 40 graus centígrados no interior, em especial no centro e sul de Portugal Continental, e provavelmente vamos emitir um aviso de calor", acrescenta o meteorologista.
Neste sentido, e de acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, as temperaturas máximas vão passar em cidades como Lisboa dos 25 graus de máxima durante o dia de hoje para os 37 na sexta-feira ou dos 23 de máxima hoje em Manteigas, um dos municípios afetados pelo incêndio que tem lavrado na Serra da Estrela, para um pico de 33 graus na segunda-feira. "Estamos a falar de previsões meteorológicas péssimas para o combate aos incêndios", refere Alessandro Marraccini. "E até ao final da semana não há, de certeza, previsões de mudanças. Depois ainda temos algumas incertezas. Mas, neste momento, não temos recursos para dar boas notícias, parece que vai continuar mau para os incêndios e bom para a praia", sublinha.
Há menos de um mês, o professor do Instituto Superior de Agronomia Francisco Castro Rego - que presidiu à comissão técnica independente que avaliou os incêndios de 2017 - já havia admitido que "a meteorologia decide praticamente 80% do sucesso ou insucesso de cada um" dos verões, referindo que Portugal "está muito vulnerável às meteorologias complexas e essa complexidade vem ao de cima periodicamente".
Esta terça-feira o incêndio na Serra da Estrela continuava a ser a maior ocorrência do país, com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil a indicar no seu balanço das 17:00 que este fogo localizado na zona de Garrocho e Orjais, concelho da Covilhã, estava a ser combatido por 1288 operacionais, ajudados por 414 meios terrestres e 15 meios aéreos.
De acordo com o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, pelo menos 35 pessoas já tinham sido obrigadas a sair das suas habitações, tendo sido deslocadas para a Escola C/S de Teixoso, sendo que o autarca não descartava que este número viesse a aumentar, dependendo da evolução do incêndio.
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Área ardida Os dados mais recentes do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas relativos aos incêndios rurais dão conta de 81 834 hectares de área ardida em Portugal este ano até às 18:00 desta terça-feira, representando 8517 ocorrências. Metade diz respeito a área ardida em povoamentos florestais, seguida de matos (49%) e agricultura (1%). Um balanço provisório divulgado esta terça-feira pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais refere que Portugal é o terceiro país da UE com maior área ardida.
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Seca O relatório relativo a 8 de agosto das disponibilidades hídricas armazenadas em albufeiras do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, e quando comparado com o boletim anterior de 31 de julho, mostrava que das 62 albufeiras monitorizadas 27 tinham disponibilidades inferiores a 40% do volume total e que, entre estas, sete barragens estavam com ou abaixo dos 20% - Alto Lindoso (15%), Alto Rabagão (20%), Paradela (7%), Vilar-Tabuaço (14%), Campilhas (4%), Monte da Rocha (10%) e Bravura (11%).