Incidência dispara em dia com 2527 casos e nove mortos

Dados da DGS indicam que estão agora 514 pessoas internadas devido à covid-19, das quais 75 em unidades de cuidados intensivos. Há um aumento do número diário de infeções, com mais 2527 casos confirmados em 24 horas.
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Portugal registou mais nove mortes e 2527 casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira.

Os dados mais recentes mostram que há agora 514 internados (mais 28 que no dia anterior), dos quais 75 estão em unidades de cuidados intensivos (menos cinco).

Desde 2 de setembro que não havia tantos casos. Nesse dia foram 2830 casos estando nessa altura 695 internados. A última vez que se registavam mais de 500 internados foi há dois meses com 527 pessoas internadas.

Segundo os dados de hoje, a incidência continua a aumentar, estando agora com 173,7 nacional ou e 172,9 no continente - na segunda-feira os valores eram de 156,5 nacional e 155,3 no continente.

O R(t) está agora em 1,17 quer a nível nacional quer no continente.

Na Marinha são cerca de 800 (10% do efetivo), no Exército 756 militares (6%) que não quiseram ser vacinados. A Força Aérea recusa-se a divulgar os dados sobre a vacinação contra a covid-19.

As percentagens assumidas pelos dois Ramos superam significativamente a estimativa de recusa de vacinação na sociedade civil, na casa dos dois por cento.

Várias fontes militares garantiram ao DN que "há negacionistas nas Forças Armadas" e que estão a por em causa operações, dando como exemplo os recentes surtos em navios da Marinha, mas essa afirmação é negada pelos comandos e as próprias associações militares têm dúvidas.

Na passada semana a Marinha anunciou um novo surto de covid-19 na fragata Corte Real, integrada na Força Naval Permanente n.º 1 da NATO, atracada em Karlskrona, na Suécia.

Segundo o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) a situação "não teve impacto na continuidade da missão", mas os infetados (até esta segunda-feira 35 dos 182 que constituem a guarnição) estão a dormir ao relento no hangar do navio, a viajar da Suécia para a Noruega, com temperaturas vários graus abaixo de zero, segundo fonte que está a acompanhar o caso. O DN pediu explicações ao EMGFA, mas não obteve resposta.

É o segundo surto (pelo menos que tenha vindo a público) sofrido pela Armada no espaço de três meses. Em Agosto foi no NRP Douro, destacado na Madeira, que obrigou toda a tripulação a abandonar o navio e a ficar confinada num hotel do Funchal, incluindo a própria comandante.

Neste caso a missão, que terminou esta semana, de fiscalização de atividades pesqueiras e apoiar a Proteção Civil em missões de busca e salvamento, ficou mesmo comprometida e teve de ser enviado de Portimão o NRP Sines para reforçar o dispositivo naval na Zona Marítima da Madeira.

Em ambos os casos levantou-se a suspeita nos meios da Defesa sobre se todos os militares embarcados estariam vacinados - o que limitaria a propagação da infeção e os sintomas da mesma - mas nem o EMGFA, nem a Marinha o corroboram.

Na NRP Douro haveria um militar nessa situação, que foi vacinado posteriormente, mas o Delegado Regional de Saúde do Funchal, Maurício Melim, recusou-se a confirmar ou negar esta informação dada como certa nos meios militares daquela região autónoma.

A ministra de Estado e da Presidência disse esta quarta-feira que o agravamento do número de casos diários de covid-19 deixa "evidente" que será necessário tomar mais medidas, ainda que não preveja restrições ao nível das adotadas no passado.

Mariana Vieira da Silva adiantou que as medidas só serão decididas após a reunião com os especialistas, prevista para sexta-feira.

Questionada pelos jornalistas à margem do 1.º Fórum Portugal Contra a Violência, que decorre quarta e quinta-feira na reitoria da Universidade Nova de Lisboa, a ministra não se quis comprometer com medidas concretas a ser adotadas para fazer face crescimento de casos de covid-19 nem com restrições que possam vir a estar em vigor no período das festas de Natal e Ano Novo.

"Estão em cima da mesa as medidas que forem consideradas necessárias para não deixarmos crescer o número de casos. Face ao número de casos temos hoje menos internamentos, menos mortos do que no passado tivemos com estes números. É preciso agora saber que medidas são necessárias. Não prevemos medidas com um nível e com a gravidade que já foram tomadas no passado, porque a população está mais protegida, mas não deixaremos de tomar as medidas necessárias", disse a ministra.

Sobre as afirmações do Presidente da República, que considerou "evidente" a necessidade de regressar ao uso obrigatório de máscara na rua como medida de proteção, Mariana Vieira da Silva referiu que o que ouviu Marcelo Rebelo de Sousa afirmar foi a necessidade de esperar pela opinião dos especialistas.

"Parece evidente que perante o agravamento do número de casos temos que tomar mais medidas. Quais são é preciso ouvir os especialistas. Esse é um grande ganho que tivemos neste processo, que fez também os portugueses vacinarem-se de forma massiva, ao contrário do que aconteceu noutros países, o que nos coloca numa situação de maior proteção. Agora vamos ouvir os peritos face a esta situação que medidas têm que ser tomadas e tomaremos as medidas", disse.

O Governo agendou para sexta-feira uma nova reunião no Infarmed, da qual espera recolher informação para que o Conselho de Ministros possa decidir que medidas devem ser adotadas, mas fá-lo-á "no seu tempo" e ouvindo também os partidos políticos, sublinhou Mariana Vieira da Silva.

"Nós vivemos numa situação em que é importante que exista um compromisso nacional alargado para estas medidas e é nisso que estamos a trabalhar. Teremos tempo para falar sobre as medidas. Agora é tempo de trabalhar, com os especialistas primeiro, com os partidos políticos depois, para tomar as medidas necessárias. Aquilo que o Governo garante, como garantiu sempre, é que nunca deixará de tomar as medidas que sejam consideradas necessárias", disse.

O primeiro-ministro, António Costa, convocou para sexta-feira uma reunião sobre a evolução da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, juntando especialistas e políticos no Infarmed, em Lisboa.

A reunião está prevista para as 15:00, tendo a participação pela parte política do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e de representantes dos partidos com representação parlamentar.

A Europa registou um aumento de 5% nas mortes por covid-19 na última semana, enquanto no resto dos continentes o número de óbitos permaneceu estável ou diminuiu, de acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o documento, publicado esta quarta-feira, na América, as mortes por esta causa diminuíram 3%, na região do Pacífico Ocidental - que inclui a China - caíram 5% e no Mediterrâneo Oriental 14%.

No sul e no leste da Ásia, que inclui a Índia, as mortes no contexto da pandemia aumentaram 1% e em África subiram 3%.

Globalmente, foram registadas 50.000 mortes adicionais, de acordo com as notificações de todos os países recebidas pela OMS, um número que se manteve estável.

O número de infeções aumentou 6% globalmente. Por região, o aumento foi de 8% na Europa e na América, enquanto em África foram relatados menos 33% de casos.

O número de infeções em todo o mundo subiu para 252 milhões em 23 meses, desde que o vírus começou a circular intensamente na China.

Na Europa, a incidência de casos por 100.000 habitantes foi muito maior (230) do que em qualquer outra região. Na América, foi de 74 casos por 100.000 habitantes.

Os países com mais casos na última semana foram Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Reino Unido e Turquia.

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