Ómicron obriga a reforço de testes a todos os contactos de infetados
Portugal já tem 13 casos de infeção da nova variante. Para evitar a sua propagação testagem aos contactos começa no primeiro dia de diagnóstico do caso infetado. DGS confirmou ao DN que medida é temporária e que pode cessar assim que saiba mais sobre esta nova variante.
A nova variante, Ómicron, já levou a alterações na metodologia da testagem em Portugal. Até agora, a regra era testar os contactos de alto risco de um infetado ao 5.º e ao 10.º dia, mas a nova variante já fez com que tal fosse alterado. A testagem aos contactos de um infetado vai ser feita logo ao primeiro dia do diagnóstico. Foi assim nos jogadores e no staff da Belenenses SAD, onde ontem foram diagnosticados os primeiros casos positivos à Ómicron em Portugal (13 no total). E será assim a todos os contactos de infetados com esta nova variante.
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Segundo confirmou ao DN fonte do gabinete de comunicação da Direção-Geral da Saúde, "a medida é temporária e aplicada quando são identificados casos de uma nova variante", podendo "cessar assim que se conheçam melhor as características da Ómicron".
Recorde-se que a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, em declarações ontem à rádio TSF, alertava para o facto de esta nova variante exigir uma testagem mais rigorosa", obrigando desta forma à realização de mais testes com o objetivo de se quebrar as cadeias de transmissão o mais rápido possível, já que, neste momento, todos os dados disponíveis indicam que esta variante tem maior grau de transmissibilidade do que a Delta, embora menos graves.
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O certo é que o aparecimento desta nova variante deixou as autoridades mundiais preocupadas. De tal forma que levou a uma reunião de emergência dos sete países mais poderosos do mundo (G7), em Londres, que já pediram "ação urgente" face a um risco global que a Organização Mundial de Saúde classificou de "muito alto".
"A comunidade internacional enfrenta a ameaça de uma nova variante altamente contagiosa da covid-19, que requer uma ação urgente", consideraram os ministros da Saúde do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), num comunicado divulgado após a reunião. Os ministros saudaram ainda o "trabalho exemplar da África do Sul, que conseguiu detetar a variante e alertar os outros" países, vendo depois grande parte da comunidade internacional cortar ligações aéreas com a África Austral.
Os países do G7 "reconheceram a pertinência estratégica de assegurar o acesso às vacinas" a todos os países, "preparando" os países para receberem carregamentos de doses, fornecendo-lhes "assistência operacional, dando seguimento aos seus compromissos em matéria de doações e combatendo a desinformação sobre as vacinas, bem como apoiando a investigação e o desenvolvimento". O grupo do G7 comprometeu-se ainda "a continuar a trabalhar em colaboração com a OMS e parceiros internacionais para partilhar informação e vigiar a Ómicron", voltando a reunir em dezembro para avaliar o desenvolvimento da nova variante e ponderar eventuais novas ações.
Mas antes da reunião do G7, já a OMS alertava para o facto de "pode haver novas ondas de covid-19 com consequências graves, dependendo de muitos fatores, como os locais onde essas ondas ocorrem". Perante estes riscos, a OMS pede aos estados-membros que tomem medidas prioritárias, como "acelerar a vacinação contra a covid-19 o mais rápido possível, especialmente entre a população de risco que permanece não vacinada".
Mais nenhum caso suspeito em Portugal
O investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), João Paulo Gomes, assegurou ontem que não existe em Portugal, até ao momento, nenhum outro caso suspeito da se tratar da nova variante Ómicron, para além dos 13 elementos ligados à equipa de futebol e respetivo staff da Belenenses SAD. "Tudo estará associado a um contacto com um deles, que terá estado na África do Sul a meio do mês e terá vindo infetado", esclareceu.
Apesar da Ómicron ter feito disparar de novo os alarmes em relação à evolução da pandemia, o microbiologista João Paulo Gomes apelou à calma em relação à nova variante do coronavírus, afirmando que são precisos dados consistentes para se tirar uma "conclusão mais séria" sobre o seu impacto.
Para o investigador, devia ter havido "um pouco mais de prudência" por parte da OMS, uma vez que ainda não há dados que digam que esta variante é mais severa: "Estamos a falar de casos com duas, três semanas em todo o mundo, portanto, ela terá ainda uma circulação muitíssimo residual".
Na União Europeia, até ao meio-dia de ontem tinham sido notificados 33 casos da variante Ómicron do SARS-CoV-,2 segundo dados divulgados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), em países como Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, Alemanha, Itália e Holanda, a que juntou Espanha durante a tarde.
Entretanto, as farmacêuticas Pfizer e Moderna já avançaram que vão iniciar testes para a atualização das respetivas vacinas à ameaça da variante Ómicron. Com agências
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