PJ cruza dados com a AIMA para encontrar ex-diretora da Americanas

PJ cruza dados com a AIMA para encontrar ex-diretora da Americanas

A PJ respondeu afirmativamente a um pedido de cooperação por parte da Polícia Federal Brasileira durante uma das reuniões que teve em Lisboa com Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária.
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A Polícia Judiciária (PJ) de Portugal está a cruzar dados com a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) para encontrar a ex-diretora da rede de lojas Americanas, Anna Christina Ramos Saicali, que viajou para Portugal segundo a imprensa brasileira.

A PJ respondeu afirmativamente a um pedido de cooperação por parte da Polícia Federal Brasileira durante uma das reuniões que teve em Lisboa com Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária, adianta O Globo.

O endereço de um prédio que teria sido fornecido pela foragida, onde funciona um escritório de advocacia brasileiro com filial portuguesa, será certamente um dos locais investigados.

Recorde-se os cidadãos brasileiros não necessitam de visto para entrar na Europa, pois têm acordo de reciprocidade com todos os países do espaço Schengen.

No caso de pretenderem trabalhar na Europa, precisam de visto prévio dos consulados, mas em Portugal aplica-se o acordo da CPLP. 

Caso tivesse pedido visto o consulado teria sido disparado um alerta no consulado, por estar na lista de pessoas procuradas pela Interpol. O mesmo aconteceria ao chegar ao controlo fronteiriço, o que faria com que fosse imediatamente detida.  

Se Anna Saicali entrou em Portugal, foi porque houve um erro ou porque o alerta da Interpol ainda não tinha sido introduzido, explicou ao DN fonte policial conhecedora dos procedimentos.

A ex-diretora da Americanas, que teve ordem de prisão decretada esta quinta-feira pela Justiça, terá deixado o Brasil no passado dia 15 rumo a Portugal.  

A Polícia Federal comunicou esta quinta-feira que dois ex-diretores do grupo Americanas, investigados no âmbito da Operação Disclosure, foram incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol, a polícia internacional. 

O escândalo eclodiu no ano passado, quando a rede de lojas Americanas anunciou que, em 2022, registou prejuízos de 12,9 mil milhões de reais (2,2 mil milhões de euros), mais 107% que em 2021.

A direção foi destituída e os novos membros admitiram, nas demonstrações financeiras, que a empresa foi alvo de "fraude sofisticada" por parte da antiga administração, com "manipulação intencional de seus controlos internos".

A fraude nas lojas Americanas terá ascendido a cerca de 25,3 mil milhões de reais (4,36 mil milhões de euros), de acordo com a autoridade policial.

Na operação, cerca de 80 polícias federais tentaram cumprir dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores das Americanas, localizadas no Rio de Janeiro.

Além disso, a Justiça Federal brasileira determinou o sequestro de bens e valores destes ex-diretores.

Segundo as investigações, que contam com a colaboração da atual direção da Americanas, os suspeitos praticaram fraudes contabilísticas relacionadas com operações de risco sacado (operação na qual a empresa consegue antecipar o pagamento a fornecedores através de empréstimo bancário).

Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que consistem em incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas que neste caso nunca existiram.

A investigação revelou ainda, de acordo com a polícia brasileira, fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, associação criminosa branqueamento de dinheiro.

Ex-presidente da Americanas detido em Madrid

O ex-presidente da Americanas Miguel Gutiérrez foi detido em Madrid, informou esta sexta-feira a Polícia Federal Brasileira.

"Confirmamos a sua detenção", indicou a Polícia Federal num e-mail enviado à AFP, sem dar detalhes sobre a possível extradição de Gutiérrez, que tem dupla nacionalidade brasileira e espanhola e que estava incluído na Difusão Vermelha da Interpol.

Miguel Gutiérrez foi presidente do grupo entre 2003 e 2022.

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