O primeiro eclipse solar do ano acontece este sábado. E pode ser visto em Portugal
Pedro Granadeiro/Arquivo Global Imagens

O primeiro eclipse solar do ano acontece este sábado. E pode ser visto em Portugal

Durante cerca de duas horas na manhã deste sábado, o Sol vai estar parcialmente coberto pela Lua, como se tivesse levado uma dentada. Mas lembre-se: nunca deve olhar diretamente para o sol.
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Quando forem 9.16 deste sábado, começa a ser visível em território português o primeiro eclipse solar do ano. Será a ilha Selvagem Pequena, a sudeste da Madeira, o primeiro ponto de Portugal atravessado por este fenómeno astronómico, com o último resquício visual da Lua entreposta entre o Sol e a Terra a ser visto em Alto dos Coriscos, no nordeste transmontano, pelas 11.36. Mas não se esqueça: por muito tentador que seja observar o fenómeno, não deve nunca olhar diretamente para o sol para tentar ver o eclipse, pois isso pode provocar consequências graves à visão.

 Que tipo de eclipse é este?

O acontecimento deste sábado trata-se de um eclipse solar parcial - ou seja, em nenhum momento o Sol será completamente tapado pela Lua para quem observa desde a Terra, pois os três astros não ficarão perfeitamente alinhados. No máximo, o Sol parecer-se-á com uma bolacha que levou uma dentada.

 Existem outros dois tipos de eclipses solares: total, quando a Lua cobre completamente o Sol; e anular, quando a Lua cobre o centro do Sol mas se encontra no ponto mais distante da Terra, levando a que em seu redor se veja a luz das bordas externas do Sol, numa espécie de “anel de fogo”.

Há também um eclipse híbrido raro que é uma combinação de um eclipse anular e total.

Onde será visível o eclipse?

Será visível por menos de 10 por cento da população mundial (cerca de 814 milhões de pessoas), numa faixa geográfica que abrange praticamente toda a Europa, além de partes do Norte da Ásia, Noroeste de África, grande parte da América do Norte, Norte da América do Sul, o Atlântico e o Ártico.

Quando começa?

A Lua começará a ocultar parte do Sol no meio do Atlântico Norte, ao amanhecer, por volta das 8.50 de Portugal, e terminará quatro horas depois numa área da Sibéria onde já estará prestes a escurecer.

Em Portugal o fenómeno será visível ao longo de cerca de duas horas, durante a manhã, entre as 9.16 (Selvagem Pequena) e as 11.36 (Alto dos Coriscos, Trás-os-Montes). 

Onde é que o eclipse será maior?

Será no nordeste do Canadá, na área de Nunavik, a norte do Quebec, que o eclipse solar parcial atingirá maior dimensão, com cerca de 90% do Sol tapado pela Lua. 

Em Portugal, a extensão máxima do eclipse varia ao longo do território. Segundo informação disponibilizada na página Timeanddate.com, variará entre os 22,37% em Faro, os 26,54% em Lisboa, 27,44% em Coimbra, 28,37% em Aveiro, 28,99% no Porto, 29,25% em Braga.

Mais significativo será o fenómeno nos Açores, onde mais de metade do Sol ficará escondido pela passagem da Lua - até cerca de 65% no grupo Ocidental.

Porque é que não se pode olhar diretamente para o Sol?

Como lembra a página online do Planetário do Porto, “ao contrário do que acontece com um eclipse de Lua, para observar um eclipse do Sol é sempre necessário equipamento especializado! NUNCA se deve olhar diretamente para o Sol – nem a olho nu, nem com óculos escuros, muito menos com equipamentos que possam focar a luz, como binóculos ou telescópios”

 Mesmo que apenas uma pequena parte do disco solar seja visível, ele continua a emitir uma luz extremamente intensa, que, juntamente com os poderosos raios ultravioleta e infravermelhos, pode causar danos sérios e irreversíveis aos olhos. Um dos danos mais graves causados por essa exposição é a retinopatia solar, com a destruição das células fotorreceptoras da retina.

 Que tipo de proteção usar nos olhos?

Recorrendo de novo à informação no site do Planetário do Porto: “É SEMPRE necessário usar filtros especiais, que bloqueiam a maior parte da luz do Sol, de modo a não ficarmos cegos. Radiografias, papel de alumínio, antigas disquetes, vidro obscurecido/fosco ou máscaras de soldador NÃO SÃO filtros adequados para observar o Sol.”

 A única maneira segura de olhar para o Sol a qualquer momento durante um eclipse é usar óculos ou filtros especialmente aprovados para a observação destes fenómenos. Os óculos aprovados devem ter impresso o número do regulamento que define os requisitos de segurança, ISO 12312-2, e também o logotipo da certificação europeia (CE). Mas mesmo com proteção adequada, não se deve olhar para o Sol por um período prolongado.

Uma forma segura de observar o eclipse é participar nas sessões de observação promovidas por vários espaços de divulgação de ciência e astronomia, como o Planetário do Porto ou alguns centros de Ciência Viva.

Ou, em alternativa, seguir a transmissão online.

Gustavo Bom / Arquivo Global Imagens

Há algum eclipse solar que possamos observar sem proteção nos olhos?

Durante um eclipse parcial, nunca. No eclipse total só é seguro olhar a olho nu no momento em que a ocultação solar atinge os 100%. Antes ou depois disso, qualquer fração do sol, por ínfima que seja, pode danificar a visão.

Com que frequência ocorrem os eclipses solares?

Há entre dois e cinco eclipses solares por ano, cada um visível apenas numa área limitada do globo terrestre. A maioria dos anos do calendário tem dois eclipses solares e é muito raro atingir o número máximo de eclipses solares no mesmo ano. De acordo com cálculos da NASA, apenas 25 anos nos últimos 5.000 tiveram cinco eclipses solares, tendo a última vez ocorrido em 1935. A próxima vez será em 2206.

Vai haver mais eclipses este ano?

Este ano haverá mais um eclipse solar parcial, em 21 de setembro, mas será visível apenas em partes do hemisfério sul. Também haverá um eclipse total da Lua, em 7-8 de setembro.

Haverá eclipses totais do Sol num futuro próximo?

Nos próximos três anos estão previstos eclipses totais do Sol, um a cada ano. Em 2026 esse fenómeno vai mesmo poder ser visível em Portugal, num cantinho do distrito de Bragança – no resto do país a visão será apenas parcial, mas acima dos 90%, deixando apenas uma pequena porção do sol a descoberto. Em 2027 o eclipse total será observado na Península Ibérica numa parte sul de Espanha (Jerez, Málaga…), sobre o estreito de Gibraltar. Já em 2028 será apenas visível no hemisfério Sul. Nesse ano, no entanto, haverá também um eclipse solar anular, observável no sul de Portugal e na Madeira.

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