Farol do Cabo de São Vicente, em Sagres.
Farol do Cabo de São Vicente, em Sagres.Juvenália de Oliveira

O esplendor de Portugal em fotos

Tudo começou com o desafio da Sociedade Histórica da Independência de Portugal aos fotógrafos, profissionais e amadores, de todo o país: Mostrar o melhor das nossas paisagens. A resposta foi entusiástica, como se pode ver agora no livro "O mais belo álbum de Portugal".
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A viagem começa num Outono verde e dourado nos Açores e prossegue, em crescendo de tom, pela diversidade da paisagem portuguesa: o esplendor vulcânico do Pico, o ouro do Douro vinhateiro, o canhão da Nazaré, a planura alentejana, sem esquecer a capital e os seus segredos. Esta é a proposta do livro O mais belo álbum de Portugal (edição Principia, com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal), que leva à laia de subtítulo a inscrição “Vistas a perder de vista, lugares a nunca esquecer, gente como nós”.

Aqui se reúnem obras de fotógrafos de perfis muito diversos, como nos diz o coordenador da edição e da iniciativa, José Ribeiro e Castro, presidente da direção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal “Temos autores de várias idades, fotógrafos profissionais e amadores.” Entre eles, o próprio coordenador, mas também nomes conhecidos da fotografia como António Homem Cardoso, Rui Ochoa ou Luiz Carvalho, devidamente acompanhados por dezenas de outros que nos desafiam a olhar com renovada atenção para o que, afinal, nos é próximo. Como explica o coordenador: “São 161 fotografias selecionadas de entre as 910 publicadas uma por dia, entre 1 de Fevereiro de 2021 e 31 de Julho de 2023 na página Instagram da Sociedade Histórica Independência de Portugal (@sociedade_historica) e replicadas em páginas Facebook”. E acrescenta: “A viagem a que chamámos aventura, volta, navegação e outras galas, é a ilustração de uma ideia simples que defendemos na Sociedade Histórica, o que mais temos de fazer é gostar de Portugal, gostar muito de Portugal.”

Nesta excursão de afetos segue um convidado de excelência, Alberto Caeiro, heterónimo de Pessoa. Não se trata tanto de legendar as fotografias, e muito menos de as explicar (até porque não carecem desse esforço), mas de comentar o que ali nos é dado a ver. Como escreve Ribeiro e Castro (apaixonado leitor de Caeiro) no prefácio do volume: “Às vezes parece estar a narrá-las, outras a conversar ao lado, naquela escrita bucólica ou de filósofo anti-filósofo, que interpela ou desconcerta.”

Sigamos, pois, volume fora como se fora uma estrada nacional, em dia sem pressas: Ante um dragoeiro centenário na cidade da Horta, na ilha açoriana do Faial, “diz” Caeiro. “Saúdo todos os que me lerem/Tirando-lhes o chapéu largo.” (De O Guardador de Rebanhos). Uma panorâmica da serra do Açor? “Como um grande borrão sujo/O sol-ido demora-se nas nuvens que ficam”. E ante a urbana paisagem do Parque das Nações, o que se lhe oferece dizer, senhor Caeiro, imaginado por Pessoa como poeta sem métrica nem “vício de pensar”? “Está alta no céu a lua e é primavera/Penso em ti e dentro de mim estou completo.” (De O Pastor Amoroso). 
Se estas 161 fotografias lhe souberem a pouco (os responsáveis pela edição admitem o embaraço da escolha) basta passar pela conta de Instagram @sociedade_historica. Estão lá moinhos de vento, rebanhos e seus pastores, praias a perder de vista. Se continuarmos na companhia de Caeiro, pedir-lhe-emos um verso. É bem possível que saia este: “Sinto-me recém-nascido a cada momento/Para a novidade do mundo” (De The Last Poem).

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