Pais e diretores satisfeitos com provas do 9.º ano em papel
Após muita contestação às provas digitais, o novo Governo reverteu a decisão e os exames finais de 9.º ano serão realizadas em papel e não em formato digital. Já as provas de aferição mantém o formato digital. A decisão foi anunciada ontem pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação. Pais e diretores aplaudem a decisão do novo Governo sem descartar a transição digital.
“Temos situações onde realmente existem condições para a realização dos exames de formato digital, contudo, em muitos locais e para muitos alunos, não estão reunidas na totalidade do país essas condições, nomeadamente infraestruturas, kits informáticos, etc”, afirma Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), ao DN.
Já Filinto Lima destaca que esta foi uma decisão acertada. “Foi a primeira decisão deste Ministério da Educação e foi acertada. De facto as provas este ano, a título excecional, virão a ser realizadas em papel porque sabíamos, e agora temos confirmação dos números da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), de que neste momento mais de 13 mil alunos não tem acesso ao kit digital. Isso iria violar os princípios da igualdade e equidade”, afirma o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP). Segundo a DGEstE, 13.639 alunos do 9.º ano não receberam o kit digital do Ministério que incluía portátil, pen de dados e acessórios”.
Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), destaca que não são contra a transição digital, apenas contra as situações de desigualdade que a falta de equipamentos pode causar. “Éramos contra os alunos do nono ano, em situações de desigualdade, partissem para fazer um exame digital que tinha valor certificativo para eles. E, portanto, o ministério foi sensível a esses nossos argumentos e decidiu que os exames voltam ao papel. Parece-me uma decisão sensata e baseada naquilo que todos nós dissemos, as escolas”, diz.
A decisão do Ministério da Educação, Ciência e Inovação foi tomada com base em três critérios. Em primeiro lugar, o ministério afirma defender a autonomia das escolas e a sua capacidade de avaliar a ausência de condições adequadas para a realização de provas em formato digital. Em segundo lugar, definiu a equidade “como eixo prioritário da sua política educativa”, e por isso, considera que é necessário garantir que todos os alunos realizam as provas em condições de equidade, não podendo o Ministério ignorar os riscos de penalização dos alunos de contextos mais desfavorecidos. Finalmente, o Governo “acredita na importância da avaliação como ferramenta imprescindível de diagnóstico, monitorização e melhoria contínua do sistema educativo, sabendo que o seu valor e credibilidade da avaliação dependem de uma aplicação em contexto de serenidade, previsibilidade e ausência de perturbações externas que prejudiquem o desempenho dos alunos”.
Segundo o Governo, esta é uma solução excecional e que no próximo ano letivo serão tomadas medidas, em articulação com escolas e autarquias, para os estudantes reunirem as capacidades para realizar provas em formato digital.