Portugal Fashion em Nova Iorque: qual é o Next Step?

Os desfiles de portugueses na New York Fashion Week já terminaram, mas o Portugal Fashion ainda não saiu de Nova Iorque. Há mais marcas e designers lusos para ver na Big Apple até ao início de março.

"Correu muito bem. Gostei muito da forma como o desfile decorreu e a maneira como as minhas propostas foram recebidas," afirmava Miguel Vieira, esta quarta-feira à noite, à saída de Nova Iorque. A apresentação da coleção outono-inverno 2017-18 do designer de moda portuense recebeu elogios dos que puderam assistir ao desfile, dia 14 de fevereiro, nos Pier 59 Studios, num evento integrado na Semana de Moda de Nova Iorque.

A par do longo aplauso da plateia, onde se encontrava imprensa local, bloggers e alguns socialites da cidade, e dos cumprimentos que o criador foi recebendo após o desfile, nas redes sociais os elogios foram cabais. "Fabuloso", "Inteiramente o meu estilo", "Espantoso", "O meu desfile preferido" são algumas das legendas ou hastags que acompanham as fotografias de desfile tiradas pelo público e coladas no Instagram.

No jornal Washington Square News, uma publicação local com mais de 30 anos, a crítica a esta apresentação foi clara: "os desenhos complexos de Vieira e os detalhes refinados criaram uma textura rica, acrescentando valor à essência da coleção." Essa essência será a silhueta clássica feminina com a cintura marcada e as linhas de alfaiataria nos coordenados masculinos. O que também parece ter agradado a crítica foi a proposta de usar nos conjuntos masculinos acessórios associados ao universo feminino como carteiras e pregadeiras na lapela. No mesmo artigo pode ler-se ainda: "A habilidade e a criatividade de Vieira deixam uma marca na Semana de Moda deste ano".

Quem se sentou na primeira fila do desfile de Miguel Vieira foi Xatty Xiomara que, ali mesmo, recolheu elogios de vários elementos do público à coleção que tinha apresentado na noite de 13 de janeiro. A designer de moda mostrou uma série de coordenados para o outono-inverno 2017 em linha com os desfiles de outras estações: sobreposição de materiais e texturas ricas, transparências românticas (e não sexy), refinado cuidado com os acabamentos. A mistura de materiais e ideias foi enaltecida por vários órgãos de comunicação social. No site Pop Dust, um longo texto sobre o desfile de Xiomara fecha com uma opinião clara e muito positiva: "Pareceu tudo vindo de um pensamento muito à frente e inovador".

Portugal Fashion ainda fica em Nova Iorque

Os desfiles são sempre os momentos altos das Semanas de Moda, "as apresentações mais explosivas", diz Rafael Alves Rocha, diretor de comunicação do Portugal Fashion, iniciativa que apoia criadores de moda portugueses, como Vieira e Xiomara, a mostrar o seu trabalho no estrangeiro e que organiza a Semana de Moda do Porto. Mas o trabalho de divulgação da indústria de moda portuguesa não se resume aos desfiles. Até ao início de março, será possível conhecer mais marcas e criadores portugueses em Nova Iorque que ali expõem as suas produções em showroom, ou seja, de forma estática.

A TM Collection é a marca que agora se exibe na capital da moda norte-americana. Desde dia 16 e até 18 de fevereiro, a marca criada na grande Lisboa, está na Tranoï NY, uma feira para público especializado, como agentes de compras, stockists, consultores de imagem e imprensa. A ideia aqui é essencialmente mostrar propostas e efetivar negócios.

Depois, de 27 a 1 de março Luís Buchinho mostrará a sua coleção outono-inverno na Edit NY, um certame de moda e acessórios de luxo para senhora. Nessas mesmas datas, decorrerá também a feira Curve onde marcará presença a marca Iora Lingerie. A exposição nestes três grandes eventos acontece dentro da iniciativa Next Step, que o Portugal Fashion operacionaliza.

"O nosso trabalho não se esgota na vertente passerelle," afirma Rafael Alves Rocha, "nós apoiamos estes criadores em muitas vertentes do seu negócio. Temos especialistas em diversas áreas - marketing, gestão, branding - que quando é necessário estão ao lado dos criadores ajudando-os a abrir estes caminhos." O Portugal Fashion tem também um orçamento que permite dar esse apoio.

De vários fundos, alguns europeus, a organização subsidiária da ANJE tem um valor anual de 2 milhões de euros, para por estes e outros projetos de divulgação da indústria de moda portuguesa e dos seus criadores a funcionar. O retorno da exposição do setor português nos Estados Unidos da América ainda é difícil de quantificar. Mas Rafael Alves Rocha é perentório: "Vimos cá com muita expectativa para que possamos ter mais negócio efetivado. A moda é um negócio, o Portugal Fashion é para fazer dinheiro".

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG