Aumentou de 1,6% para 6,5% a percentagem de professores com habilitação própria (sem diploma de ensino) entre os anos letivos 2014/2015 e 2022/2023. Os dados constam do Relatório anual da OCDE Education at a Glance 2025, divulgado esta terça-feira (9 de setembro) ontem. O documento sublinha ainda a média elevada de idade dos docentes: mais de metade tem mais de 50 anos. O relatório do ano passado já alertava para esta realidade e recomendava a valorização da carreira e dos salários dos professores para fazer contornar a escassez de profissionais. O documento ontem divulgado reitera essa necessidade. “Salários competitivos podem tornar a profissão docente mais atrativa”, pode ler-se.A OCDE Education at a Glance adianta ainda que os professores profissionalizados ganham mais que outros diplomados do ensino superior, mas perderam poder de compra. Portugal é mesmo um dos 38 Estados-membros onde os docentes ganham, em média, mais do que outros diplomados. Mas, segundo a OCDE, há uma explicação. “A percentagem de professores com mais de 50 anos aumentou significativamente em Portugal (de 31% em 2013 para 56% em 2023) e, consequentemente, uma grande parte dos professores pode estar mais próxima do topo da carreira”, explica o relatório. A perda de poder de compra é, segundo aquele organismo, um dos problemas da profissão e, neste ponto, os professores portugueses são mais penalizados. O salário médio de um professor aumentou 14,6%, mas no nosso país, diminuiu 1,8%. Em 2024 (ano em que incide o estudo divulgado), o salário real de um professor com 15 anos de experiência tinha caído 4%, em comparação com o ano de 2015. Um dado ainda mais expressivo para os docentes em início de carreira, com a queda de 10% do poder de compra.Quase metade dos adultos portugueses só consegue compreender textos curtos e simplesSegundo o relatório da OCDE, quatro em dez portugueses entre os 25 e 64 anos só conseguem compreender textos simples e curtos. O documento aponta Portugal como estando entre os países com níveis mais baixos de proficiência em literacia, sendo apenas o Chile (57%) o país com piores resultados. Os números são expressivos: 46% dos portugueses (entre os 25 e 64 anos) enfrentam muitas dificuldades na interpretação de textos, conseguindo entender apenas textos muito curtos e com pouca informação relevante.Outro dado mostra Portugal abaixo da média da generalidade dos países da OCDE. Quase 40% dos adultos não tinham concluído, até 2024, o Ensino Secundário. A percentagem é o dobro da média da OCDE. Contudo, há progressos no acesso ao Ensino Superior e nas taxas de aprovação, com 43% dos jovens adultos (entre 25 e 34 anos) a serem detentores de um diploma universitário, embora ainda se encontre abaixo da média.No discurso da Secretária de Estado do Ensino Superior, Cláudia Sarrico, no decorrer da apresentação do relatório OCDE Education at a Glance 2025, a governante sublinhou que cerca de “um quinto dos adultos com apenas o Ensino Secundário podem estar preparados para frequentar o Ensino Superior”. “Atrair esta população de adultos mais velhos representa um desafio estratégico para o futuro do sistema em Portugal. Para alcançar a meta dos 50% em 2030, temos também de garantir equidade de oportunidades”, afirma. Para Cláudia Sarrico “a ação social ainda não é totalmente eficaz”. “Cerca de 3/4 dos estudantes bolseiros recebem apenas a bolsa mínima, devido ao alargamento sucessivo do limiar de elegibilidade sem ajustamentos nas regras; muitos alunos elegíveis não se candidatam por desconhecimento”, avança. Por isso, afirma ser “essencial caminhar para um sistema mais transparente, previsível e harmonizado com outros apoios sociais, em que a atribuição de bolsas seja verdadeiramente automática para os alunos de mais baixo rendimento”. “O Governo está a trabalhar para apresentar um novo regulamento de atribuição de bolsas até ao final do ano, para entrar em vigor no ano letivo 2026/27. Porque ninguém deve ficar de fora do Ensino Superior por razões financeiras”, conclui.