Portugueses preocupados com saúde mental
No arranque da 10ª Conferência Sustentabilidade em Saúde, a apresentação da edição anual do Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA IMS), revelou algumas conclusões interessantes que estiveram depois em debate.
A juntar aos dados evolutivos do índice que demonstra, em 2021, alguma recuperação em relação a 2020 (cresce dos 83,9 para os 92,5 pontos, numa base de 100), Pedro Simões Coelho, diretor da NOVA IMS e um dos autores do estudo, destacou outras conclusões que considera "curiosas".
Entre estas, o facto de os portugueses colocarem as doenças relacionadas com a saúde mental no top3 das doenças mais importantes no futuro (25%), logo atrás das doenças oncológicas (62,8%) e das cardiovasculares (26,1%). Para o professor e investigador, este é um dado surpreendente que, mesmo sem base científica que o comprove, acredita ser fruto da pandemia. Em edições anteriores do índice, estas doenças, quando mencionadas, não tinham grande expressão. Por outro lado, as doenças infecciosas, que somam 5,2%, surgem apenas na oitava posição, entre dez opções.
Já no debate, em que Pedro Simões Coelho partilhou o palco com Óscar Gaspar, Presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, e Hélder Mota Filipe, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, o foco da conversa assentou em questões como o financiamento e a reorganização do Serviço Nacional de Saúde (SNS), na aposta na prevenção que todos os participantes consideram prioritária e urgente, e no reforço da investigação que, nas palavras de Óscar Gaspar, "têm sido os parentes pobres do SNS".
A inovação e o futuro da saúde foi tema para uma segunda conversa, que reuniu especialistas de diferentes vertentes da saúde, e que abordou questões como o acesso a medicamentos e terapias inovadoras, a importância da investigação clínica e dos ensaios clínicos. Rui Ivo, Presidente do Infarmed; João Almeida Lopes, Presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA); Catarina Resende Oliveira, Presidente da Direção da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica; Helena Pereira, Presidente da Fundação Ciência e Tecnologia; Alexandre Lourenço, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH); e Jaime Melancia, Presidente de Mesa da Assembleia Geral da EUPATI Portugal, apesar das diferentes perspetivas, concordaram que Portugal precisa de investir mais em investigação e desenvolvimento, e que deve olhar a inovação como um investimento e não um custo.
Através de políticas de incentivo, e aproveitando as oportunidades certas (como o PRR) é possível criar condições para reforçar a realização de investigação em saúde, com benefícios claros para o doente, mas também para o processo científico e a economia em Portugal.