Terceiro dia consecutivo acima das mil infeções. Menos doentes internados, mas Incidência e Rt sobem

Portugal com mais nove mortes e 1289 casos nas últimas 24 horas.
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Portugal registou nove mortes e 1289 novos casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta sexta-feira.

É o terceiro dia consecutivo acima da fasquia das mil novas infeções diárias, embora os números desta sexta-feira sejam ligeiramente inferiores aos da véspera, quando foram registados 1382 casos.

O país contabiliza agora um total de 18193 óbitos e 1 095 337 casos confirmados desde o início da pandemia.

Foram dadas como recuperadas 893 pessoas, menos do que as novas infeções registadas, o que levou o número de casos ativos a subir para 32867 (mais 387).

O boletim desta sexta-feira mostra também uma diminuição no número de pessoas hospitalizadas com covid-19 em Portugal (são agora 345, menos 12 do que na quinta-feira), bem como de doentes internados em unidades de cuidados intensivos (66, menos 7 do que no dia anterior).

Das nove mortes contabilizadas nas últimas 24 horas, seis delas foram na região de Lisboa e Vale do Tejo, duas na região Centro e uma no Alentejo.

A subir ligeiramente, no entanto, estão a taxa de incidência e o índice de transmissibilidade. O número de novos casos nos últimos 14 dias por 100.000 habitantes (taxa de incidência) é agora de 106,1 casos a nível nacional, quando na última atualização era de 104,3, e de 105,6 no continente (104,4 anteriormente).

Já o R(t), índice de transmissibilidade, a nível nacional está em 1,04 (era 1,03 na última atualização), mantendo-se estável no território continental (1,03).

Pampilhosa da Serra é agora o concelho com maior taxa de incidência no país e também o único acima da fasquia dos 960 casos por 100 000 habitantes: 1066.

A diretora-geral da Saúde avisou esta sexta-feira que a pandemia de covid-19 ainda não terminou e tem diferentes velocidades em diversos locais do globo, insistindo na importância de se cumprirem as medidas de proteção.

"Por muito que gostássemos que fosse assim, a pandemia não acabou, está em curso a diferentes velocidades em diferentes partes do globo, mas não terminou. As medidas de proteção genéricas que estão em vigor desde inicio da pandemia devem ser seguidas de forma voluntária e com autoresponsabilização de todos", afirmou à Lusa Graça Freitas, apontando o uso de máscara e a ventilação dos espaços.

"Recomendamos no interior o uso de máscara, [porque] é um método barreira (...), assim como o arejamento das instalações", exemplificou, acrescentando: "como abrirmos a sociedade promovemos mais contactos entre as pessoas e, portanto, há que ter cautelas e a principal é continuar a vacinação".

Sobre o alerta da Organização Mundial de Saúde, que na quinta-feira se mostrou preocupada com o acelerar do aumento de novos casos sobretudo na Europa, Graça Freitas apontou os três cenários em cima dos quais as autoridades nacionais trabalham:

"O primeiro é aquele em que a vacina se manteria efetiva, por um período muito longo e tudo estaria estabilizado, o cenário dois é aquele em que sabemos que alguns perdem imunidade, com um aumento do número de casos sem repercussões na gravidade, é entre o um e o dois que Portugal está (...), e um terceiro cenário, mais grave, em que pode aparecer uma variante que consiga escapar ao sistema imunitário construído" quer com a vacina, quer com a infeção, explicou.

A responsável lembrou que "há muitos casos em todo o mundo e muito potencial para o vírus sofrer mutações e aparecerem outras variantes", sublinhando: "é preciso estarmos atentos e fazer sempre tudo o que pudermos para controlar este vírus".

"O que agora podemos fazer é ter bons sistemas de vigilância, os cidadãos usarem os métodos proteção e vacinar os elegíveis", disse Graça Freitas, insistindo: "É preciso muita atenção. A pandemia não acabou e pode aparecer uma variante nova. Temos de estar preparados".

O crescimento da pandemia na Europa deve-se à insuficiente vacinação e ao levantamento de restrições, afirmou esta quinta-feira a Associação de Médicos de Saúde Pública, considerando "pouco provável" uma nova vaga em Portugal com a do início de 2020.

"Uma quarta vaga com a dimensão e a gravidade das anteriores será muito pouco provável, mas Portugal faz parte de um mundo aberto. Se outros países estão a assistir a um aumento de casos, e com a mobilidade que as pessoas têm, é normal que Portugal possa ter, durante os meses de inverno, um aumento de casos e uma nova vaga, que a vacinação pode tornar menos letal", adiantou à Lusa o vice-presidente da associação, Gustavo Tato Borges.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Europeia do Medicamento (EMA) consideraram esta quinta-feira "preocupante" a situação da pandemia da covid-19 na Europa, com um aumento significativos de infeções em alguns países, tendo mais do que duplicado as hospitalizações associadas à doença numa semana.

Segundo Gustavo Tato Borges, esta evolução negativa da pandemia deve-se, em grande medida, às assimetrias de cobertura da vacinação entre os países europeus, assim como ao relaxamento das medidas não farmacológicas, que "fez aumentar o risco dos contactos próximos e a maior transmissibilidade da doença, o que era perfeitamente expectável".

Em relação ao crescimento do número de casos em Portugal nos últimos dias, o especialista de saúde pública salientou que não está a ser acompanhado por um aumento proporcional em termos de mortalidade, devido ao efeito protetor da vacina contra a covid-19.

"Não vamos ter aquilo que aconteceu em janeiro e fevereiro de 2020. Acho que essa dimensão catastrófica de casos e de mortes não deve voltar a acontecer, mas poderemos assistir a um aumento considerável que pode `boicotar´ o normal funcionamento do Serviço Nacional de Saúde" nos meses de inverno, adiantou Gustavo Tato Borges.

A EMA considerou esta quinta-feira que a situação epidemiológica relacionada com a covid-19 na União Europeia (UE) é "muito preocupante", dado a aproximação do inverno, instando os cidadãos a vacinarem-se ou completarem o esquema de vacinação.

Dados de outra agência europeia, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), revelam que, até ao momento, 75,4% da população adulta na UE está totalmente vacinada, enquanto 80,6% tomou apenas a primeira dose.

Isto equivale a 275 milhões de pessoas com o esquema de vacinação completo, segundo a página na internet do ECDC referente à vacinação na UE e que tem por base dados dos Estados-membros.

Por países, existem grandes discrepâncias nas taxas de vacinação, entre os 26,4% de vacinação total na Bulgária e os 92,3% na Irlanda.

Também a OMS avisou esta quinta-feira que a situação da pandemia de covid-19 na Europa é "muito preocupante" e apontou a cobertura insuficiente de vacinas e o relaxamento de restrições para explicar o aumento de casos nas últimas semanas.

"Estamos em outro ponto crítico para a eclosão da pandemia. A Europa está mais uma vez no epicentro da pandemia, onde estávamos há um ano. A diferença, hoje, é que sabemos mais e podemos fazer mais", disse o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) Europa, Hans Kluge, numa conferência de imprensa.

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