Presidente otimista espera dar posse ao novo Governo antes do 10 de Junho
O Presidente da República espera dar posse a todo o Governo antes do 10 de Junho, seja numa posse conjunta ou em dois momentos separados, manifestando-se otimista quanto à disponibilidade das oposições para assegurarem a estabilidade.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final de uma visita à sede do Banco Alimentar Contra Fome, em Lisboa, numa altura em que decorre uma campanha de recolha de alimentos em todo o país até domingo.
O chefe de Estado explicou que, com a instalação da Assembleia da República marcada para terça-feira, só a partir desse momento o primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, lhe poderá “formalmente” apresentar a composição do XXV Governo Constitucional.
“Eu tenho a expectativa de, até ao fim da semana, haver ou uma posse conjunta - primeiro-ministro, ministros e secretários de Estado - ou duas posses, uma de primeiro-ministro e ministros e outra de secretários de Estado”, afirmou, considerando que existem “dias suficientes” para o fazer antes do 10 de Junho.
Sobre as audiências com os partidos, na semana passada, o chefe de Estado não quis revelar nada sobre o seu conteúdo, mas deixou uma nota de otimismo.
“Penso que o primeiro-ministro e o Governo, ouvidos os partidos todos, e nomeadamente aqueles que ouvi duas vezes [PSD, PS e Chega], têm um quadro de condições que permitem encarar com uma razoável noção de durabilidade e de estabilidade que é muito boa para o país. Quer dizer, o país precisa de estabilidade e precisa de durabilidade do Governo”, defendeu. “E as oposições em estilos diferentes e de forma diferente foram até onde podiam ir e estão disponíveis para ir até onde irão, para tornar isso possível”, considerou.
Economia não acompanhou "a pedalada do final do ano"
O Presidente da República afirmou ainda que a economia não acompanhou, no arranque do ano, “a pedalada de subida do final do ano anterior”, alertando que são sempre os mais carenciados que “pioram muito ao primeiro sinal de crise”.
O chefe de Estado chegou a Alcântara ao volante do seu automóvel e com o porta-bagagens com dois grandes sacos de compras, dizendo-se sempre preocupado com a situação dos mais carenciados, sobretudo numa situação de incerteza internacional que se projeta “também em Portugal”.
“Não é por acaso que no primeiro trimestre deste ano, comparado com o último trimestre do ano anterior, houve uma quebra de meio por cento. Isso significa que, embora melhorando em relação ao começo do ano anterior, não estamos a acompanhar a pedalada da subida do final do ano anterior”, afirmou.
Para o Presidente da República, tal deve-se não só à continuação das guerras, mas também à incerteza sobre a aplicação de tarifas pelos Estados Unidos da América e por “guerras comerciais”.
“Nós sentimos, quem anda na rua, quem anda e vive hoje sem abrigo, quem vê como é que vai a situação na sociedade portuguesa, realmente as carências continuam muito elevadas”, disse.
Questionado se teme que, no resto no ano, a economia portuguesa não recupere a pedalada do último trimestre de 2024, o chefe de Estado referiu que todas as previsões económicas, “inclusive as do Governo, são as de que há uma dependência muito grande da situação internacional”.
“Nós é que nos esquecemos que estamos praticamente a meio do ano, falta um mês para estarmos a meio do ano. E, portanto, há muita coisa que está indefinida. E, estando indefinida, isso tem consequências: o investimento não é o que podia ser, o consumo não é o que podia ser, as exportações não são o que podiam ser, o turismo teve um período de compasso de espera, continuando a crescer, mas menos, até por causa do mau tempo, durante dois meses”, disse.
E acrescentou que, se essas são as consequências na economia, elas existem também para “as pessoas que estão em piores circunstâncias”.
“Essas, naturalmente, ao primeiro sinal de crise, pioram muito”, alertou.