O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes
O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes

Ordem dos Médicos exige correções no sistema de resposta às listas de espera

Anúncio de Carlos Cortes surge na sequência de várias notícias veiculadas esta semana sobre alegados “desvios éticos” no Serviço Nacional de Saúde.
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A Ordem dos Médicos (OM) vai pedir formalmente ao Ministério da Saúde para participar no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), exigindo correções, anunciou esta sexta-feira o bastonário.

O anúncio de Carlos Cortes surge na sequência de várias notícias veiculadas esta semana sobre alegados “desvios éticos” no Serviço Nacional de Saúde (SNS), como o caso do dermatologista, da unidade local de saúde (ULS) Santa Maria, em Lisboa, que terá recebido 51 mil euros em apenas um dia de trabalho a realizar cirurgias.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes
Caso de dermatologista. Direção Executiva do SNS diz que controlo destas situações cabe a cada hospital

“A Ordem dos Médicos vai remeter um novo documento ao Ministério da Saúde e à ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] e pedir formalmente a nossa participação integral no sistema de resposta às listas de espera. Exigimos as correções que se impõem, mas assumimos também o nosso papel na construção das soluções”, afirmou.

Segundo o bastonário, o SNS é um “património coletivo que importa preservar, valorizar e fortalecer” e “não é aceitável” que os episódios da última semana “obscureçam o valor, a entrega e a honra dos médicos”.

Carlos Cortes recordou que alertou a ACSS e o Ministério da Saúde, num ofício remetido em 11 de junho de 2024, para incongruências, perda de informação, disparidades nos valores dos atos cirúrgicos, que têm sido sinalizadas à tutela pelo menos desde 2019.

“Se os alertas da OM tivessem sido considerados, hoje não estaríamos seguramente nesta situação. Os programas do combate às listas de espera de cirurgia e consultas são absolutamente essenciais para as respostas às necessidades dos doentes e devem ser mantidos”, ressalvou.

Para isso, o responsável enumerou cinco pontos a serem considerados para “uma mudança profunda” do SIGIC, como verificações independentes que assegurem que os atos médicos registados correspondem à realidade clínica, sistemas de alerta centralizados na Direção-Executiva do SNS, controlo externo regular e relatórios públicos de auditorias, avaliação rigorosa dos resultados produzidos com indicadores de efetividade clínica e inclusão formal da OM em todo o processo.

“A exclusão sistemática da OM nestes processos, desde sempre, é estranha e não tem qualquer justificação. Afastar das decisões quem melhor conhece a realidade clínica é desperdiçar conhecimento e assumir riscos desnecessários cujas consequências estão à vista”, acrescentou.

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